Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2013 | Page 15

parestesias nas regiões com sensibilidade preservada , calafrios e congestão nasal . 6 , 7 , 9-11 Os sinais que se podem evidenciar incluem hipertensão arterial , bradicardia , arritmia cardíaca , dispneia , dilatação das pupilas , vasoconstrição periférica com piloereção , palidez cutânea abaixo de nível de lesão e extremidades frias . 6 , 7 , 9-11
A disreflexia autonómica é considerada uma emergência médica que requer reconhecimento imediato tendo em conta os vários riscos associados , nomeadamente , hemorragia cerebral , convulsões , isquémia cardíaca e / ou cerebral , hipertermia e inclusive a morte . 6 , 9-11 O tratamento imediato por pessoal médico qualificado é vital e inclui sentar o indivíduo na vertical para promover uma descida ortostática dos valores tensionais , anular o estímulo precipitante e , se a hipertensão persistir ( pressão arterial sistólica ≥150mmHg ), administrar um anti- -hipertensor ( p . e . Captopril 25mg sublingual ). 7 , 8 , 10
Disreflexia autonómica no desporto
A disreflexia autonómica pode surgir involuntariamente em atletas com lesão medular , especialmente durante competições de maior duração , devido à maior quantidade de líquidos ingeridos sem micção ou esvaziamento vesical . 7 Contudo , a disreflexia autonómica também pode ser induzida intencionalmente pelo atleta , antes ou durante o treino ou competição , para melhorar a prestação desportiva . 6 , 7 Esta atitude é denominada internacionalmente por “ boosting ”. 6 , 7 Existem relatos de várias formas de “ boosting ”, incluindo estar sentado
Figura 3 – Logotipos do Comité Internacional Paralímpico e da respetiva delegação portuguesa .
( adaptação das imagens disponíveis em http :// www . comiteparalimpicoportugal . pt / default . aspx e http :// www . comiteparalimpicoportugal . pt / Paginas / ipc . aspx ) na cadeira de rodas uma a duas horas antes da competição , sentar- -se sobre objetos pontiagudos ou sobre o escroto , clampar a algália ou ingerir exageradamente líquidos para induzir distensão vesical , provocar deliberadamente traumatismos nos membros inferiores ( p . e . entalar / partir o hálux ) ou apertar excessivamente tiras de velcro sobre as pernas . 6 , 8-12 Os atletas julgam conseguir despoletar um episódio de disreflexia autonómica quando querem com estas manobras . 8
A razão que leva os atletas a optar pelo “ boosting ” reside na melhoria dos resultados desportivos . 6 A associação entre disreflexia autonómica e performance no desporto adaptado surgiu como tópico de investigação apenas no início da década de 90 . 11 As evidências aglutinadas desde então comprovam que , comparativamente ao estado basal , durante a disreflexia autonómica existem maiores níveis de catecolaminas circulantes e , como tal , os atletas experienciam um aumento significativo da frequência cardíaca máxima , pressão arterial , consumo máximo de oxigénio e potência máxima , parâmetros com benefício para a prestação desportiva . 6 , 7 Burnham e colaboradores ( 1994 ) realizaram um estudo com atletas em cadeira de rodas e verificaram a diminuição no tempo de corrida ( -9,7 % na distância de 7,5 km ) aquando da utilização do “ boosting ”, que é o equivalente a baixar o recorde da maratona em 12 minutos . 8 , 13 Apesar destas constatações , o mecanismo de ação subjacente à influência do “ boosting ” no desempenho desportivo ainda não está completamente esclarecido . 12
Os atletas afirmam experienciar uma sensação de maior força / resistência muscular e menor fatigabilidade , respiração melhorada e maior alerta e agressividade . 6 , 8 Os efeitos adversos frequentemente reportados incluem cefaleias , tremor e sudação excessiva . 6 , 8 Não são conhecidos casos de consequências médicas relacionadas com o “ boosting ” durante a competição , mas são inúmeros os relatos de complicações resultantes de situações clínicas de disreflexia autonómica ( p . e . hipertermia , cegueira , afasia , enfarte cardíaco , morte ). 6 , 11 Por esta razão , é importante estar consciente
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