Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2020 | Page 8

Rev. Medicina Desportiva informa, 2020; 11(2):6. Os médicos especialistas em Medicina Desportiva A especialidade de Medicina Desportiva (MD) tem já várias dezenas de anos de existência e é uma especialidade reconhecida pela Ordem dos Médicos. Inicialmente, foi constituída por médicos que obtiveram esta especialidade por consenso, pois os seus conhecimentos e prática experiente quotidiana muito justamente o permitiu. Esta é a geração que carinhosamente apelido de Antiga. Esta geração foi (e ainda é) muito importante, pois iniciou o “caminho que agora percorremos”, fazendo formação, principalmente para a geração que se seguiu, e tinham prática médica, principalmente nos clubes desportivos e nos Centros de Medicina Desportiva. Posteriormente, e já no início deste século, houve possibilidade de fazer “exame à Ordem” e para este concorreram médicos que já se dedicavam bastante, alguns em exclusivo, à MD e que iam aos congressos ao estrangeiro, publicavam na saudosa Revista de Medicina Desportiva Portuguesa, superiormente dirigida pelo Dr. Manuel Martins, estudavam e queriam saber mais. Esta geração, na qual me incluo, é a geração Moderna. Depois, mais recentemente, iniciou-se a formação específica nesta especialidade, onde o cumprimento de regras e a apresentação de currículos permitiu criar mais especialistas. Agora temos a geração Contemporânea, formada por jovens médicos entusiastas, dinâmicos e com muita dedicação e vontade de intervir e de mudar. É uma geração que pretende alterar Percentagem de médicos do sexo masculino (86,9% = 113) e feminino (13,1% = 17) Percentagem de médicos com mais de 65 anos de idade (33,8% = 44) Percentagem de médicos com mais de 60 anos de idade (50,7% = 66) Percentagem de médicos apenas com a especialidade de MD (16,9% = 22) e com outra (83,1% = 108) um pouco o paradigma da prática vigente da MD, no sentido de a usar como sabedoria para a prescrição do exercício físico, para a promoção da saúde, não esquecendo, como é óbvio, o atleta de competição. Temos especialistas em MD..., mas ainda temos poucos, envelhecidos e mal distribuídos no país. O mapa em anexo assim o demonstra e à grande concentração nos grandes centros e no litoral opõe-se a ausência de especialistas em cinco distritos do interior do país. Por outro lado, constata-se o grande envelhecimento dos especialistas: a maior parte tem mais de 60 anos de idade e um terço (33,8%) tem mesmo mais de 65 anos. A necessidade de rejuvenescer esta especialidade é imperiosa, urgente. Naturalmente que a existência de médicos com o curso de mestrado e, mais recentemente, com a pós-graduação em MD, vem amenizar a situação, já 86,9% 13,1% 66,2% 50,7% 33,8% 49,3% 83,1% 16,9% Madeira Açores Estrangeiro 40 2 1 1 que são médicos com sabedoria, que lhes permite alguma e boa prática na MD. Mas não chega, pelo que importa continuar a formar mais especialistas, sob pena de a especialidade “morrer” daqui a uns anos, com grave prejuízo para a população portuguesa e para os jovens médicos que tanto têm investido na sua formação. O facto de 83,1% dos médicos especialistas em MD terem outra especialidade, poderá causar algum enfraquecimento a esta especialidade, também pela não dedicação exclusiva. Seria interessante, também, que houvesse mais médicas com esta especialidade, as quais atualmente são apenas 13,1% dos especialistas. Não há ainda motivo para alarme, pois tanto o Colégio da Especialidade em MD da Ordem, como a Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva têm trabalhado bastante para a dignificação, promoção e progressão da Medicina Desportiva. Entretanto, e fora destas contas, mais quatro médicos concluíram a especialização em novembro, os quais felicito e estimulo a dedicarem-se com determinação a esta mui nobre especialidade. BR 2 13 35 1 6 6 1 11 3 4 1 1 6 março 2020 www.revdesportiva.pt