Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2016 | Page 30
o segundo foi a discinesia escápulo-torácica, a qual é causa do mau
funcionamento da articulação
gleno-umeral. Não terminou a sua
intervenção sem primeiro enumerar
as diretrizes de tratamento, sempre
com muito respeito pela dor, a qual
deve ser evitada nas fases precoces
para minimizar a inibição muscular,
assim como recomendou evitar as
atividades que causem apreensão:
• Melhorar a proprioceção
• Melhorara a estabilidade dinâmica
• Melhorar o controlo neuromuscular
• Otimizar a posição da omoplata
• Otimizar a força muscular.
No processo de reabilitação fez
questão de repetir que os exercícios
inicialmente são em cadeia cinética
aberta e que evoluem para cadeia
cinética fechada, contrariamente ao
que está preconizado para o membro inferior.
Prof. Doutor João
Páscoa Pinheiro.
Medicina Física e
de Reabilitação,
Medicina Desportiva.
Coimbra
Epicondilite lateral – diagnóstico
diferencial e prognóstico
Os autores fazem uma breve revisão
anatómica do complexo articular do
cotovelo, na sua dimensão articular,
periarticular e neurológica. Apresentam de seguida os principais
quadros clínicos, nomeadamente a
tendinopatia de inserção, a artropatia rádio-umeral e a compressão
canalar do nervo interósseo posterior, ramo do nervo radial.
A tendinopatia de inserção no epicôndilo representa 85% da dor lateral e apresenta sintomas e sinais a
interpretar no âmbito da tendinose,
particularmente de extensor radial
breve do carpo. A artropatia rádio-umeral apresenta uma semiologia
muito característica identificada à
condropatia rádio-capitelar e ou a
patologia de uma expansão sinovial
(também identificada como menisco
de Tillaux). A neuropatia do nervo
interósseo posterior representa
5% da dor no epicôndilo lateral e
do conflito neuropático a nível da
arcada de Frohse (m. supinador), no
trajeto proximal do extensor radial
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breve do carpo ou raras vezes na
cabeça radial.
Os autores apresentam elementos
de prognóstico, identificados pelo
diagnóstico etiopatogénico, essencial
neste domínio da patologia traumática no desporto e ainda decorrentes da evidência existente para as
práticas terapêuticas conservadora e
cirúrgica.
Dr. Manuel Virgolino.
Ortopedia. Lisboa
Tendão e Aquiles e distúrbios
estáticos dos pés – a prevenção é
possível?
O tendão de Aquiles é uma causa
comum de incapacidade em muitos
atletas, devido a prolongadas exigências funcionais contínuas e intensas
que lhe são impostas. Nos atletas,
ocorre com maior frequência em
desportos que envolvam velocidades muito explosivas ou um esforço
máximo (atletismo, dança, ténis,
basquetebol). A tendinopatia aquiliana tem etiologia multifatorial, com
fatores intrínsecos e extrínsecos,
e requer também uma abordagem
multifatorial para sua resolução. É
uma patologia de “overuse”, em que
as cargas excessivas parecem ser o
principal estímulo para a lesão. Os
estudos epidemiológicos identificam
alterações do alinhamento distal dos
membros inferiores e falhas biomecânicas em 2/3 dos atletas com
tendinopatia do Aquiles. Contudo,
ainda não é conhecido o mecanismo
pelo qual estas alterações posturais
contribuem para a patogénese da
tendinopatia. O fator com maior
significado estatístico associado à
tendinopatias do Aquiles é anatómico – pés hiperpronados, varus,
cavos e planos. A prevenção poderá
ser possível com a identificação,
controlo e evicção dos fatores intrínsecos e extrínsecos relacionados com
a tendinopatia tendão de Aquiles.
Programas de treino com exercícios
fortalecimento excêntricos, a produção de ortóteses corrigindo o alinhamento tornozelo e pé, associadas a
outras medidas terapêuticas médicas
e cirúrgicas, poderão melhorar a reabilitação funcional da tendinopatia
tendão de Aquiles.
Tema 3: Patologias do
músculo – atualidades,
controvérsias e evidências
Moderadores: Dr. Raul Maia e Silva, Dra. Catarina
Aguiar Branco
Dra. Catarina Aguiar
Branco. Medicina
Física e Reabilitação.
Porto.
Biomecânica e lesão muscular.
Porque só alguns músculos sofrem
roturas?
Praticamente todas as pessoas
irão sofrer pelo menos uma lesão
musculoesquelética (LME) ao longo
das suas vidas. A existência de uma
rotura muscular (RM) implica a
interrupção de fibras musculares,
com perca da normal estrutura do
músculo, défice da função muscular
e do desempenho.
A etiologia é multifatorial [biomecânica (intrínseca e extrínseca),
química e energética], genericamente pode ocorrer no estiramento
excessivo (superior ao comprimento
“muscular” ótimo), na contração
muscular demasiado rápida, durante
o levantamento de cargas (excessivas). Existe uma “dificuldade” fisiológica em conciliar o alongamento,
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