Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2020 | Page 35

utilização de critérios de remoção imediata (ou critérios I) e de critérios de suspeita (ou II) pelos profissionais de saúde para identificação de situações prováveis e suspeitas de concussão (ver tabela 2). 18 Para o nível de elite sénior, apenas para este, e só após autorização prévia da entidade máxima da modalidade, pode ser implementado o protocolo de Head Injury Assessment (HIA). Nas restantes competições implementa-se o protocolo Recognise and Remove. Quando o protocolo HIA é aprovado e está implementado numa competição, para salvaguarda do atleta, a suspeita de concussão durante o jogo (identificação de critérios 2) permite uma substituição temporária de 12 minutos, durante a qual o médico da equipa (ou do jogo) procede à avaliação formal do atleta, utilizando a ferramenta HIA 1 – uma versão adaptada do conhecido Sports Concussion Assessment Tool – SCAT 5, proposto na reunião de Berlim. 19 Esta é uma ferramenta útil e válida que de forma breve e sistemática avalia sintomas, memória e equilíbrio. Com base nas imagens de vídeo (se disponíveis), na avaliação clínica e no resultado do HIA 1, toma-se a decisão quanto ao eventual diagnóstico de concussão e, nessas circunstâncias, a substituição passa a definitiva. Se for excluída a concussão o atleta pode regressar ao jogo. Em qualquer situação com identificação de critérios I, o atleta, mesmo no nível de elite e em competições com protocolo HIA aprovado, é removido do campo definitivamente (permitindo-se a sua substituição). Já nas competições não elite, por seu lado, qualquer situação suspeita ou provável de concussão (identificação de critérios I ou II) leva, inevitavelmente, à remoção do atleta do campo de jogo, sua substituição por um companheiro de equipa e à proibição de retorno. Para os atletas com menos de 19 anos, mesmo que estejam a competir numa prova com protocolo HIA aprovado, a abordagem Recognise and Remove é (obrigatoriamente) implementada. Na figura 1 apresenta-se o algoritmo sumário da abordagem do atleta de râguebi com concussão (ou suspeita) de acordo com o nível de competição e grupo etário. Em todas as situações em que se utilize a ferramenta HIA 1, independentemente de o atleta ter sido removido do campo ou não, uma avaliação 2-3 horas após o jogo deve ser realizada utilizando a ferramenta HIA 2 (adaptada do SCAT 5) para avaliar a evolução da lesão ou diagnosticar precocemente uma concussão. Os atletas que desenvolvam sintomas após o fim do jogo podem entrar no protocolo neste ponto. Finalmente, após duas noites de descanso (36 a 48 horas após o evento suspeito de concussão) para avaliar a evolução ou diagnosticar tardiamente a concussão utiliza-se a ferramenta HIA 3. Esta consiste numa avaliação clínica apoiada na lista de verificação de sintomas SCAT5, na avaliação do equilíbrio (estático e dinâmico) e na utilização de uma ferramenta de avaliação cognitiva (por exemplo o CogSport ou Impact). Os atletas que desenvolvam sintomas após o fim do jogo podem, também, entrar neste ponto. Os médicos que seguem atletas de râguebi com suspeita de concussão fora de competição com protocolo HIA podem, também, utilizar as ferramentas HIA 2 e HIA 3 como apoio para o diagnóstico e acompanhamento desta lesão. Naturalmente, a abordagem do atleta de râguebi com concussão não se pode esgotar no diagnóstico. Reconhecendo o risco de recorrência de lesão, a gravidade de um segundo impacto precoce, bem como o impacto futuro no aumento de risco de outras lesões após concussão, o cumprimento de um protocolo criterioso de retorno à prática desportiva é fundamental quando se procura garantir a segurança e o bem-estar dos atletas. Também neste âmbito, a World Rugby apresenta as linhas orientadoras do regresso gradual à prática desportiva e institui diferenças, também, relativamente ao nível da competição e ao grupo etário dos atletas lesionados. Figura 1 – Algoritmo de abordagem ao atleta com suspeita de concussão Revista de Medicina Desportiva informa março 2020· 33