Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2012 | Seite 9
qualquer terapêutica.
... e que atitudes
preventivas pode
ter o portador?
Figura 2. Diagnóstico de NCVE
Tem tratamento?
Não há tratamento específico
devendo o mesmo ser orientado pelo
quadro clínico – tratamento convencional da ICC, das manifestações
arrítmicas e a prevenção dos eventos
cardio-embólicos (podendo envolver
tratamento farmacológico, ressincronização, cardioversor-desfibrilhador e em alguns casos transplante
cardíaco). Não está demonstrado
que os indivíduos assintomáticos,
sem disfunção VE, beneficiem de
Resolução e tratamento de fatores
que alteram as
condições de
carga do VE. Estão
descritos casos de
regressão da não
compactação após correção cirúrgica de valvulopatias, tratamento da
dissincronia do VE ou simplesmente
pelo tratamento da IC, designados
como fenotipo “ondulante”. Tendo
em conta o “fundo” genético e a
ocorrência familiar, está indicado o
rastreio de familiares do primeiro
grau de doentes com NCVE.
Quais as recomendações para a
prática desportiva?
É importante realçar algumas particularidades da população desportiva, em que são mais frequentes
as formas assintomáticas, sem
disfunção VE, cuja história natural e
evolução prognóstica, embora ainda
mal conhecidas, são certamente
mais favoráveis.
Por outro lado, a utilização dos
métodos de imagem no diagnóstico
de NCVE apresenta algumas dificuldades, à semelhança de outras
miocardiopatias, com uma “zona
cinzenta” de ambiguidade diagnóstica já referida (figura 3), e que exige
interpretação prudente de forma a
não sobre-diagnosticar e evitar o
impacto dos falsos positivos na vida
pessoal e desportiva do atleta.
Embora não esteja esclarecida
a influência do treino e do exercício físico na história natural da
doença, admite-se o seu potencial
efeito nefasto, podendo acelerar a
expressão fenotípica da doença e
desencadear arritmias ventriculares
malígnas.
O diagnóstico confirmado, ou com
elevado índice de probabilidade, é
uma contra-indicação para a prática
desportiva de competição.
Nos indivíduos assintomáticos,
sem dilatação ou disfunção VE, com
boa capacidade funcional e sem disritmias no ECG de Holter ou na prova
de esforço, poderá considerar-se
aceitável a atividade física de intensidade ligeira a moderada, com caráter
recreativo em modalidades sem
elevada exigência cardiovascular.
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Figura 3. Atleta do sexo M, 17 anos. Assintomático, ECG anormal no exame médico-desportivo. Ecocardiograma com falso tendão vs banda aberrante no apex do VE.
Fez RMC. Inicialmente considerado o diagnóstico de NCVE localizada ao apex. Após 5
anos de follow-up, assintomático, com ECG e Ecocardiograma sobreponíveis, sugerindo
provável falso-positivo.
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