Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | Page 31
repetitivos (em levantadores de
peso)3. No início há perda da linha
branca normal da cortical da clavícula distal, que pode evoluir até à
reabsorção de 1–2 cm da clavícula,
permanecendo o acrómio normal.
Durante a fase de regeneração, uma
porção da clavícula pode reconstituir-se, no entanto, o córtex distal
geralmente permanece indistinto e
ocasionalmente com esclerose subcondral ou formação de quistos.
As fraturas da omoplata são
incomuns e embora a maioria seja
visível, geralmente são negligenciadas porque a atenção é desviada
para lesões mais graves7.
Nas fraturas do úmero proximal
considera-se deslocamento significativo se o fragmento estiver angulado
mais de 45° ou deslocado mais de 1
cm. Na classificação de Neer, com o
número crescente de fragmentos o
prognóstico deteriora-se e o risco de
complicações, como a necrose avascular da cabeça do úmero, aumenta3.
Na luxação do ombro devemos
responder a algumas perguntas:
Qual é a posição da cabeça do
úmero? Houve fratura da glenoide
ou da grande tuberosidade? A cabeça
do úmero mostra evidência de fratura de compressão6? Cerca de 95%
das luxações são anteriores, mas a
cabeça do úmero pode também deslocar-se posterior, inferior ou superiormente. No jovem, no primeiro
episódio de luxação, geralmente
há avulsão do complexo labroligamentar da glenoide inferior, referido
como lesão de Bankart. A impactação da cabeça do úmero póstero-superiormente contra o bordo inferior da glenoide pode resultar numa
fratura da cabeça do úmero referido
como lesão de Hill-Sachs.
Os achados da luxação posterior
aguda são subtis, sendo crucial
obter-se uma incidência lateral
do ombro (“Y“– é a preferível porque pode ser obtida com pouca ou
nenhuma manipulação do braço).
Nessa situação, a cabeça do úmero
aparece na mesma posição na
incidência AP em rotação interna e
externa, pois é incapaz de efetuar
rotação externa da cabeça umeral3.
O conflito subacromial tem sido
correlacionado com a morfologia
da superfície inferior do acrómio,
havendo 4 tipos de morfologia: plana
(tipo I), curvatura suave (tipo II),
gancho anterior (tipo III) e convexa
(tipo IV). Os tipos II e III estão associados a aumento da incidência de
conflito. Outros achados frequentes
são os osteófitos, a não fusão do
“os acromial” e o espessamento do
ligamento coracoacromial, que é
ocasionalmente visível como calcificação3,7.
Na lesão crónica da coifa dos
rotadores, a cabeça do úmero
surge elevada, com estreitamento
do espaço subacromial (<6–7 mm),
remodelação da superfície inferior
do acrómio, reversão da convexidade normal da superfície inferior
do acrómio, alterações quísticas da
grande tuberosidade da cabeça do
úmero e perda do arco escapuloumeral ou de Moloney3.
Conclusão
A radiografia convencional é uma
ferramenta útil na avaliação do
ombro, no contexto de trauma
agudo e de dor crónica. Na maioria
das situações clínicas deve ser a
primeira modalidade de imagem a
realizar. O conhecimento das várias
projeções e achados radiológicos
descritos acima irão assegurar uma
ótima avaliação do ombro independentemente da etiologia.
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