Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2017 | Page 33

atividade desportiva foi de 26 semanas , procurando seguir os critérios ISAKOS para regresso seguro ao desporto . 13 A figura 5 revela as amplitudes articulares num dos atletas 24 semanas após a cirurgia .

Discussão

O tratamento do primeiro episódio de luxação traumática da rótula no jovem é discutível e controverso . Alguns investigadores advogam o tratamento conservador , enquanto outros sugerem desde logo a reparação do LPFM desde que as fises se encontrem encerradas . 8 Butcher e col . em 126 pacientes , com seguimento de 8.1 anos , não encontraram diferenças entre as duas metodologias de tratamento . 12 Sillampaa e col publicaram um estudo prospetivo randomizado incluindo duas séries de pacientes sujeitos a cirurgia ou tratados conservadoramente . 13 A taxa de recorrência da luxação foi de 27 % no grupo conservador e de 0 % no grupo cirúrgico . Camanho e

col . publicaram estudo idêntico em casos de luxação aguda , com seguimento de 40.4 meses , sem qualquer recorrência no grupo sujeito a reconstrução do MPFL , contra 50 % de recorrências no grupo sujeito a tratamento conservador . 14

Em nenhum dos estudos anteriores participaram desportistas de competição . Nestes casos , que a nossa pequena amostra pretende retratar , a opção é maioritariamente cirúrgica , com uma metodologia rigorosa na técnica cirúrgica e na reabilitação , embora sempre numa perspetiva individualizada . Embora o número de atletas seja muito limitado , pensamos que a abordagem terapêutica e os resultados poderão servir de orientação para um estudo mais abrangente e significativo em atletas de competição . Na nossa amostra , o tempo médio de regresso á competição sem limitações foi de 26 semanas , embora alguns autores , cuja opção é conservadora , refiram regresso á atividade desportiva entre as 12-16 semanas , mas com normalização dos padrões

Figura 4 – a ) arrancamento ósseo do bordo medial da patela ; b ) resultado após a cirurgia neuromusculares , incluindo a força do quadricípite , a ocorrer entre os 6 e 12 meses e o regresso ao mesmo nível competitivo anterior ao momento da luxação por volta dos nove meses ( de acordo com dados da escala KOOs ). 15 Parece-nos sensato , face á pouca literatura , credível e objetiva , sobre o regresso á competição , que este deverá ser individualizado e de acordo com os patamares de progressão em termos sintomáticos , imagiológicos , de competência neuromuscular e com normalização das várias vertentes físicas e psicológicas .

Conclusões

Embora seja cada vez melhor a perceção e a relação anatomofisiológica dos fatores de estabilidade patelar , ainda existe alguma lacuna de dados objetivos que inequivocamente sustentem as opções terapêuticas . O papel dos retináculos afigura-se como fundamental , em particular o LPFM , agindo como orientador do movimento da rótula , garantindo assim a congruência na tróclea proximal no início da flexão do joelho . A luxação da patela leva , com elevada frequência , á rotura deste ligamento e a sua reconstrução tem como objetivo o restauro do balanceamento do aparelho extensor no sentido de prevenir futuros episódios de luxação . No caso dos atletas de competição , ainda que se manifeste como primeiro episódio , os resultados sugerem que a reparação cirúrgica do LPFM reduz significativamente o numero de recorrências . A nossa pequena amostra confirma que a indicação rigorosa , a técnica cirúrgica adequada , a reabilitação por etapas e individualizada e o cumprimento estricto dos critérios de regresso á atividade desportiva poderão ser decisivos na continuação dessa prática desportiva .

Bibliografia

1 . Donald C . Fithian , MD , Elizabeth W . Paxton , MA , Mary Lou Stone , Epidemiology and Natural History of Acute Patellar Dislocation . AJSM . 2004 ; 32:1114-1121 .

Figura 5 – 24 semanas após a cirurgia num dos atletas da amostra

Restante Bibliografia em : www . revdesportiva . pt ( A Revista Online )

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