Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2016 | Page 8
Os Jogos Olímpicos:
Uma Perspetiva Médica
Dr. Basil Ribeiro, V N Gaia
Os Jogos Olímpicos são o maior
acontecimento mundial. Os do Rio
de janeiro decorreram de 5 a 21 de
agosto (Rio2016) e foram, mais uma
vez, extraordinários, como revelam
alguns números:
• Atletas – cerca de 10500
• Modalidades olímpicas – 42
• Países participantes – 205
• Provas – 306
• Arenas – 37.
De Portugal foram 92 aletas,
distribuídos por 16 modalidades.
Depois há a contar com os restantes
elementos das comitivas (logística, treinadores, equipas médicas,
assessores, etc.), o que dará mais
uns milhares de participantes. Os
jornalistas / fotógrafos também
foram em grande número. Milhares
de voluntários participaram nestes
jogos. A segurança e a saúde são
dois dos mais importantes aspetos a
não descurar.
O alojamento foi considerado
como adequado. A Vila Olímpica,
situada na Barra, tem 31 prédios,
com 17 andares cada um, e 3.604
apartamentos com dois, três e
quatro quartos (total de quartos
= 11.152), com a curiosidade das
camas terem dois metros de comprimento. No total são 19 mil camas,
10.650 armários, 120.580 toalhas,
70.200 lençóis e 19 mil edredons.
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A tenda do refeitório é de tal modo
enorme que permitiria o estacionamento de um Boing 747 e acomoda
seis mil lugares sentados.
Os serviços médicos para todos
os participantes foram assegurados
no local das competições (equipa
field on play), na Aldeia Olímpica e
ambiente hospitalar externo contratualizado. Após a assistência, o
atleta ou outro eram assistidos e
depois decidido a eventual evacuação para um nível de atendimento
superior, mais completo e apetrechado. De um modo geral, todas as
delegações tiveram a sua própria
equipa médica de apoio (ver Quadro
com equipa médica portuguesa).
Também estavam disponíveis postos
de atendimento médico para o
público. O transporte para o hospital de referência foi garantido pelas
146 ambulâncias, duas das quais
permanentes junto da Policlínica.
Foram gastos 12 milhões euros na
aquisição e mais 8.5 milhões para a
sua operacionalização. Para o Hospital Vitória eram referenciados os
atletas, ao passo que para o Hospital
Samaritano eram encaminhados os
restantes elementos da família olímpica, os dois localizados na Barra
da Tijuca. Estavam disponíveis 494
camas e 16 salas cirúrgicas.
Um aspeto que mais uma vez
não foi descurado foi a distribuição
de preservativos feitos com latex
da Amazónia. A palavra de ordem,
escrita em três línguas, foi: “Celebre
com a camisinha”. A constatação da
transmissão da SIDA nos JO de Los
Angeles (1984) e Seul (1988) criou
esta prática de distribuição, cujo
número tem vindo a aumentar de
edição para edição: Pequim – 80 mil;
Londres 150 mil e Rio2016 – 450 mil
(350 mil masculinos e 100 mil femininos). Além de máquinas posicionadas
em três locais da Vila, havia distribuidores ambulantes que carregavam
sacos cheios de preservativos.
O médico ortopedista João Granjeiro
foi o Diretor Médico desta grande
organização e pertence à comissão
científica da “Sociedade Brasileira
de Artroscopia e Traumatologia do
Esporte” (SBRATE). Ele é um ex-atleta
que esteve nos JO de Moscovo (1980)
a representar o Brasil na seleção de
voleibol, tendo jogado a alto nível
durante cinco anos É um médico
com larga experiência em JO, pois
iniciou-se em Barcelona (1992),
esteve em Sidnei (2000), para depois