Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2013 | Page 14

da lesão medular com benefícios reconhecidos na adaptação física, psicológica e social às incapacidades adquiridas.2-4 Quadro I – Recomendações de atividade física para adultos com lesão medular crónica independentemente da etiologia (traumática ou não) e nível de lesão (tetraplegia ou paraplegia). Para usufruir dos benefícios da prática regular de atividade física para a saúde os adultos com lesão medular devem completar pelo menos duas vezes por semana um mínimo de 20 minutos de atividade aeróbia de intensidade moderada a vigorosa e exercícios de fortalecimento dos grandes grupos musculares (3 x 8-10 repetições). A razão risco-benefício empírica favorece claramente a recomendação de exercício em todos os indivíduos com lesão medular, mas é indispensável a identificação prévia de fatores de risco importantes (p.e. risco para eventos cárdio e/ou cerebrovasculares, osteoporose, disreflexia autonómica).1,5 Lesão medular no desporto A lesão medular, além de afetar a função motora e sensorial, interfere também com a inervação do sistema nervoso autónomo nas suas vertentes simpática e parassimpática. A interrupção da conetividade entre sistema nervoso central e órgãos periféricos desregula o controlo autonómico de vários sistemas, incluindo o sistema cardiovascular. As lesões medulares ocorridas ao nível de D6 ou em níveis superiores (lesão medular alta) interferem com a inervação autonómica do coração e de grande parte da vasculatura, resultando num tónus simpático basal diminuído abaixo da lesão, normalmente sem alteração do tónus parassimpático sobre o coração.6 Esta situação origina valores baixos de frequência cardíaca e pressão arterial em repouso e respostas cardiovasculares anormais a estímulos fisiológicos, como o exercício, com consequente redução da capacidade aeróbia e anaeróbia.6,7 Normalmente os indivíduos com lesão medular alta respondem ao exercício com uma variabilidade limitada da frequência cardíaca e da pressão arterial.6,7 Além disso, estão 12 · Novembro 2013 www.revdesportiva.pt em risco de desenvolver hipotensão induzida pelo exercício com prejuízo para a performance.6 Em resposta ao exercício máximo ou submáximo, os atletas com lesão medular alta apresentam menor frequência cardíaca máxima(110-130bpm), menor consumo de oxigénio máximo e menor potência máxima comparativamente com atletas com lesão medular baixa ou atletas sem lesão medular.6,8 Em resposta ao exercício máximo ou submáximo, os atletas com lesão medular alta apresentam menor frequência cardíaca máxima (110-130bpm), menor consumo de oxigénio máximo e menor potência máxima comparativamente com atletas com lesão medular baixa ou atletas sem lesão medular.6,8 Em suma, os indivíduos com lesão medular alta têm alterações da inervação autonómica do sistema cardiovascular que comprometem de forma importante o desempe