Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2019 | Page 8
Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(6):6-9.
https://doi.org/10.23911/FMUP_2019_11
O que andamos a ler
Nesta rúbrica pretendemos dar notícia de
artigos recentes ou que merecem ser (re)lidos e
comentados. É uma página aberta a todos.
Gearing up for Back to School: The
Basics of Sports Cardiology 1
Dr. Basil Ribeiro
Medicina Desportiva – V N Gaia
Resumo e comentário
Este é um tema recorrente: o regresso
à escola e ao exercício físico e ao
desporto escolar. A perspetiva médica
é sempre orientada para a saúde do
jovem estudante praticante e para a
prevenção de acidentes, traumáticos
ou médicos. Embora rara, a morte
súbita do praticante desportivo
jovem é sempre um acontecimento
dramático e envolvido num conteúdo
emocional muito mais intenso. Não
faz sentido que um jovem morra
a fazer exercício físico, pelo que a
notícia é amplamente divulgada na
imprensa. De um modo geral, a causa
é cardíaca e atinge aqueles atletas
com problemas estruturais ou elétri-
cos, onde a herança genética tem um
peso tremendo.
A primeira questão que o texto
aborda tem a ver com a eventual
competência para realizar esta
avaliação médica, assim como para a
indicação de recomendações espe-
cíficas de participação desportiva.
Depois, em subtítulo, pergunta-se:
“Avaliação pré-participação: quem,
quando, porquê, como?” A resposta
ao ”Why? é óbvia e bem aceite:
“O objetivo da triagem consiste
na identificação de condições que
possam colocar o atleta em risco
não razoável de lesão ou de morte e
6 novembro 2019 www.revdesportiva.pt
potencialmente modificar ou reduzir
este risco.” Ou seja, o objetivo é duplo:
triagem e aconselhamento. Não se
limita a fazer algumas perguntas,
medir a pressão arterial, dizer que
está tudo bem, quando seria neces-
sário, talvez, corrigir alguns dese-
quilíbrios ou défices, orientar para o
exercício ou desporto mais adequado
ou limitar temporariamente a prá-
tica desportiva até que informação
posterior seja fornecida. Parece-me
que para ambos os casos é necessária
formação médica específica para que
seja de facto um médico eficaz.
O texto refere-se ao praticante
desportivo na escola, onde é (deve-
ria ser) necessária esta triagem e
orientação. Discute-se o modo mais
eficaz, rápido e económico de fazer a
pré-avaliação. O Colégio Americano
de Cardiologia (CAC) e a American
Heart Association (AHA) produziram
um instrumento, recomendando 14
questões, destinado a facilitar e a
orientar esta avaliação (Figura 1). 2 As
questões estão divididas em três gru-
pos: história clínica pessoal, história
clínica familiar e exame físico. Como
é referido no rodapé da Figura,
deve haver verificação dos pais em
relação às respostas dadas pelos
estudantes mais jovens. Contudo,
como é discutido no texto, como é
que um “miúdo” sabe a causa de
morte súbita de um avô, por exem-
plo? Saberá dizer se foi por doença
coronária ou outra causa cardíaca?
Deverão ser os pais a preencherem,
mas, outra vez, a mesma questão
deve ser levantada. Refere-se que
se poderá criar alguma confusão, a
qual será resolvida pelo cardiologista,
desportivo de preferência. É uma
altura em que os cardiologistas, os
desportivos em particular, são inva-
didos por muitos jovens portadores
de “alterações”, as quais, na maioria
dos casos, não são impeditivas da
prática do exercício físico. Há assim
o conceito de “falso-positivo”, gera-
dor de ansiedade e consumidor de
recursos. Para justificar estes aspetos,
referem-se resultados de um estudo
que envolveu 3620 estudantes atle-
tas, dos quais 1642 (45,4%) tinham
pelo menos uma resposta positiva
no questionário. 3 Na revisão levada a
cabo por um médico, verificou-se que
50,4% destes não tinham alteração
cardíaca, ao passo que os restantes
necessitaram de investigação poste-
rior. E conclui-se referindo que, por
esta razão, as entidades a American
Academy of Pediatrics, a American Aca-
demy of Family Physicians e o American
College of Sports Medicine recomendam
que este exame médico deva ser
realizado em “consultório” e não em
larga escala nas escolas, nos giná-
sios ou nos pavilhões desportivos.
Um dado curioso, e que apoia esta