Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2020 | Page 36

Tabela 1. Resumo dos dados extraídos dos estudos incluídos na revisão Autor Ano Competição/País Variante Taxa de incidência# Gravidade+ Prien et al. 18 - Internacional (elite) Quinze 3.89 - Jakoet et al. 4 1995 Internacional (CM) Quinze 0.9 - Best et al. 5 2003 Internacional (CM) Quinze 2.06 - Fuller et al. 7 2007-13 Internacional (elite) Sete 8.3 19.3 Internacional (elite) Quinze 4.5 10.1 Roberts et al. 12 2009-15 Inglaterra (não-elite) Quinze 1.48 >8 Cross et al. 17 2011-16 Inglaterra (elite) Quinze 10.4 - Cross et al. 13 2012-14 Inglaterra (elite) Quinze 8.9 11 Rafferty et al. 2 2012-13 Gales (elite) Quinze 7.9 9 2015-16 Gales (elite) Quinze 21.5 9 Gardner et al. 19 2014 Internacional Sete 3.01 - Quinze 4.73 - Fuller et al. 6 2015 Internacional (CM) Quinze 12.52 7.7 López et al. 11 2016 EUA (feminino) Sete 8.1 36.7 EUA (masculino) Sete 7.6 27.9 Cosgrave e Williams 10 2017 Irlanda (elite) Quinze 18.4 12 Cruz-Ferreira et al. 8 2017 Portugal (não-elite) Sete 9.91 - Cruz-Ferreira et al. 9 2018 Portugal (não-elite) Quinze 2.09 - Legenda: #taxa de incidência (número de lesões por 1000 horas jogo-jogador); +Gravidade (média de dias de ausência a treinos e competição); CM – Campeonato Mundial de seniores masculinos; EUA – Estados Unidos da América. Tabela 2. Critérios de remoção imediata e suspeita de concussão (adaptado de World Râguebi – Head Injury Assessment Protocol) 18 Critérios I (remoção imediata do campo) Perda de consciência confirmada Perda de consciência suspeitada Postura tónica Convulsão Ataxia Confusão ou desorientação no tempo e espaço Alterações comportamentais (óbvias) Claramente atordoado Alterações oculomotoras Identificação no campo de outros sinais ou sintomas de concussão Critérios II (suspeita de concussão) Traumatismo/impacto na cabeça/pescoço relevante, sem critérios I Suspeita de alteração comportamental Suspeita de confusão Outra lesão com o potencial de se associar a concussão Outros sinais suspeitos Tabela 3. Protocolo de retorno gradual à prática desportiva (adaptado de World Râguebi – Concussion Guidance) 20 1. Etapa Exercícios Objetivo 2. Período de repouso mínimo 3. Exercícios aeróbios leves 4. Exercícios específicos do râguebi Repouso absoluto (físico e intelectual) Corrida de baixa intensidade, natação ou bicicleta estática durante 10-15 minutos. Exercícios com corrida. Sem atividades com impacto na cabeça. 5. Treino sem contacto Progressão para treinos mais complexos, como exercícios de passe. Pode iniciar o treino de resistência de forma progressiva. 6. Treino com contacto Atividades com gestos desportivos normais Repouso Aumento da frequência cardíaca Adicionar movimentação Exercícios de coordenação e trabalho cognitivo Restaurar confiança e avaliar aptidão funcional 7. Regresso ao jogo Atleta reabilitado Recuperação Atletas com menos de 19 anos têm um período de repouso mínimo obrigatório de duas semanas sem qualquer atividade física. Atletas seniores com idade igual ou superior a 19 anos veem o tempo de repouso encurtado para uma semana e os seniores de elite, desde que as equipas médicas tenham à disposição um conjunto de equipamentos e profissionais, podem ter esse período encurtado para 24 horas. Os critérios mínimos para esta condição incluem os seguintes: a) médicos com experiência na gestão da concussão; b) acesso a equipamento de imagem e neurorradiologista; c) acesso a uma equipa multidisciplinar de especialistas que inclua neurologistas e neurocirurgiões. Após este período de descanso obrigatório, e apenas após se encontrarem completamente livres de sintomas, os atletas podem iniciar um protocolo de retorno gradual à prática desportiva proposto pela World Rugby, sumariamente apresentado na tabela 3. Este protocolo é adaptado à modalidade e prevê que cada etapa demore um mínimo de 24 horas e que o atleta apenas progrida se isento de sintomas, retornando à fase anterior se estes aparecerem. No limite, um atleta de elite pode retornar à prática desportiva sem limitações na semana após uma concussão, enquanto que no caso de atletas com menos de 19 anos este período é no mínimo de três semanas. A instituição destes protocolos, podendo parecer limitativa da abordagem individualizada de cada atleta, na verdade estabelece um conjunto de critérios mínimos a implementar que, se respeitados, asseguram um padrão mínimo de cuidados aos praticantes. Acresce que, no caso das competições chanceladas pela World Rugby e naquelas com protocolo HIA instituído, há escrutínio relativamente ao cumprimento dos períodos de ausência e de recuperação após concussão. Destaca-se, inclusivamente, a existência de médicos consultores para a concussão que prestam auxílio e tomam decisões em situações de disputa sobre o estado e o tempo de recuperação de atletas, pugnando pela garantia de uma cultura de segurança na modalidade. 34 março 2020 www.revdesportiva.pt