Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2017 | Page 22

26.5 % tinham dor noutras articulações . Nesta série de 83 pacientes , os autores apenas identificaram uma prótese com sinais radiográficos de radiolucência progressiva ao nível do componente femoral , no entanto o paciente encontrava-se assintomático . Por sua vez , Walker T et al . 28 estudaram retrospetivamente 101 pacientes submetidos a artroplastia unicompartimental medial do joelho , com tempo mínimo de seguimento de 2 anos e médio de 4.4 ± 1.6 anos , e verificaram uma taxa de regresso à prática desportiva de 93 %, na sua maioria para atividades desportivas de baixo impacto . Verificou-se que 27 % dos pacientes regressaram à atividade física em um mês , 56 % regressaram em três meses , 77 % regressaram em seis meses e os restantes 23 % necessitaram de um tempo superior a seis meses ou permaneceram inactivos . O score UCLA ( University of California Los Angeles Activity-Level Scale ) médio melhorou significativamente entre o pré-operatório e a última avaliação ( 3.3 ± 1.5 vs 6.8 ± 1.5 , p < 0.001 ). Cerca de 62 % dos pacientes da amostra foram considerados com nível de atividade física elevada ( definida como score UCLA≥7 ) após a artroplastia , sendo que os desportos mais praticados foram o ciclismo ( 85 %), caminhadas ( 57 %) e natação ( 52 %). Deste grupo , 29 % praticavam atividades de elevado impacto , tais como futebol ( 10 %), esqui ( 9 %), ténis ( 5 %) e atletismo ( 5 %). Não foi encontrada diferença funcional significativa entre os pacientes com próteses unicompartimentais unilaterais ou bilaterais . Cerca de 57 % dos pacientes não apresentou qualquer queixa álgica durante a prática desportiva , 17 % tiveram dor no joelho operado e 26 % dor em outras articulações . Nesta série , os autores fizeram cinco revisões por dor persistente , mas em nenhuma delas foi encontrada uma relação com a prática desportiva . Por último , um estudo prospetivo com 159 pacientes ( idade média 63.5 anos , intervalo 36 – 86 ) submetidos a artroplastia unicompartimental medial do joelho demonstrou após tempo de seguimento médio de 2 ± 1.47 anos um aumento significativo da frequência de prática desportiva entre pré e pós-operatório ( 74 % versus 84 %), sendo os desportos mais praticados as caminhadas , natação e ciclismo . 32
As atuais próteses totais do joelho têm uma taxa de duração média superior a 90 % aos 10-20 anos após a sua aplicação , pelo que se admite que o tempo mínimo de seguimento para avaliar a duração de uma artroplastia são 10 anos , altura em que começam a surgir as complicações . 42 , 49 Apesar dos resultados muito satisfatórios verificados nos estudos disponíveis e de em nenhum deles se ter encontrado associação entre a prática desportiva e complicações da neo- -articulação unicompartimental , o seu tempo de seguimento é insuficiente para avaliação da duração da prótese articular , particularmente em termos de desgaste e descolamento
3 , 4 , 11 , 23 , 28 , 33 , 38
.
Conclusão
Em teoria , a preservação de grande parte da anatomia do joelho , em particular dos ligamentos cruzados , e a consequente manutenção da estabilidade rotacional e ântero- -posterior da articulação nativa , poderá tornar estas próteses menos suscetíveis ao desgaste e descolamento provocados pelas cargas decorrentes de atividades desportivas de risco , o que poderá permitir diminuir as restrições desportivas dos seus portadores . No entanto , esta hipótese permanece por confirmar , sendo necessários estudos prospetivos aleatorizados de longa duração para uma adequada avaliação das artroplastias unicompartimentais do joelho na população desportista . Atualmente , a postura da maioria dos ortopedistas face à prática desportiva após uma artroplastia unicompartimental do joelho passa pela análise individual de cada caso , encorajamento de exercício físico de baixo impacto e restrição dos desportos de alto impacto . Os que desejam praticar desportos de alto impacto devem ser informados e compreender os riscos teoricamente associados . A decisão da prática deve ser do paciente , após ponderação entre riscos e benefícios na posse de toda a informação necessária . Antes de iniciar a prática desportiva é recomendada reabilitação intensiva e controlada das articulações envolvidas e do tronco , com o objetivo de reforçar e proteger a neoarticulação , procurando assim diminuir a incidência de falências da prótese e prevenir lesões articulares . Além disso , estes pacientes devem ter um controlo clínico-radiológico assíduo da sua artroplastia , de modo a detetar e intervir precocemente nas complicações que possam surgir .
Declaração : Os autores declaram não haver conflitos de interesse ou económicos .
Correspondência para : Diogo Moura , Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra , dflmoura @ gmail . com
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