Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2020 | Page 34
CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL
OLÍMPICA
MEDICINA DESPORTIVA
Auditório
Faculdade de Medicina
da Universidade do Porto
17 abril 2020
TEMAS
- Preparação da Missão
Tóquio 2020
- Terapêutica e Dosagem
- Cardiologia
- Beyond fairness: the
biology of inclusion for
transgender and intersex
athletes
- Traumatologia (ombro,
menisco, LCA)
- Analysis of fatigue -
Neuromuscular and
Heart Rate Variability
Informações e inscrições:
comiteolimpicoportugal.pt
Preço de inscrição:
40,00€ (inclui almoço)
Preço de inscrição para
estudantes:
25,00€ (inclui almoço)
Organização:
Patrocínio Científico:
posteriormente avaliados por dois
investigadores independentes com
vista à sua inclusão no estudo com
base nos seguintes critérios de
inclusão: estudos epidemiológicos,
em rugby union (de sete e quinze),
reportando apenas estudos em atletas
seniores, na língua inglesa, entre
1995 e 2019. Excluíram-se os artigos
com estudos: apenas de outras
modalidades; referentes a escalões
de formação; com tema distinto da
epidemiologia das lesões/concussões
em râguebi. Dos artigos selecionados
foram extraídos os dados referentes
a taxas de incidência (apresentadas
em número de lesões por 1000 horas
de jogo-jogador) e, sempre que
possível, à gravidade das lesões
(apresentada em dias de ausência a
jogos e treinos). Numa segunda fase,
foi feita uma análise e discussão das
recomendações para o diagnóstico e
seguimento de atletas com concussão
na modalidade.
Resultados
A pesquisa bibliográfica realizada
com a chave anteriormente apresentada
no motor de busca Pubmed
devolveu um total de 158 artigos.
A pesquisa manual de artigos
relevantes nas referências bibliográficas
dos artigos identificados,
bem como da literatura cinzenta,
resultou em mais nove artigos. Após
aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão anteriormente definidos
pelos dois investigadores independentes,
selecionaram-se os artigos
incluídos nesta revisão sumária. A
tabela 1 apresenta o resumo dos
dados extraídos dos 14 artigos selecionados
para esta análise. 2,4–16
A taxa de incidência de concussão
situou-se entre as 0.9 e as
21.5 lesões por 1000 horas de jogo-
-jogador, tendo vindo a aumentar
nos últimos anos. Em 2012-13, entre
atletas de elite do País de Gales a
taxa situava-se em 7.9, enquanto
em 2015-16 esse número subiu para
21.5 por 1000 horas de jogo-jogador. 2
Evolução semelhante verificou-se
no campeonato do Mundo, com a
taxa a subir de 0.9 em 1995 para
12.52 por 1000 horas de jogo-jogador,
em 2015. 6,7,12 Na comparação entre
râguebi de sete e de quinze do
mesmo nível competitivo, a maioria
dos artigos apontam para taxas de
incidência mais elevadas na variante
olímpica. 4,5,9
Em Portugal, os únicos dois estudos
epidemiológicos de vigilância de
lesões em râguebi que foram identificados
apresentam taxas de incidência
de concussão de 2.09 e 9.91 lesões
por 1000 horas jogo-jogador, respetivamente
para a variante de quinze e
de sete.
Quanto à gravidade das lesões,
verificamos que para competições de
elite de quinze o tempo médio varia
entre os 7 e os 12 dias de ausência
10,12 , já no râguebi de sete, para o
mesmo patamar competitivo, este
valor pode chegar aos 19 dias.
A placagem foi, na maioria dos
casos, o principal momento de jogo
responsável pela lesão, entre 63% 11
e 74% 16 de todas as ocorrências
reportadas.
Discussão
Os números encontrados para a taxa
de incidência e para a gravidade das
concussões reportados nos distintos
estudos epidemiológicos em râguebi
confirmam a relevância deste problema
e a necessidade de centrar os
esforços na prevenção, correto diagnóstico
e seguimento desses atletas.
Esta condição é tão mais importante
quando reconhecemos não apenas a
frequência 2 , mas os danos negativos
para o próprio atleta de um segundo
impacto e, como demonstra a literatura,
o risco de ocorrência de outras
lesões após uma concussão. 13
Por isso mesmo, ao longo dos últimos
anos a World Rugby tem trabalhado
no estabelecimento de linhas
orientadoras claras para os profissionais
de saúde envolvidos na modalidade
relativamente ao diagnóstico
e seguimento de atletas com concussão.
Igualmente, a World Rugby
participa ativamente em cimeiras
internacionais sobre o tema, contribuindo
de forma determinante para
a elaboração de consensos e linhas
orientadoras, como são exemplos os
Consensus Statements on Concussion in
Sport. 17
De forma prática, é importante
perceber que a primeira abordagem
que a World Rugby propõe para
lidar com a concussão é a distinção
entre os níveis de competição e a
32 março 2020 www.revdesportiva.pt