Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2019 | Page 14
Effect of different doses of super-
vised exercise on food intake,
metabolism, and non-exercise
physical activity: The E-MECHA-
NIC randomized controlled trial
Este artigo publicado recentemente
tem conclusões muito curiosas e a
permissividade compensatória é
mais uma vez constatada neste
estudo. Incluiu 171 adultos
sedentários (72,5% mulheres;
IMC=31,5±4,7 kg/m 2 ), obesos e com
excesso de peso, que participaram
num programa de 24 semanas de
duração: 1 grupo de controlo (GC) e
2 grupos que faziam exercício físico
(tapete rolante ou bicicleta estacio-
nária), supervisionado, 3 vezes /
semana. Um grupo exercitou-se
gastando 8 calorias/kg de peso/
semana, cerca de 700 cal/semana
(G1), e o outro gastou 20 calorias/kg
de peso/semana, cerca de 1760 cal/
semana (G2). Todos usaram
monitores de atividade e periodica-
mente as taxas metabólicas basais
(TMB), a ingestão energética e a
aptidão física foram avaliadas. Não
houve restrições na ingestão
alimentar diária. No final os
resultados foram interessantes.
Como seria de esperar, os do GC não
tiveram alterações nas avaliações
(peso e TMB). A aparente surpresa
foi que 2/3 do G1 e 90% no G2
perderam menos peso que o
expectável, e não foi porque se
movessem menos ao longo do dia:
os sujeitos do G1 e do G2 estavam a
comer mais, ingeriam calorias extra
(90 cal/d no G1 e 125 cal/d no G2).
Ou seja: compensaram o gasto
energético extra do exercício pelo
consumo alimentar extra quoti-
diano. Alguns referiram, inclusiva-
mente, que um mau hábito de vida
(comer em excesso) poderia ser
compensado por um bom hábito de
vida (exercício físico). É importante
informar as pessoas que se querem
perder peso com a prática de
exercício físico devem ter atenção
ao que comem, controlar o apetite
extra, e evitarem comer “aquele
pastel de nata” só porque acabaram
de sair do ginásio.
1Corby K Martin et al. The American
Journal of Clinical Nutrition, junho 2019
nqz054, https://doi.org/10.1093/ajcn/
nqz054
12 setembro 2019 www.revdesportiva.pt
movimento, do gesto associado à dor,
da flexibilidade e da força muscular
de toda a cadeia, nomeadamente
coluna lombar, torácica e ombros,
bem como do padrão de recrutamento
muscular dos grupos musculares. 10
Cada vez mais, com a progressiva
exigência das várias modalidades
desportivas, e em particular da ginás-
tica, torna-se fundamental o reco-
nhecimento e tratamento precoce da
lombalgia. De entre várias estratégias
de prevenção, destacam-se a neces-
sidade de monitorizar erros relacio-
nados com postura, desequilíbrios de
força muscular entre os diferentes
segmentos, assim como a lateralidade
do atleta. A alimentação e o repouso
são também essenciais, juntamente
com o treino individualizado, com boa
gestão de treino e adequada progres-
são de cargas, com especial cuidado
na fase de crescimento pelo maior
risco de lesões e maior incidência de
lombalgia. O incentivo ao treino de
flexibilidade ativa e não apenas pas-
siva, com treino de flexibilidade dire-
cionado para a função concomitante,
com treino de força para a execução
da mesma, são elementos cruciais do
programa de rastreio e de prevenção
apresentado (imagens).
Conclusão
A intervenção precoce através
estratégias de avaliação e prevenção,
quer de lesões traumáticas, quer de
patologia degenerativa, são funda-
mentais para a correta abordagem
da patologia lombar no ginasta.
Após exclusão de patologia do foro
traumático ou degenerativo, a ava-
liação do atleta deve ser funcional
e focada na flexibilidade e força. A
flexibilidade é essencial, devendo-se
perceber se esta é inata ao atleta ou
adquirida no treino, sendo que deve-
-se preservar o equilíbrio de ambas.
O treino de flexibilidade de ombros e
da coluna torácica diminuiu a carga
na coluna lombar e por isso deve
estar incluído em programas de pre-
venção da lombalgia. Por outro lado,
a força é essencial e deve ser sempre
associada a estabilidade da cintura
pélvica, do core e dos membros.
Os ginastas são flexíveis e fortes,
contudo é o equilíbrio entre estas
duas características que deve ser
prioritário, e assim a avaliação e
a reabilitação do ginasta devem
incluir a avaliação biomecânica com
alteração de gesto, fortalecimento
muscular com treino neuromuscular
e propriocetivo.
O repouso relativo e a modificação
da atividade poderão também ser
necessárias, constituindo um desafio
para toda a equipa, devendo os pro-
fissionais envolvidos no desporto dis-
tinguir as situações de risco de outras
potencialmente reversíveis. Parar
poderá ser uma medida confortável
a tomar, mas nem sempre é a melhor
estratégia, devendo ser criadas solu-
ções alternativas e integrar programas
de prevenção de lesões nas diferentes
fases do treino e competiçao. 3
Os autores negam qualquer conflito de
interesses
Correspondência: ana.ursula.cm@gmail.
com
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