Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2017 | Page 21

Tabela 1 : Fatores de risco de Tendinopatia do Aquiles 6 , 12-16 Fatores de risco intrínsecos Fatores de risco extrínsecos
Fármacos : corticoides , quinolonas , Sexo : masculino estatinas
Idade avançada
Aumento súbito da intensidade do treino Diminuição da vascularização do tendão Calçado desgastado ou inadequado Degeneração do tendão Fraca flexibilidade gastrocnémio-sóleo
Fatores anatómicos
• Pé cavo ( maior ângulo de inclinação do calcâneo )
• Hiperpronadores ( Rotação interna na tíbia ; Rotação Externa – Joelho – provoca elevada tensão no tendão de Aquiles )
• Excesso de peso
Doenças inflamatórias : ex : Espondilopatias seronegativas
Figura 1 : Avaliação clínica sistematizada do T . Aquiles na zona não-insercional ( lateral , medial e dorsal ), junto às eminências ósseas e junto à inserção .
Figura 2 : Visão técnica de calcaneoplastia endoscópico e resultados intra-operatórios imediatos na redução da tuberosidade posterior do calcâneo
atos sobre as estruturas envolvidas , diminui muito a agressão cirúrgica , diminui as complicações e acelera o retorno à atividade . Contudo , a tendoscopia , calcaneoplastia endoscópica ou outros gestos endoscópicos no tratamento destas patologias deve ser realizado em centros com experiência nesta área .
É fundamental que haja um protocolo de reabilitação adequado
pós-operatório , sobretudo quando o objetivo é o retorno à atividade desportiva de alta competição . O reforço muscular e propriocetivo é adaptado de forma progressiva e personalizada aos objetivos estabelecidos para cada atleta . 19
Bibliografia
Restante Bibliografia em : www . revdesportiva . pt ( A Revista Online )
Reabilitação da entorse tibiotársica
Prof . Doutor João Pinheiro , Dr . João Branco , Dr . Pedro Figueiredo Centro Medicina Física e de Reabilitação Hospitalar de Coimbra
Introdução – Trata-se de uma patologia frequente , com uma incidência diária na comunidade de 1 / 10.000 indivíduos , representando 38-45 % das lesões desportivas e 15-25 % das lesões musculoesqueléticas , sem diferença entre os géneros . Existem relatos na literatura de incidências de 0.02 a 34.83 / 1000 horas de exercício físico ( variável segundo as modalidades ). Tem um forte impacto desportivo , justificando perto de 1 / 6 da interrupção competitiva . A idade e prática de exercício irregular aumentam a suscetibilidade lesional . A entorse ocorre em 90 a 95 % no compartimento lateral , 10 a 30 % apresenta risco de cronicidade e 50 % apresentam potencial risco de recidiva . 1-3
Trata-se de uma patologia com enquadramentos múltiplos e diversos , nomeadamente a diversidade de locais de atendimento ( do hospital … ao campo e balneário ), a heterogeneidade de propostas terapêuticas ( da abstenção à cirurgia ), onde uma opção terapêutica pode determinar um prognóstico estrutural e funcional muito díspar e onde o risco de complicações é valorizável ( no imediato e a longo termo ). Após um traumatismo três opções terapêuticas podem ocorrer : a funcional ( ortótese de estabilização e reabilitação ) / evidência crescente , a ortopédica ( imobilização rígida e reabilitação ) e a cirúrgica ( intervenção e reabilitação ). Os problemas imediatos após a entorse ( 1 .ª semana ) são a dor ( mecânica +++), os déficits de amplitude articular , de força muscular e o propriocetivo , o descondicionamento ao esforço e a deterioração desportiva . As fases de cicatrização tissular compreendem a fase inflamatória ( 3 dias ), a de proliferação precoce ( 4-10 dias ), a de proliferação tardia ( 11-21 dias ) e de remodelação e maturação ( 60-90 e mais dias ). 4 São objetivos dos programas de reabilitação interferir nas diferentes fases do processo terapêutico . Na fase inflamatória ( dias ) com o controlo de dor e inflamação e criando condições de estabilidade para cicatrização tissular . Na fase de cicatrização ( semanas ) com o controlo da dor e inflamação , assegurando a estabilidade estrutural e promovendo a atividade cinesiológica ( força e proprioceção ). Na fase de readaptação ( semanas – meses ) com o controlo da dor e inflamação , com atividade cinesiológica ( força e proprioceção ), com condicionamento ao esforço , ao gesto e à retoma desportiva bem como na prevenção lesional . 5 , 6
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