Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2016 | Page 27

Resumos Rev. Medicina Desportiva informa, 2016, 7 (2), pp. 25-31 XXVI Curso de Reabilitação e Traumatologia do Desporto Coimbra, 30 de janeiro de 2016 Tema 1: Patologia do Tendão – Atualidades, Controvérsias, Evidências Moderadores: Prof. Doutor Fernando Fonseca, Dr. António Azenha Dr. António Azenha. Medicina Física e Reabilitação – Coimbra. Tendinite e tendinose: qual a especificidade dos agentes físicos? O tendão, uma estrutura fibroelástica que liga o músculo ao osso, que transmite a força gerada pela contração muscular e absorve impacto, pode ser acometido por um espectro de condições dolorosas em resposta a microtraumatismos repetitivos, sendo denominado de tendinopatia. Enquanto na fase aguda, tendinite, há uma reação inflamatória com microroturas do tendão, no processo de tendinose, crónico, ocorre degeneração do tendão com substituição de células e fibras de colagénio. No que concerne aos agentes físicos, há diversas modalidades disponíveis. O calor húmido, na primeira fase do programa de reabilitação, apresenta evidência, quer na melhoria do nível de dor, como na satisfação do doente. Os ultrassons terapêuticos apresentam ligeiro benefício no tratamento dos processos de epicondilite lateral e tendinite calcificante do supraespinhoso. A iontoforese não demonstrou melhoria significativa em estudos controlados com grupo controlo. A terapia por laser não apresenta evidência atual que sustente a sua utilização no tratamento de tendinopatias. As ondas de choque são um procedimento aprovado pela FDA para o tratamento da fasciíte plantar e da epicondilite lateral e, apesar de resultados com grande variabilidade nos estudos realizados, têm sido indicadas para o tratamento da tendinite calcificante do supraespinhoso com melhoria da dor e diminuição do tamanho da calcificação. Os programas de fortalecimento excêntrico, recentemente defendidos no tratamento de tendinopatia, demonstraram eficácia em estudos controlados, quer a nível da melhoria da dor, quer na recuperação e normalização da estrutura do tendão em RMN e ecografia. Apesar do tratamento ideal nas tendinopatias permanecer incerto, encontramos bons níveis de evidência com a utilização de programas de fortalecimento excêntrico e com as ondas de choque na patologia calcificante. Prof. Doutor Fernando Fonseca. Ortopedista. Coimbra É possível prevenir a tendinopatia de overuse? “Tendon disorders are a nemesis to both the athlete and the Physician1”. De há cerca de 20 anos até aos dias de hoje, a compreensão da patologia tendinosa teve uma evolução memorável. Depois de muitos anos a entender a patologia tendinosa como resultado de uma inflamação local, Kraushar BS, Nirschl RP2 mostraram em diversas avaliações histológicas que não se tratava de uma verdadeira inflamação, mas de uma alteração da matriz extracelular do tendão. Compararam os achados microscópicos a uma alteração de tipo degenerativo e propuseram que o processo fosse denominado como tendinose e não tendinite. Contudo, muitas situações clínicas continuavam a tratar-se com recurso a agentes anti-inflamatórios, corticoides incluídos. Esta nova designação lançou uma maior confusão no conhecimento desta patologia e nos diversos profissionais envolvidos no tratamento dos atletas, necessitando de uma clarificação. Na realidade ambas as entidades coexistem! Tendinite designa uma inflamação do tendão em resposta a uma sobrecarga aguda da unidade musculotendinosa e tendinose é um processo de degeneração do colagénio, do tendão, reativo a uma sobrecarga habitual e repetida ao longo do tempo. Maffuli3 explicou detalhadamente como se desenvolve a tendinose e o ciclo vicioso que conduz às alterações degenerativas observadas. Devido à sobrecarga provocada pelo exercício, gestos de impacto ou com componente vibratório, a reparação tecidular normal dos tecidos é alterada, nomeadamente a produção pelos tenócitos do colagénio. Consequentemente, a organização da matriz extracelular vai conduzir a uma fragilidade do tendão que, por sua vez, induz um processo de morte celul "V