Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2016 | Page 31

inervação recíproca (agonista/ antagonista), a velocidade, a coordenação e o tipo de contração (concêntrica versus excêntrica), a energia disponível (a sua absorção e conversão), as propriedades biomateriais dos tecidos muscular e conjuntivo, a rigidez intrínseca (complacência ou a resistência muscular ao alongamento, á deformação e ao movimento), etc. Relaciona-se diretamente com a má transmissão miofascial, cargas excessivas, alterações microestruturais e deficiente função muscular, em que a capacidade de gerar força não é compatível com a demanda (ocorrendo fraqueza e/ou fadiga, estas também facilitadoras da RM). Para cada músculo existe uma ou mais zonas de maior fragilidade muscular e suscetibilidade de RM, diretamente relacionadas com a atividade (gesto) a desempenhar e as forças exercidas. Incluem-se a região proximal á junção miotendinosa (JMT) e o corpo muscular. A JMT é o local de transição das forças entre o músculo e o tendão, com grande suscetibilidade para a RM, já que possui fibras de menor tamanho, aumentado significativamente o stress por área de secção transversal de fibra, sarcómeros mais curtos, gerando menos força e tendo menor capacidade para mudar de comprimento no alongamento e encurtamento. Os músculos que sofrem RM são os sujeitos a alongamentos forçados, intensos e/ou bruscos, ou contração e alongamento brusco simultâneos, principalmente se encurtados, e/ou com elevada rigidez intrínseca e/ou descondicionados, quando usados em grandes amplitudes de movimento, podendo não responder em tempo útil com um alongamento fisiologicamente adequado. Também os com alavancas de má eficiência mecânica, os antagonistas de um movimento, que ao desacelerarem o segmento na fase final do movimento são submetidos a um rápido alongamento ou são incompletamente (co)ativados. Os músculos mais suscetíveis á RM são, frequentemente, mais superficiais e biarticulares, pois ao cruzarem duas articulações podem ser submetidos a maior alongamento quando contraem. A RM ocorre nos músculos bicípite femoral, gastrocnémios, semitendinoso, adutor magno, reto femoral, tricípite sural, bicípite ou, ainda, no supraespinhoso, reto abdominal e grande peitoral. Em conclusão, a RM tem etiologia multifatorial, biomecânica, química e energética, em correlação com o alongamento e/ou a contração. O conhecimento dos fatores etiológicos, dos mecanismos de ação e da semiologia clínica na RM é fundamental para o diagnóstico e terapêutica precoces. Dr. Basil Ribeiro. Medicina Desportiva. V N Gaia do risco, considerando-se a existência eventual de lesão prévia, a avaliação dos ligamentos, a observação do alinhamento do calcanhar, o estudo da força e flexibilidade muscular, mas também do equilíbrio e controlo do core, para além, mais uma vez, o verificar do IMC. No quarto momento passa-se para a intervenção na redução e modificaPLACAS TERMOPLÁSTICAS çãoCOM do risco, onde a enfase é dada ao reforço excêntrico muscular local, PERNEIRA assim como ao controlo motor, com controlo do equilíbrio e dos músculos do core. O treino propriocetivo é fundamental. Neste momento deve questionar-se a utilização de ligaduras funcionais ou de ortóteses. Os 5.º e 6.ºs momentos têm conteúdos teóricos de conhecimento e de operacionalização médica relacionado com o atrás descrito. Nas três lesões descritas para os membros Programação do treino e prevenção lesional O texto de consenso de várias sociedades americanas de medicina / traumatologia desportiva, publicado em janeiro de 2016, com o título “Selected issues in injury and Illness prevention and the team physician: a consensus statement”, serviu de base para esta apresentação. Os autores elaboram uma estratégia de investigação da lesão desportiva. Dá-se o exemplo da abordagem da entorse do tornozelo, uma lesão muito frequente e muito recidivante na prática desportiva. Existem seis passos a considerar e a seguir descritos. Importa primeiro saber a patofisiologia da lesão e, neste caso, é necessário saber que é uma lesão traumática por inversão do tornozelo aquando da queda, que poderá haver outras lesões associadas (fraturas, lesão da sindesmose tibioperonial inferior, lesão do ligamento deltoide, etc.) e que tem elevada taxa de recidiva. Depois, é necessário estar atento aos fatores de risco desta lesão, sendo que um dos mais importantes é a existência de lesão prévia, uma entorse anterior, a fraqueza dos músculos peroniais, no tornozelo lesionado e no outro, assim como o aumento do índice de massa corporal (IMC). O terceiro passo consiste na avaliação no sentido da modificação e redução COM PLACAS TERMOPLÁSTICAS COXA PERNEIRA Avançando para o seu bem estar! www.interorto.pt Revista de Medicina Desportiva informa Março 2016 · 29 COXA