Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2013 | Page 12

demasiado apertado em cima ao ponto de comprometer a circulação sanguínea no regresso ao coração . Por vezes há mesmo necessidade de as usar ao contrário para que as suturas não agridam e causem conflito sobre a pele .
Em conclusão : as meias devem permitir a eliminação / evaporação do suor e manter os pés aquecidos . As meias de algodão são muito más , enquanto as de polipropileno são as desejadas . Por outro lado , nem sempre as mais grossas são a melhor opção .
5 . Pulmões e brônquios
Mais de 10 % dos atletas portugueses de alta competição têm asma ou uma reação dos brônquios que , embora não sendo asma , provoca queixas e consequências clínicas e no rendimento semelhantes à asma . Esta condição chama-se broncoespasmo induzido pelo exercício físico . Os estudos feitos em Portugal dizem- -nos que os nadadores de competição são muito atreitos a esta hiperreatividade brônquica . A consequência é que as vias aéreas ficam mais apertadas , mais estreitas , o que condiciona a passagem do ar . Aquando da expiração sai menos ar , provoca ruído e quem está lado ouve os tais gatinhos , que os médicos chamam de sibilos . Poderá haver sensação de aperto no tórax , falta de ar e tosse .
Correr em ambiente frio , inalando o ar frio , é um dos mecanismos provocadores desta reação dos brônquios , simulando a reação asmática . A maioria das pessoas não diagnosticadas nem se apercebe desta anormalidade porque se habituou a esta incapacidade e sentem-se como normais . Mas não são . O ar frio e seco agride e seca as vias aéreas , altera o ambiente local , as quais reagem estreitando-se e diminuindo o calibre .
A prevenção primária desta patologia passa pela realização de um rastreio através de um teste simples , rápido e barato . Chama-se espirometria com broncodilatação . Se a prova for positiva há remédios que ajudam a minorar a incapacidade e , depois sim , as pessoas vão notar a diferença . Nos atletas não diagnosticados , e também para proteção das vias aéreas dos pulmões e para conforto individual , recomenda-se inspirar o ar pelo nariz , o que faz com que o ar inalado seja aquecido e humificado e os pós fiquem retidos no nariz . Em ambientes mais frios considerar o uso de um lenço , em frente ao nariz , que tem como função realizar um pré-aquecimento do ar que vai ser inalado . A ingestão regular de líquidos é outra medida importante para a prevenção da desidratação das mucosas que revestem as vias aéreas .
6 . Equilíbrio e quedas
Correr ao final a tarde ou de noite coloca problemas de visibilidade e de perceção do solo onde se colocam os pés . Correr em grupo e com pouca luz natural ou luz artificial insuficiente não permite visualizar eventuais incómodos da via pública , como sejam pequenos buracos , objetos abandonados ou passeios mais elevados . A perceção nervosa está deteriorada e o perigo de queda existe . O corpo arrefecido , decorrente da perda calorífica provocada pelo uso inadequado de roupa , não reage rápida e eficazmente a eventuais adversidades . O piso escorregadio , as descidas e o tipo de piso ( paralelos lisos , por exemplo ), são mais alguns fatores de risco de queda ou de lesão . Quando todos estes fatores se congregam importa redobrar a atenção , evitar correr em grupos , perdendo-se a visibilidade do solo , privilegiar os pisos mais aderentes , especialmente nas descidas , e estudar o percurso nos dias anteriores ao da corrida . O treino propriocetivo , mais do que a realização dos alongamentos , durante os treinos é fundamental para melhorar a função neuromuscular , a qual , quando potenciada , é o melhor instrumento para evitar a queda aquando do tropeção imprevisto . Com a ajuda de um terapeuta e realizado pelo menos três vezes por semana durante alguns minutos em cada sessão , o treino propriocetivo constitui um ótimo auxiliar do praticante desportivo , que lhe é útil no desporto e na sua vida diária , profissional ou de lazer .
7 . Após a corrida / marcha
Após terminar a prova surge o convívio com os colegas e satisfação por se ter melhorado o tempo em relação a provas anteriores . Mas também é tempo de recuperação , imediata e para as provas que se seguem . A primeira obrigação é proteger-se do frio e da chuva e das suas consequências : mudar para roupa seca e quente caso tal seja necessário . Frio e roupa molhada é a receita ideal para o enregelamento e hipotermia . Seque-se e mude-se . Troque de calçado se as sapatilhas estiverem molhadas . Depois vem a recuperação das reservas energéticas esgotadas durante a prova . É muito importante logo na primeira hora começar a hidratar e a comer alimentos de absorção rápida : pão com marmelada ou compota , bolachas tipo Maria , flocos de cereais e barras energéticas , são alguns exemplos . Quanto mais precocemente começar a ingesta alimentar , mais eficaz é a reposição do glicogénio no músculos e mais apto se fica para realizar o treino no dia seguinte . A caminho de casa beba a água que a organização lhe disponibilizou no final na corrida . Depois , ao jantar , coma algo de fácil digestão , para o que basta eliminar as comidas com muitas gorduras , ignorar os molhos e as comidas mais pesadas , assim como o consumo excessivo de álcool . Para muitos o dia seguinte será dia de trabalho , pelo que é aconselhável ficar em casa , descansar o corpo e a alma , pois muitos dias de festejos e de exageros se aproximam . Parabéns por ter vencido mais um desafio da sua vida .
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10 · Novembro 2013 www . revdesportiva . pt