Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2019 | Page 12

Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(6):10-13.https://doi.org/10.23911/Maratona_2019_11 A Maratona Dr. Basil Ribeiro Medicina Desportiva. V N Gaia. Introdução A origem da maratona Novembro é o mês da EDP Maratona do Porto, a Maratona de Portugal. Este ano será a 16ª e mais uma vez milhares de atletas, participantes e aventu- reiros fizeram-se à estrada para percorrer os 42 195 metros. É uma corrida emblemática e desa- fiante. É uma prova de resistência, mas é também uma prova de força, coragem e determinação pessoal. É algo que se deseja fazer, muitas vezes como desafio à resistência pessoal. É um teste que se faz e cuja conclusão muito satisfaz. “Prova superada”, “Eu corri uma Maratona”, “Eu consegui” ... “Para o ano repito”, são algumas das expressões que se ouvem momentos depois de cortar a meta. Já não há mais oxigénio para os músculos das pernas, mas ainda resta algum para pronunciar estas palavras de sucesso e de alegria. Não importa que se tenha demorado 3, 4 ou 6 horas (o último chegar), pois o que importa é ter terminado a prova, exausto e feliz. O primeiro a che- gar demorou apenas 2h12min, mas esse é profissional e treina muito. Falta agora chegar ao trabalho no dia seguinte e contar aos amigos. Não ganhou uma medalha olím- pica, mas ganhou a sua medalha da A homenagem a Fidipines 10 novembro 2019 www.revdesportiva.pt determinação e de honra. Parabéns, pois é agora também um marato- nista. A maratona tem a sua origem numa lenda da antiga Grécia e refere-se à façanha de um soldado de Atenas que, diz-se, percorreu esta distân- cia entre o campo de batalha de Maratona (planície de Marathó- nas) até à cidade de Atenas para anunciar a vitória sobre o exército persa. Momentos depois da chegada este soldado, Fidipides, terá mor- rido por exaustão. Nike! Nike! Neni- kekiam! (“Vitória! Vitória! Alegrai-vos, nós conquistámos!”), terá dito. Ele não era propriamente um atleta, mas sim um mensageiro, um heme- ródromo, um soldado com a função de correr longas distâncias, em caminhos e trilhos terríveis, de dia e de noite, sempre com o objetivo de cumprir a sua obrigação. A história não é totalmente escla- recedora do feito de Fidipides. Antes de mais, a descrição da corrida é considerada uma lenda, ou seja, não há descrição factual do episódio. Por outro lado, os peritos em história grega referem que antes da batalha de Marathon já teria ido de Atenas a Esparta pedir ajuda militar para combater o exército persa (figura). Foi no ano de 490 antes de Cristo (AC) e, de acordo com o historia- dor grego Herodotos, em dois dias © Generic Royalty free stock A corrida de Fidipides antes da Maratona ele percorreu os cerca 240km que separam as duas cidades (e depois voltou, mais 240km). Após a chegada a Esparta, Fidipides teve de se dirigir ao povo espartano apelando por ajuda: “Homens de Esparta ... os Atenienses suplicam a vossa ajuda para não permitir que aquele Estado, que é o mais antigo em toda a Grécia, seja escravizado pelos bárbaros”. Por razões religio- sas, os espartanos só poderiam par- tir alguns dias depois quando hou- vesse Lua cheia, pelo que importava avisar os atenienses deste atraso. Partiu no dia seguinte ao nascer do Sol, após um sono rápido e alguma comida, para percorrer novamente os cerca de 240km em apenas dois dias. Atenas mobilizou 10 mil homens adultos e sob o comando do General Miltiades, sem a ajuda dos espartanos, enfrentaram e venceram os 60 mil soldados persas. Dizem os historiadores que se não fora o esforço de Fidipides a batalha poderia ter tido outro desenlace. A democracia fora salva. Fidipides e a sua ultramaratona não foram esquecidos. Atualmente, e todos os anos desde 1984, em setembro, realiza-se a ultracorrida Spartathlon a pé, entre as cidades de Atenas e Esparta (245,3km) para reviver aquele evento histórico. É feita de modo contínuo, com vários check-points, havendo limite de tempo para se alcançar cada um dos pontos de controlo e, se não forem cumpridos, leva à eliminação da prova. A prova começa ao nível do mar e tem altitude máxima de 1200 metros (ver figura com o perfil da corrida), percorrida em estradas alcatroadas e trilhos de montanha. Começa na sexta-feira à tarde (16h30) e fecha no dia seguinte, sábado, às 19:00 horas. O tempo record da prova pertence a um grego (20h25m00s), obtido na edição de 1984, ao passo que o melhor tempo obtido no setor feminino pertence á polaca Patrycja Bereznowska (24h48m18s), obtido na corrida realizada no ano de 2017. O custo da inscrição, com tudo incluído, na edição de 2018 foi de 600€. Na edição deste ano estiveram inscritos