Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2016 | Page 20

contração concêntrica repetitiva dos músculos extensores no antebraço9. Os doentes relatam comummente dor mecânica localizada no epicôndilo lateral ou imediatamente distal a este, diminuição da força de preensão palmar ou dificuldade em segurar objetos. O diagnóstico é clínico e baseia-se na dor referida pelo paciente e reproduzida à palpação dolorosa do epicôndilo lateral, à extensão estática resistida do punho e à pronação resistida. O teste de Cozen é uma manobra resistida de extensão do punho com o cotovelo em extensão, pronação do antebraço e desvio radial do punho; o teste é positivo quando desencadeia dor súbita e intensa sobre a inserção do tendão comum dos extensores10. O aparecimento de fraqueza muscular à extensão do punho pode revelar uma inibição por dor ou então corresponder já a algum grau de atrofia destes músculos. O teste de Cozen A evolução é muitas vezes aleatória, mas autolimitada e em 95% dos casos resolve com tratamento conservador. Apesar da multiplicidade de tratamentos não cirúrgicos descrito para esta entidade, eles apresentam individualmente baixa evidência, não existindo um tratamento padrão11. Nos casos de falência do tratamento conservador, existência concomitante da síndrome do túnel radial, duração dos sintomas superior a 12 meses, infiltração prévia ou cirurgia ortopédica prévia, está indicado o tratamento cirúrgico6. Em termos prognósticos é necessário identificar os fatores intrínsecos associados a esta etiologia e modificar os fatores extrínsecos em causa. Síndrome do túnel radial / síndrome de canal O nervo radial divide-se em dois ramos no cotovelo: um ramo 18 Setembro 2016 www.revdesportiva.pt superficial, puramente sensitivo, e um ramo profundo que inerva a musculatura supino-extensora do antebraço. Esta síndrome refere-se à compressão do nervo radial no túnel radial, uma zona do antebraço que se estende desde a articulação radiocapitelar até ao bordo distal do músculo supinador e que pode ser palpada no terço proximal da face posterior do antebraço entre os músculos braquial e braquioradial12. Há alguma variação na nomenclatura, podendo ser referida como síndrome do nervo interósseo posterior, pois alguns autores designam nervo interósseo posterior ao ramo profundo do nervo radial durante o seu trajeto no túnel radial. Contudo, anatomicamente o nervo interósseo posterior refere-se ao ramo motor do nervo radial após emergir do músculo supinador13 e a síndrome correspondente é puramente motora14. Alguns autores defendem ainda que a síndrome do túnel radial pode ser uma apresentação precoce da síndrome do nervo interósseo posterior15,16. As principais áreas de compressão do nervo radial são a fáscia superficial junto à articulação radiocapitelar, a passagem entre os vasos radiais recorrentes (coleira de Henry), os bordos proximal (arcada de Frohse) e distal do músculo supinador e o bordo medial do músculo curto extensor radial do carpo17,18. O diagnóstico é controverso. Em 1972 Roles e Maudsley19 sugeriram que epicondilites resistentes ao tratamento eram compressões do nervo radial. Atualmente pensa-se que estas duas condições possam coexistir, dificultando o diagnóstico que é essencialmente clínico. A incidência anual da síndrome do túnel radial ronda os 0,003%20 e é mais frequente no género masculino21 e no lado dominante, sendo raramente bilateral22. Clinicamente caracteriza-se por dor no cotovelo e antebraço proximal, mais intensa a cerca de 4cm distalmente ao epicôndilo lateral (contrariamente à epicondilite, cuja dor é mais intensa sobre o epicôndilo lateral) e que agrava à palpação do trajeto do nervo, à tração do nervo (extensão do cotovelo, pronação do antebraço e flexão do punho) e com movimentos ativos resistidos de supinação do antebraço, hiperextensão do punho e extensão do 3º dedo17,23. O doente pode referir agravamento noturno da sintomatologia22. O eletrodiagnóstico geralmente não é útil, uma vez que não avalia a componente nociceptiva do nervo (fibras não mielinizadas grupo IV) e as pequenas fibras mielinizadas (grupo IIA) não apresentam alterahttp://static1.squarespace.com/ static/50c09cd0e4b027d6ed7 ções na condu3ed24/t/54b30c60e4b0a4c43 ção nervosa22. d3af4b2/1421020258947/ A ressonância magnética do cotovelo tem igualmente interesse diagnóstico discutível, embora possa identificar edema, atrofia muscular ao longo do trajeto do nervo ou causas externas de compressão como tumores. O tratamento conservador destina-se ao alívio sintomático e é a primeira opção, embora não tenha evidência comprovada e os resultados sejam inconsistentes22. O tratamento cirúrgico está recomendado na ausência de resultados após três meses de tratamento conservador, com taxas de sucesso que se podem aproximar dos 60-70%14,19. A tendência à recorrência de sintomas é elevada, sobretudo se houver relação com a atividade22. Artropatia radioumeral Instabilidade posterolateral rotatória do cotovelo Esta entidade caracteriza-se pela rotação externa e subluxação posterior do cúbito relativamente à tróclea umeral, devido à perda de integridade do complexo ligamentar lateral do cotovelo24. Estudos biomecânicos demonstram a preponderância do ligamento colateral ulnar lateral na manutenção da congruência articular entre o cúbito e a tróclea25. Surge habitualmente após queda sobre o braço em extensão, com luxação do cotovelo26. Clinicamente caracteriza-se por dor na face lateral do cotovelo, crepitações