Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2017 | Page 17

nível da dor e da amplitude articular , embora sem diferença significativa no tamanho da lesão observada no RX de seguimento . O protocolo utilizado neste estudo incluía a aplicação de três sessões espaçadas a cada duas semanas , 100 impulsos por cm 2 na zona da ossificação , de média intensidade ( 0.13 – 0.23 mJ / mm 2 ) ou de acordo com a tolerância à dor . 7 Todo o plano é acompanhado de fisioterapia / exercício terapêutico diário , com introdução de fortalecimento isométrico às três semanas e de isotónico às cinco semanas , com realização de exercício excêntrico às 6 / 7 semanas . Neste caso , optamos por seguir este protocolo , tal como nos casos clínicos similares descritos . Não foram observados efeitos laterais e o período de tratamento decorreu sem intercorrências , com realização de fisioterapia e exercício seis vezes por semana . 7 O treino de fortalecimento não decorreu dentro dos parâmetros sugeridos , uma vez que a atleta já tinha iniciado treino de fortalecimento progressivo antes de iniciar as sessões com ondas de choque e este foi mantido .
Conclusão
As lesões musculares constituem umas das lesões mais frequentes no desporto mais frequentes , apresentando-se a MO como uma complicação relativamente comum , em especial nos desportos de contacto . Se , apesar da sua prevenção , através da modulação dos fatores de risco , a MO se desenvolve , manter a flexibilidade articular , a força muscular com o mínimo de dor e promover a absorção óssea tornam-se os pontos chave do plano de reabilitação . Contudo , e apenas no caso de falência
Figura 3 – RM realizada 45 dias após a lesão mostrando a miosite ossificante
do tratamento conservador ou se presença de dor e restrição articular com incapacidade funcional persistente , poderá estar indicado o tratamento cirúrgico . 1 , 6 , 7
Neste caso , admitimos que a gestão da época desportiva decorreu de forma programada , com uma boa gestão de cargas e com um bom programa de prevenção de lesões . Não tendo sido possível prevenir a lesão , que decorreu 15 dias antes do Campeonato do Mundo , a abordagem aguda teve como base a saúde da atleta e como objetivo a participação na competição . Assim , a lesão foi abordada de uma forma mais rápida que o aconselhado , com um retorno precoce à atividade desportiva que poderá ter desencadeado a MO . As restantes intervenções foram progressivas e eficazes quer na resolução , quer na prevenção de sequelas da lesão .
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Myositis ossificans traumatica

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O caso clínico desta edição é sobre uma ginasta a quem foi diagnosticada uma miosite ossificante no braço . É uma patologia rara , mas não é recente . Um texto publicado em 1940 já a definia como “ um processo inflamatório do músculo nos estádios iniciais e antes da ossificação ser demonstrada pela radiografia … e a inflamação progressivamente diminui à medida que a ossificação se instala ”. A boa notícia é que “ a ossificação é gradualmente absorvida em parte e em algumas vezes totalmente , dependendo do tamanho e da localização , com retorno normal da função muscular , exceto nos casos em que ocorre junto a uma articulação .” Claro que o “ tratamento necessita da aplicação imediata de gelo e de compressão para controlar a hemorragia e mais tarde calor para absorver o hematoma ”, mas , e realçava-se , “ a grande importância de evitar a massagem em todos os casos graves ou nas contusões musculares dolorosas ”. Finalmente , “ a remoção cirúrgica da ossificação está apenas indicada naqueles casos que ocorrem junto das articulações na origem ou inserção do músculo , quando a função articular fica alterada de modo permanente e apenas 12 a 24 meses depois da lesão ”. Passados 77 anos , e com exceção das ondas de choque , descubram-se as diferenças . Dr . Basil Ribeiro .
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