Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2019 | Page 30
Estão a ser exploradas outras
indicações em Medicina Desportiva,
nomeadamente a utilização em
pontos gatilho e síndromes miofas-
ciais, na delayed onset muscle soreness
(DOMS), lesão muscular estrutural
e na melhoria da função muscular,
mas a evidência é ainda limitada.
Em conclusão, as OC são eficazes
no tratamento das tendinopatias,
na população em geral e em atletas.
Existe evidência mais robusta na
tendinopatia da coifa calcificada,
fasciite plantar, tendinopatia Aquiles
e epicondilite lateral, mas parece
também ser útil na síndrome dolo-
rosa do grande trocânter e tendino-
patia proximal dos isquiotibiais.
Deve-se utilizar a maior densidade
de fluxo de energia tolerada pelo
doente/atleta, a fim de otimizar os
resultados.
Bibliografia
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7. Liao C, Tsauo J et al. Am J Phys Rehabil Med
(2018)
Dr. João Pedro Oliveira,
Coimbra
Serviço de Ortopedia
dos Hospitais da
Universidade de Coimbra.
Centro Cirúrgico de
Coimbra. Unidade de
Saúde e Performance da
Federação Portuguesa de
Futebol.
Cirurgia do Ligamento Cruzado
Anterior. Abordagem do atleta de
elite.
Não há doentes de 1ª ou de 2ª, mere-
cendo todos o mesmo tratamento
e atenção. Há sim indivíduos que
pela especificidade do seu trabalho
e tempo de carreira merecem uma
atenção diferente. Assim, a cirur-
gia do Ligamento Cruzado Anterior
(LCA) no atleta de elite deve ser indi-
vidualizada e costumizada, devendo
ser abordada numa forma holística
e com base ao retorno à competição
e à manutenção da performance.
28 novembro 2019 www.revdesportiva.pt
Assim, tudo começa pela perceção
da lesão e pela catastrofização da
mesma. Neste processo, há evidên-
cia científica que a atitude positiva e
esclarecida tem impacto na recu-
peração. O aspeto psicológico é um
dos grandes responsáveis pela baixa
percentagem de regresso ao nível
pré-lesional, devendo ser trabalhado
e otimizado desde início. Em termos
cirúrgicos, a cirurgia de reconstrução
ligamentar deve ter por base uma
inserção anatómica do neo-LCA e,
consoante a modalidade despor-
tiva, devemos adaptar a plastia e a
técnica cirúrgica à modalidade e às
características morfológicas indivi-
duais, sendo que é o cirurgião que
se deve adaptar ao individuo e não o
indivíduo se adaptar á técnica pre-
ferencial de reconstrução do cirur-
gião. Se em alta competição são os
pormenores que fazem a diferença,
na cirurgia de reconstrução do LCA
o mesmo se passa. Assim, deve-se
evitar o uso do garrote (pela destrui-
ção muscular/motora que provoca),
realizar-se a correta analgesia (com
o intuito de minimizar a inibição
muscular, evitando-se os bloqueios
loco-regionais), fazer-se a cirurgia o
mais biológica possível (preservação
do neo-LCA; cuidado na perfuração
dos túneis) e, sempre que possível,
preservar-se o menisco (pelas suas
funções como estabilizador secun-
dário do joelho e na preservação
osteoarticular do joelho). No que diz
respeito à reabilitação, esta deve ser
apoiada nos tempos de ligamentiza-
ção e maturação, desaconselhando-
-se reabilitações aceleradas. A
retoma desportiva deve ser realizada
com base em critérios de ordem
funcional, isocinética e de resposta
neuromuscular, devendo ser tanto
mais longo quando mais jovem é o
atleta (9-12 meses). O atleta deve ser
mantido sob vigilância durante os
dois primeiros anos após a cirurgia e
o risco de falência da ligamentoplas-
tia ronda os 7 – 10%. Atualmente,
apesar do regresso desportivo ser
alto (80%), o regresso ao mesmo
nível pré-lesional competitivo
ronda apenas os 55%, isto é, apenas
metade dos atletas de elite voltam a
praticar desporto ao mais alto nível
e com a mesma performance. Por
todo o impacto negativo que este
tipo de lesões apresenta, a aposta
deve ser feita na prevenção.
Prof. Doutor Ricardo
Minhalma
Universidade do Algarve
– ESEC. CIPER – FMH.
CAR VRSA.
Centros de Alto-Rendimento
(CAR VRSAntónio)
Métodos hipóxicos. Monitorização
e gestão do processo
Vivemos numa era em que a apren-
dizagem a partir dos dados é funda-
mental para o sucesso. A aprendiza-
gem analítica em conjunção com a
evolução do hardware e sensores de
última geração, que captam diver-
sos sinais fisiológicos, permitem
a implementação de sistemas de
monitorização e feedback em tempo-
-real. Impera, por isso, a necessidade
de desenvolver plataformas que
possibilitem a recolha eficiente dos
parâmetros fisiológicos de interesse
e que os processem rapidamente.
Estas premissas são essenciais para
que as decisões tomadas acerca do
processo de controlo e planeamento
do treino sejam as mais assertivas.
A mudança dos tradicionais para-
digmas de planeamento e controlo
de treino, que preveem processos
centrados em equipas técnicas mais
reduzidas e pouco apoiados na ciên-
cia, deve ser alterada, passando a ser
um processo no qual estejam impli-
cadas novas estratégias na liderança
e gestão dos processos de controlo do
treino, tal como, a integração de equi-
pas de trabalho multidisciplinares e o
desenvolvimento de políticas de qua-
lidade que assegurem a segurança e
a integridade física dos atletas.
Os programas de Avaliação e Controlo
do Treino e o Programa de Altitude são
o primeiro passo para a implemen-
tação de um sistema de apoio ao
processo de avaliação, planeamento
e controlo do treino que o Centro de
Alto Rendimento de Vila Real de Santo
António (CAR VRSA) visa implementar
para responder às novas tendências
do treino de alto rendimento. O cor-
reto planeamento, individualização
e controlo dos métodos hipóxicos
complementares ao treino aumenta
a probabilidade de sucesso face ao
objetivo final colocado. O Programa de