Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2019 | Page 28

Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(6):26-31. https://doi.org/10.23911/SPMD_2019_11 Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva SPMD Nos dias 18 e 19 de Outubro decorreu no Teatro Municipal de Portimão o 15º Congresso Nacional de Medicina Desportiva da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva (SPMD), com cerca de 120 participantes. O congresso estava integrado no calendário de eventos de “Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019”. Este foi o primeiro evento da SPMD no Algarve, permitindo que os seus associados e todos os profissionais da Medicina Desportiva do Sul do país pudessem usufruir de um evento científico de grande qualidade na sua região. Ao longo de dois dias foi discutido o estado do conhecimento e tendências futuras da Medicina Desportiva, com mais de 40 palestrantes nacionais e internacionais nas sessões do auditório e workshops. Foram sub- metidos 23 resumos, que foram apresentados sob a forma de comunicação oral (estudos originais e casos clínicos) e poster em slides. O vencedor do prémio para o “Melhor Caso Clínico” foi o trabalho “Massa Intramuscular em Lesão Muscular Proximal do Reto Anterior: Hematoma ou Neoplasia? – Um Caso Clínico de um Futebolista Profissional”, de Edgar Amorim, Diogo Rodri- gues-Gomes, Marta Oliveira e Sérgio Rodrigues-Gomes. O vencedor do pré- mio para a “Melhor Comunicação Oral” foi o trabalho original Effects of acute normobaric hypoxia on exhaustive severe intensity exercise and power-duration rela- tionship de Ana Sousa, Millet G, Viana JL, Milheiro, JS e Reis, V. M. A SPMD agradece a presença de todos os participantes, palestrantes, moderadores e o apoio dos patrocinadores e parceiros institucionais, que fizeram com que este congresso fosse um sucesso! Até breve! Dra. Rita Tomás Dr. Paulo Dinis Cardiologista. Centro de Saúde Militar de Coimbra Avaliação do praticante com... Dor torácica A dor torácica é um dos principais sintomas que leva as pessoas a procurarem o médico. É também no atleta um sintoma comum. Apresenta múltiplas etiologias, que podem ser benignas ou malig- nas. Cabe ao profissional de saúde excluir as patologias malignas associadas a risco de morte súbita 26 novembro 2019 www.revdesportiva.pt cardíaca. Para isso é essencial realizar uma história clínica por- menorizada, com destaque para os antecedentes pessoais, desportivos e familiares, e um exame objetivo completo, com enfoque na medição dos sinais vitais, palpação de pulsos e auscultação cardíaca e pulmo- nar. Durante esta fase é essencial fazer a caracterização detalhada do sintoma dor torácica, descrevendo o início, tipo e localização da dor, duração, irradiação, fatores de alívio e de agravamento, sem esquecer os fatores precipitantes e a estabilidade do sintoma no tempo. Também o contexto clínico, género e a idade do atleta são importantes. Em idade pediátrica a maioria dos casos de dor torácica são idiopáticos, de origem músculo-esquelética ou pulmonar, e apenas uma pequena percentagem de origem cardíaca (< 5%). Já em jovens e adultos com menos de 35 anos, as patologias cardíacas mais envolvidas são as estruturais (miocardiopatia hiper- trófica, displasia arritmogénica do ventrículo direito, anomalia das arté- rias coronárias, miocardiopatia não compactada, entre outras), elétricas (Wolff-Parkinson-White, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica), adquiridas (mio- cardite, commotio cordis) e tóxicas, como as drogas anabolizantes e aná- logos da eritropoietina. Em atletas veteranos a doença arterial coro- nária é a responsável pela maioria dos casos de queixas dor torácica de origem cardíaca. A estratificação de risco com utilização de meios auxiliares de diagnóstico está fortemente depen- dente do contexto clínico e da idade. A avaliação inicial deve ser sem- pre realizada com história clínica, exame objetivo e eletrocardio- grama. Posteriormente, em atletas < 35 anos, a avaliação estrutural (ETT e em alguns casos RMC) e elétrica (Holter ou em casos espe- cíficos estudo eletrofisiológico) será essencial e nos atletas veteranos (> 35anos) a exclusão de patolo- gia isquémica ganha relevo (prova de esforço ou em segunda linha o angio-TC cardíaco). Outros exames complementares de diagnóstico poderão ser necessários, devendo a abordagem ser individualizada. A dor torácica é um sintoma comum que pode estar associada a patologia com o potencial para evoluir para morte súbita. A sua ava- liação tem de ser pormenorizada, e a