jovens e em zonas periféricas , uma vez que o sucesso da sutura está fortemente influenciado pela presença de vascularização . Na tentativa de preservar ao máximo os meniscos , cada vez mais são tentadas suturas mesmo em zonas de menor vascularização , sendo , no entanto , de prever falência nesses casos . Outro fator a considerar é a necessidade de reconstrução concomitante do ligamento cruzado anterior , uma vez que nestes casos o prognóstico da sutura é muito superior .
O maior inconveniente da sutura meniscal é o maior tempo de recuperação ( cerca de quatro meses ) em comparação com a meniscectomia ( cerca de um mês ), mantendo risco importante de falência mesmo após esse período prolongado de suspensão da prática desportiva . Assim , na decisão da melhor opção de tratamento no atleta , para além dos fatores biológicos , terão de ser tidos em conta vários outros fatores – influência do treinador / empresário , fase da carreira , contrato ou época , entre outros .
Em doentes relativamente jovens após meniscectomias extensas , o transplante meniscal poderá ser considerado . No entanto , apesar do seu elevado custo , os meniscos sintéticos não têm apresentado bons resultados a longo prazo e alguns estudos apontam para que o transplante meniscal com aloenxerto possa despoletar uma reação imunológica que acelera a artrose . As matrizes celulares ( scaffolds ) estão a ser alvo de investigação e poderão constituir o futuro da substituição meniscal . Nos casos em que as alterações degenerativas predominam , outras medidas terapêuticas poderão ser associadas ( infiltração com corticoides , plasma rico em plaquetas , células mesenquimatosas ou viscossuplementação ), com resultados geralmente satisfatórios , mas muito variáveis de estudo para estudo . Ressalve-se que a infiltração com corticoides tem indicação esporádica nos casos de sinovite ou derrame persistente . Por fim , a sobrecarga resultante da meniscectomia geralmente evolui progressivamente para artrose . As osteotomias poderão ser realizadas nos casos de artrose unicompartimental com desvio axial , mas a artroplastia ( unicompartimental ou total ) acaba por ser o destino final de muitos dos joelhos meniscectomizados . Estas cirurgias só deverão ser consideradas após o término da carreira desportiva .
A patologia patelofemoral
Dr . Gonçalo Borges 2 , Dr . José Luís Carvalho 2
1
Hospital da Arrábida – Vila Nova de Gaia
2
Hospital da Prelada – Porto
A dor patelofemoral ( DPF ) ou síndrome da dor patelofemoral caracteriza-se por queixas álgicas localizadas à face anterior do joelho , de instalação insidiosa , exacerbada em condições de aumento do stress patelofemoral , nomeadamente em situações de squatting , subida de escadas e corrida . É um processo crónico de etiologia multidimensional . The 4 th International Patellofemoral Research Retreat definiu DPF como o termo mais adequado . Corresponde a 25 % das queixas de gonalgia em Medicina Desportiva , comum em jovens adolescentes ( prevalência de 7-28 % e incidência de 9.2 %) e mais comum nos corredores de fundo .
O clássico alinhamento rotuliano aberrante e maltracking corresponde a um fator de risco e não o factor de risco . Os fatores de risco anátomo- -funcionais conhecidos são o maltracking rotuliano e / ou hipermobilidade , fraqueza quadricipital , atraso na ativação do músculo vasto medial oblíquo ( VMO ) e inflexibilidade de tecidos moles ( quadricípite femoral , isquiotibiais , gastrocnémio e banda iliotibial ). Do ponto de vista de tecidos moles , a tensão excessiva nos restritores laterais do joelho está habitualmente implicada no maltracking rotuliano . A disfunção por tensão excessiva / encurtamento da banda iliotibial também resulta num tracking rotuliano aberrante e aumento de stress lateral na patelofemoral . O défice de flexibilidade do quadricípite femoral , isquiotibiais e gastrocnémio são fatores de risco . Em cadeia cinética fechada , todo o membro inferior influi no movimento e padrões de stress da patelofemoral . A biomecânica do core , anca , tornozelo e pé é de considerar na etiologia e tratamento da DPF . A disfunção dos músculos da anca , a rotação interna
do fémur e a rotação externa da tíbia são fatores de risco importantes . A fraqueza dos músculos da anca , nomeadamente dos abdutores ( ABD ) e rotadores externos ( RE ), condiciona a subsequente rotação interna do fémur e aumento do stress patelofemoral pela lateralização rotuliana sobre a tróclea . É mais importante o papel de performance neuromuscular no controlo dinâmico da rotação interna do fémur que a força estática dos ABD e RE . A excessiva pronação do pé também predispõe ao aumento do stress patelofemoral . O diagnóstico é clínico . Em ortostatismo , vemos genu varum ou genu valgum , excessiva rotação interna do fémur , Inward-pointing patella ou Squinting patella , fraqueza de ABD e RE da anca , rotação externa da tíbia , valgismo do calcâneo / pé pronado e hiperlaxidão articular . Em pedestação podemos inspecionar o tracking rotuliano , avaliando o J-sign test e o Grasshopper eyes sign . Avaliar sinais inflamatórios , a contração isométrica do VMO , a atrofia ou atraso na ativação VMO em relação ao vasto lateral , avaliação do ângulo Q , Mediolateral glide test , Rabot e Grind test , Tilt rotuliano , ângulo poplíteo , Ober test e Ely test são observações obrigatórias . O tratamento é habitualmente é conservador : agentes físicos para controlo da dor e tratamento fisiátrico , sendo o fortalecimento quadricipital uma pedra basilar . A fraqueza dos ABD e RE da anca é comum , logo o fortalecimento destes músculos chave é fundamental . A ligadura funcional é útil ( a McConnell taping technique – maior benefício e evidência ). As órtóteses rotulianas são importantes na diminuição imediata da dor , mas apresentam benefício duvidoso a longo prazo . Concluindo : a DPF constitui uma causa de gonalgia comum e muitas vezes incapacitante , especialmente em mulheres e corredores , tendo uma origem multifactorial . O sucesso do tratamento depende da compreensão da multiplicidade dos fatores de risco para a patologia , bem como a maneira como se relacionam sinergisticamente entre si . Para além das correções biomecânicas preconizadas , a modificação da atividade até uma zona pain-free é essencial . https :// issuu . com / misericordiadoporto / docs / sindrome _ de _ dor _ patelofemoral _ hp _
Revista de Medicina Desportiva informa Setembro 2017 · 21
jovens e em zonas periféricas, uma
vez que o sucesso da sutura está for-
temente influenciado pela presença
de vascularização. Na tentativa de
preservar ao máximo os meniscos,
cada vez mais são tentadas suturas
mesmo em zonas de menor vas-
cularização, sendo, no entanto, de
prever falência nesses casos. Outro
fator a considerar é a necessidade
de reconstrução concomitante do
ligamento cruzado anterior, uma vez
que nestes casos o prognóstico da
sutura é muito superior.
O maior inconveniente da sutura
meniscal é o maior tempo de recu-
peração (cerca de quatro meses) em
comparação com a meniscectomia
(cerca de um mês), mantendo risco
importante de falência mesmo após
esse período prolongado de suspensão
da prática desportiva. Assim, na deci-
são da melhor opção de tratamento
no atleta, para além dos fatores
biológicos, terão de ser tidos em conta
vários outros fatores – influência do
treinador/empresário, fase da carreira,
contrato ou época, entre outros.
Em doentes relativamente jovens
após meniscectomias extensas, o
transplante meniscal poderá ser con-
siderado. No entanto, apesar do seu
elevado custo, os meniscos sintéticos
não têm apresentado bons resulta-
dos a longo prazo e alguns estudos
apontam para que o transplante
meniscal com aloenxerto possa des-
poletar uma reação imunológica que
acelera a artrose. As matrizes celu-
lares (scaffolds) estão a ser alvo de
investigação e poderão constituir o
futuro da substituição meniscal. Nos
casos em que as alterações degene-
rativas predominam, outras medidas
terapêuticas poderão ser associadas
(infiltração com corticoides, plasma
rico em plaquetas, células mesenqui-
matosas ou viscossuplementação),
com resultados geralmente satisfa-
tórios, mas muito variáveis de estudo
para estudo. Ressalve-se que a infil-
tração com corticoides tem indica-
ção esporádica nos casos de sinovite
ou derrame persistente. Por fim, a
sobrecarga resultante da meniscec-
tomia geralmente evolui progressiva-
mente para artrose. As osteotomias
poderão ser realizadas nos casos de
artrose unicompartimental com des-
vio axial, mas a artroplastia (unicom-
partimental ou total) acaba por ser
o destino final de muitos dos joelhos
meniscectomizados. Estas cirurgias
só deverão ser consideradas após o
término da carreira desportiva.
A patologia patelofemoral
Dr. Gonçalo Borges 2 , Dr.
José Luís Carvalho 2
1
Hospital da Arrábida –
Vila Nova de Gaia
2
Hospital da Prelada –
Porto
A dor patelofemoral (DPF) ou
síndrome da dor patelofemoral
caracteriza-se por queixas álgicas
localizadas à face anterior do joelho,
de instalação insidiosa, exacerbada
em condições de aumento do stress
patelofemoral, nomeadamente em
situações de squatting, subida de
escadas e corrida. É um processo
crónico de etiologia multidimensio-
nal. The 4 th International Patellofemoral
Research Retreat definiu DPF como o
termo mais adequado. Corresponde
a 25% das queixas de gonalgia em
Medicina Desportiva, comum em
jovens adolescentes (prevalência de
7-28% e incidência de 9.2%) e mais
comum nos corredores de fundo.
O clássico alinhamento rotuliano
aberrante e maltracking corresponde
a um fator de risco e não o factor de
risco. Os fatores de risco anátomo-
-funcionais conhecidos são o maltra-
cking rotuliano e/ou hipermobilidade,
fraqueza quadricipital, atraso na
ativação do músculo vasto medial
oblíquo (VMO) e inflexibilidade de
tecidos moles (quadricípite femo-
ral, isquiotibiais, gastrocnémio e
banda iliotibial). Do ponto de vista
de tecidos moles, a tensão excessiva
nos restritores laterais do joelho
está habitualmente implicada no
maltracking rotuliano. A disfunção
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