Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | Page 29

Glicémia As determinações de glicemia em jejum tem a mesma utilidade que na clínica diária, e devemos estar preparados para as flutuações dentro dos valores normais deste parâmetro nos desportistas, sendo sempre de considerar a história familiar24. Ácido úrico Esta molécula azotada não proteica resultante do metabolismo das purinas é também um antioxidante, tendo melhor relação com a intensidade do que com o volume de treino. A hiperuricemia constitucional deve ser sempre procurada sendo nos casos de aumento de cargas físicas necessário efetuar terapêutica compatível25,26. Perfil lipídico Os doseamentos de colesterol total, LDL – colesterol, HDL colesterol, e triglicéridos têm interesse no rastreio de dislipidémias familiares. Os efeitos do exercício intenso, regular, prolongado e aeróbio faz descer os valores de colesterol total, aumenta as HDL e diminui as LDL24. De acordo com os trabalhos consultados24, os níveis de triglicéridos são variáveis. No caso de estarem aumentados no atleta, e na ausência de dislipidémia, podem traduzir alimentação incorreta ou consumo excessivo de álcool. Hormonas Em relação ás atletas femininas, existe um conjunto de determinações que são úteis na caraterização da situação de amenorreias no contexto desportivo27, onde o excesso de treino se associa a alimentação deficiente (por exemplo, nas atletas de ginástica em que o peso é um factor de escolha para determinados lugares na modalidade)27. Estas atletas são sujeitas a restrições calóricas importantes numa fase de crescimento, que tem como consequência uma baixa de estrogénios e progesterona, resultante da diminuição da massa gorda, limitando a produção de hormonas pelo tecido adiposo e a diminuição das hormonas LH e FSH da hipófise anterior. Nestas atletas a diminuição de leptina e outras adipocinas resulta na anorexia e alteração do ciclo menstrual4,28. A deficiência de estrogénios origina a diminuição da massa óssea, aumentado o risco de fraturas. A determinação do cortisol e da testosterona nas situações de fadiga e de excesso de treino pode ser importante, onde o aumento do cortisol e a diminuição da testosterona são explicadas pelo stress da competição29. médico se encontra apto para tal função. A prescrição por parte de profissionais de saúde não médicos não respeita o rigor e o critério clínicos, provocando custos muito acrescidos e desnecessários para os atletas e para o erário público. Bibliografia Análise de urina Esta análise tem interesse sobretudo nas seguintes situações: ··desidratação com aumento da densidade, ··hematúrias ligeiras, que devem ser valorizadas no contexto do pós – treino, ··proteinurias discretas que resultam do aumento da permeabilidade do glomérulo a um estímulo de stress, como o treino de alta intensidade e de longa duração. Nestes casos as variações individuais são muitas e convém conhecer o perfil do atleta22,23. Atletas de desporto de lazer Estes atletas estão espalhados pelos ginásios, parques e centros desportivos, que se inscrevem em torneios regionais, maratonas e outras. Em algum momento sentem necessidade de realizar alguns exames analíticos. O Quadro indica uma pequena lista, a qual deve ser sempre integrada na história clínica. hemograma completo glicemia creatinina ALT/AST colesterol total Colesterol HDL triglicéridos urina II Conclusão No atleta, os exames analíticos são exames complementares de diagnóstico que tem um contexto clínico e desportivo e que apenas permitem uma ajuda dentro da observação geral dos atletas. A sua prescrição deve ser criteriosa, limitada, objetiva e consequente, pelo que apenas o 1. Journal of Athletic Training 2009;44 (5):538557 2. K ver outra 3. Lehman Hemann Gastmann U, Petersen KG, Bachl N. et al Br J Sports Med 1992; 26: 232-42 4. Mónica Sousa et al, Acta Med Port. 2009; 22(3):291