Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | страница 8

Resumos

Rev . Medicina Desportiva informa , 2013 , 4 ( 2 ), pp . 6 – 10

XXIII Curso de Reabilitação e Traumatologia do Desporto

Coimbra , 26 de Janeiro de 2013 Organizadores : Prof . Dr . João Páscoa Pinheiro , Dr . Pedro Lemos Pereira
Ocorreu mais um curso de reabilitação e traumatologia do desporto , com o sucesso que já nos habituou . Esta dupla de organizadores elaborou um programa extraordinário , com apresentação temática sequencial muito lógica e rigorosa , que foi cumprido com grande rigor horário e apresentado por palestrantes muito bem preparados e com exposições muito esclarecedoras . Desta vez a temática interessou o tornozelo e o pé . No final percebeu- -se que o trabalho de casa passa pela profunda reflexão sobre os conteúdos expostos . No tornozelo não ocorrem apenas entorses externas , de incapacidade limitada e de curta duração . Há ainda a considerar aquelas que deixam sequelas , por vezes ao longo de meses , assim como os diagnósticos diferenciais devem ser considerados . Interessante foi também a abordagem sobre os exames complementares de diagnóstico e , extraordinariamente importante , a prevenção primária e a secundária da ocorrência de lesões agudas . Foi mais um sucesso científico que interessou os mais de 300 inscritos no Curso . Estão novamente de parabéns os seus organizadores e esta Revista presta-lhes homenagem também com a publicação de resumos de algumas palestrantes . Obrigado e ficamos à espera da próxima edição . Basil Ribeiro , diretor .
O Dr . João P . Branco , médico de Coimbra , abordou o “ Mecanismo lesional ” e referiu que 15 a 25 % das lesões musculoesqueléticas são entorses do tornozelo , a maioria são externas , mas dever-se-á estar atento também à lesão da sindesmose tibioperonial inferior , ali mesmo ao lado . Referiu
serem mais frequentes no início da época e para o final dos jogos . Entretanto , chamou a atenção para as fraturas (#) que poderão correr num contexto de entorse , as quais são 9 % de todas as # s do adulto : 2 / 3 interessam apenas a um maléolo , ¼ incluem os 2 maléolos e cerca de 10 % são trimaleolares , nas quais se inclui o maléolo posterior do pilão tibial . Referiu existirem fatores intrínsecos ( pé cavo , por ex .) e extrínsecos contribuintes para a entorse do tornozelo ( tipo de terreno , piso , etc .), referiu haver controvérsia sobre a proteção do tornozelo , sendo a reabilitação do tornozelo ( prevenção secundária ) muito importante , a qual se não ocorrer contribuirá para a recidiva . O estudo do mecanismo da lesão é difícil , já que o mesmo mecanismo poderá originar várias lesões e a mesma lesão poderá ser causada por vários mecanismos . O estudo da cinemática das lesões poderá ajudar a esclarecer melhor esta temática , mas nem todos os jogos / treinos são filmados , o que dificulta o seu estudo . Os movimentos articulares responsáveis pelas lesões são : hiperflexão , eversão , inversão e rotação interna e externa .
O Dr . Pedro Saraiva , médico da Académica de Coimbra , falou sobre “ Os elementos da semiologia ”, recordando a importância do conhecimento dos antecedentes lesionais , do mecanismo da lesão e da eventual perceção momentânea de um estalido ou de um “ rasgão ”, apesar destes terem significado clínico pouco claro . A caraterização da dor é importante : o ritmo , a intensidade e constância . A dor na 1 .ª noite , que perturba o sono , sugere uma lesão grave . Também a impotência funcional , traduzida pela incapacidade em apoiar o pé no solo , traduz gravidade . O edema subsequente deve ser considerado e a formação do chamado “ ovo de pombo ” indica gravidade , embora não haja relação entre o volume do edema e a gravidade da lesão . A equimose , apesar de ser tardia ( 36-48 horas depois ), é importante pela indicação que dá de rotura ligamentar e / ou de # óssea . Se ocorrer na planta do pé corresponde quase sempre a #. Qual o momento ideal para observação clínica ? Logo de imediato para eliminar a suspeita clínica de #, mas a especificidade e sensibilidade dos testes é maior a partir do 5 .º dia . À inspeção , que deve ser feita até ao joelho , segue-se a palpação do tornozelo e do pé , tendo em atenção as Regras de Otava , as quais têm falsos negativos , mas continuam a ser muito úteis . Não esquecer a sindesmose , a “ entorse alta ”. Depois seguem-se os testes clínicos ( maior tolerância se realizados mais tarde ), dos quais se destaca a Gaveta Anterior do tornozelo , na qual se aplica força de direção anterior , progressiva e não violenta , após estabilização do astrágalo .
O Dr . António Azenha , médico fisiatra de Coimbra , de modo rápido e sucinto , classificou as entorses do tornozelo . São agudas , as recentes , ou crónicas quando têm mais de 6 meses de evolução , acompanhadas de instabilidade ligamentar , e que traduzem falência do tratamento . Podem ser laterais , mediais ou na sindesmose no que se refere à localização . A classificação de O ’ Donogue refere três tipos de graus : I , a distensão ligamentar ; II quando existe rotura incompleta de um dos ligamentos e III quando há rotura completa de um ligamento , sendo o mais frequente o tibio-fibular anterior , o que revela existirem entorses leves , moderadas e severas . A classificação de Trevino para s entorses externas inclui 4 graus , com vários subtipos , o que torna muito complexa . A chamada “ entorse alta do tornozelo ”, a lesão da tibio-fibular inferior , também pode ser classificada em 3 graus .
6 · Março 2013 www . revdesportiva . pt