Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2016 | Page 18

Experimentalmente a fadiga central foi demonstrada, comparando-se a performance muscular que um atleta pode atingir voluntariamente após uma atividade física extenuante, com a desenvolvida pelo mesmo músculo quando estimulado indiretamente por via transcrâneana na realização do mesmo esforço8. As modalidades desportivas de longa duração, o denominado exercício de endurance, como o ciclismo ou a corrida de fundo, estão associadas ao aumento do TRP livre na corrente sanguínea com consequente aumento da 5-HT pré-sináptica que, por sua vez, aumenta a estimulação seretoninergica pós-sináptica, determinando o surgimento de fadiga2. O TRP é um aminoácido plasmático. No estado de repouso 90% do TRP circula na corrente sanguínea ligado à albumina e 10% encontra-se livre no plasma9. Durante o exercício prolongado ou de alta intensidade o atleta necessita de recorrer a diferentes substratos para obter energia. Após a depleção das reservas de glicogénio, a lipólise e os BCAAs adquiridos pela alimentação tornam-se nas principais fontes de energia do organismo. Assim, a concentração plasmática de BCAAs diminui e a de ácidos gordos livres (AGL) aumenta10. Sabe-se ainda que os AGL competem com o TRP pelo mesmo local de ligação à albumina e por isso o aumento dos AGL plasmáticos leva ao aumento do TRP livre. Assim, conclui-se que o exercício prolongado promove o aumento do rácio TRP / BCAAs plasmático11. Foi demonstrado em humanos que o aumento do TRP livre durante o exercício prolongado promove o aumento do “uptake” deste aminoácido para o cérebro com consequente aumento da produção de 5-HT. Isto deve-se ao facto de a primeira etapa da produção de 5-HT ser catalisada pela hidrólase do TRP, uma enzima que não está completamente saturada. Assim, o transporte de TRP ao longo da barreira hemato-encefálica irá influenciar a concentração de 5-HT cerebral12. O transporte do TRP ao longo da BHE é realizado por um transportador comum aos vários large neural aminoacids (LNAAs), onde podem ser incluídos os BCAAs, leucina, isoleucina e valina. Este transporte é influenciado pela concentração de TRP livre, pela aptidão do próprio transportador e pela concentração plasmática de LNAAs9. BCAAs e fadiga central Sabendo que o TRP e os BCAAs competem pelo mesmo transportador na BHE e que a concentração plasmática de BCAAs durante o exercício prolongado está diminuída, diversos investigadores propõem que a diminuição do rácio TRP / BCAAs plasmático poderia aumentar o intervalo de tempo que um atleta levaria a atingir a exaustão. Isto porque o aumento da concentração de BCAAs ao nível da BHE irá saturar o transportador do TRP, o que promove a diminuição da serotonina c \