Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2019 | Page 11
doses tem efeito positivo na força
muscular e na potência de pico,
comportando efeitos secundários,
como tremor e taquicardia.
6. Os inibidores da aromatase dimi-
nuem a conversão dos andro-
génios em estrogénios, gerando
níveis mais altos de testosterona.
Existe evidência fraca de aumento
da força muscular, à semelhança
do descrito para a GC e para a LH.
7. Os moduladores seletivos do rece-
tor estrogénico (SERMs) e outros
anti-estrogénicos são usados para
aumentar os níveis de testoste-
rona em homens, têm efeito infe-
rior aos inibidores da aromatase e
não têm evidência de melhoria no
desempenho desportivo.
8. Agentes modificadores da função
da miostatina: embora exista
evidência de crescimento mus-
cular, é duvidoso que tal resulte
num incremento da força, para
além de não existirem fármacos
aprovados nesta classe.
9. M
oduladores metabólicos: os rece-
tores ativados por proliferador de
peroxissoma (PPAR)-δ agonistas e
os ativadores da proteína quínase
ativada pelo AMP (AMPK) podem
aumentar o rendimento através
do seu efeito no consumo energé-
tico, sendo que ambos mostraram,
em ratos, aumento da resistência
em corrida. Não existem nem
PPAR-δ agonistas, nem ativadores
AMPK aprovados, embora existam
fármacos com efeito ativador da
AMPK, tais como a metformina
(não-proibida), cujos estudos não
demonstram efeito no desempenho
desportivo. A insulina não possui
efeito significativo no crescimento
muscular. Os inibidores da oxidação
dos ácidos gordos (ex. trimetazi-
dina) também não possuem efeitos
no desempenho desportivo.
10. Os diuréticos e os agentes mas-
carantes diluem e aumentam a
produção de urina, interferindo
com a deteção de substâncias
proibidas, para além de que
provocam redução rápida de
peso, conferindo vantagem nos
desportos de velocidade, resis-
tência ou com categorias de peso,
onde os atletas mais leves podem
ter superioridade. A furosemida
diminuiu o VO 2 máx, no entanto
sem comparação com placebo,
e a acetazolamida parece afetar
negativamente o VO 2 máx e a
resistência.
As substâncias proibidas em
competição
1. Estimulantes: as anfetaminas (ex.
metilfenidato) mostraram efei-
tos positivos na força muscular,
aceleração e tempo até exaustão
em indivíduos não-treinados. A
efedrina, a pseudoefedrina e a
enilpropanolamina produziram
aumentos modestos nalguns mar-
cadores de rendimento, no entanto
os estudos são contraditórios.
2. Narcóticos: embora nem todos
sejam proibidos (o tramadol é per-
mitido), a morfina e seus análogos
já o são. O efeito analgésico poderá
melhorar o rendimento, no entanto
à custa de efeitos secundários
comuns nos opiáceos, como náu-
sea, sedação e depressão respirató-
ria. Sem evidência convincente de
efeitos no desempenho desportivo.
3. Canabinoides: a evidência aponta
para declínio da concentração,
do processamento de informação
e do tempo de reação, afetando
negativamente o desempenho
desportivo.
4. Glucocorticoides: atuam no meta-
bolismo potencialmente afetando
o rendimento. Os resultados são
contraditórios, no entanto vários
estudos em ciclistas demonstra-
ram aumento da força muscular e
do tempo até à exaustão.
Entre as substâncias proibidas em
desportos específicos encontram-
-se os β-bloqueantes, que inibem
os recetores β-adrenérgicos, dimi-
nuindo a frequência cardíaca, a
ansiedade e o tremor, o que poten-
cialmente confere vantagem em
desportos onde a precisão é essen-
cial (ex. bilhar, tiro, automobilismo).
Um estudo demonstrou melhoria no
desempenho do tiro com metoprolol.
Em conclusão, das 23 classes de
produtos incluídos na lista da WADA,
apenas cinco mostraram evidên-
cia de melhoria do desempenho
desportivo: os agentes anabólicos
em doses elevadas aumentam a
força muscular, os agonistas β2 e
os estimulantes aumentam a força
muscular e a potência de pico, os
glucocorticoides aumentam a força
muscular e o tempo até exaustão e os
β-bloqueantes melhoram a precisão.
ENSINO
PRESENCIAL
OU À DISTÂNCIA
MEDICINA
DESPORTIVA
REABILITAÇÃO
EM MEDICINA
DO EXERCÍCIO
E DESPORTO
MAIS INFORMAÇÕES
medicinadesportiva.med.up.pt
geriatria.med.up.pt
[email protected]
220 426 922
Revista de Medicina Desportiva informa março 2019 · 9