Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2016 | Page 9

intensa / perto do máximo está diretamente relacionada com a presença de DCV e/ou sintomas em esforço e inversamente relacionada com o nível de aptidão física individual”. Neste aspeto, os autores descrevem um estudo onde se constatou que o risco de EAM durante a atividade física intensa era quase o dobro em relação à condição de repouso, mas o risco para os sujeitos habitualmente inativos era 50 vezes superior em relação aos sujeitos fisicamente ativos. A prática regular de exercício tem efeito protetor, já que ele reduziu os eventos CV no período de 24 horas em 50%, indicam os autores. Também muito importante é saber que os eventos adversos que podem ocorrer são frequentemente precedidos por sinais e sintomas de aviso. Estas mensagens são de extrema importância porquanto se continua a assistir aos jogos de futebol entre amigos, uma vez por semana, praticado por sujeitos descondicionados e já com alguma obesidade. Também os que participam em provas de atletismo, com frequência irregular / baixa, não fisicamente preparados, com esforços exagerados, são considerados de risco de evento CV. A conjugação de inatividade física habitual com o grande descondicionamento físico é uma associação terrível e favorável ao evento cardíaco grave (EAM e/ou MSC). De acordo com esta posição consensual, mais que os fatores de risco, são aqueles dois aspetos que devem ser considerados. O “jogador”, o “atleta”, devem ser encaminhados para o exame médico e depois devidamente aconselhado sobre a regularidade e a intensidade da prática de exercício físico. Com base nestas constatações, baseadas na evidência, a comissão de peritos revolucionou a abordagem o conteúdo da avaliação pré-participação no exercício físico. Descrevem-se os objetivos principais, que consistem na identificação dos indivíduos que: • devem receber aptidão médica antes de iniciarem o programa de exercício físico ou de aumentarem a frequência, a intensidade e/ou o volume do programa atual; • têm doenças com significado clínico que podem beneficiar com a participação em programas com supervisão médica; • têm condições médicas que obriguem à exclusão dos programas até que essas alterações sejam anuladas ou melhor controladas. Um dos aspetos de destaque, e que poderá causar surpresa, é a consideração e a contabilização dos fatores de risco para a decisão médica de participação em exercício físico de intensidade moderada ou elevada. Ou seja, os fatores de risco, per si, não são considerados neste processo de rastreio no contexto de avaliação pré-participação. A classificação dos sujeitos com baixo, moderado ou elevado risco de DCV não é incluída nesta nova estratégia de avaliação, assim como a realização da prova de esforço já não está dependente desta classificação de risco. Contudo, estes especialistas consideram ser importante continuar a “identificar e controlar os fatores de risco de DCV”, num contexto global de prevenção e atuação. Os peritos consideraram dois aspetos importantes que levaram à não consideração dos fatores de risco na nova estratégia de avaliação médica: • Por um lado existe elevada prevalência de fatores de risco na população adulta, o que associada à raridade dos eventos CV adversos (EAM e MSC) faz com que “a capacidade de previsão destes eventos raros pela avaliação dos fatores de risco de DCV é baixa”; • Por outro lado, devido a esta elevada prevalência, este rastreio poderá ser demasiado conservador e originar consultas médicas desnecessárias em elevado número. Suportados pela literatura, discutida com exaustão no texto, os especialistas concluem, antes do início do programa de exercício físico, o que importa agora considerar é: • o nível atual de atividade física • a presença de sinais /sintomas de doença CV, renal, pulmonar ou metabólica • a intensidade de exercício desejada. Nas Conclusões os autores referem alguns aspetos que podem ajudar a reduzir os eventos CV desfavoráveis, realçando a importância da prescrição adequada do exercício físico: • Considerar a frequência a intensidade, o tempo e o tipo (FITT) de exercício, com atenção à progressão para permitir o aumento gradual da duração e intensidade do exercício; • Considerar o aquecimento e o retorno à calma (arrefecimento); • Promover o conhecimento sobre os sinais / sintomas de aviso (dor torácica, tontura, palpitações, falta de ar não habitual) • Encorajar os sujeitos sedentários a envolverem-se nas caminhadas regulares, “aceleradas” • Aconselhar os sujeitos fisicamente menos ativos a evitar atividade física intensa / perto do máximo, não habitual. Os autores tiveram o cuidado de referir que estas Recomendações não substituem a avaliação clínica adequada e que toda a atua