Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | Page 15

Fig. 6: Reconstrução com fixação totalmente epifisária. – Ref.: Stanitski CL: Anterior cruciate ligament injury in the skeletally immature patient: Diagnosis and treatment. J Am Acad Orthop Surg 1995;3:146-158 crescimento do membro operado23. Em 2007, Kocher et al chegaram à mesma conclusão quando avaliam um grupo de pacientes no Estádio Tanner III submetidos a reconstrução de LCA pela mesma técnica24. Em 2010 e 2011, Streich et al25 e Nikolaou et al26 tiveram conclusões semelhantes. Em 2008 Liddle et al27 apresentam um estudo em que avaliam 17 doentes em estádio Tanner I e II, que foram submetidos a reconstrução transfisária do LCA, tendo verificado apenas em um doente um discreto desvio em valgo, sem implicações funcionais negativas. De referir que os estudos mencionados anteriormente avaliaram práticas de reconstrução de LCA por técnica trans-tibial. Este procedimento coloca os túneis tibial e femoral numa posição quase vertical, tendo uma área de agressão á fise menor que as mais recentes técnicas anatómicas, em que o túnel femoral é mais oblíquo, podendo colocar a zona lateral da fise femoral em maior risco. Shea et al estudaram por RMN o efeito desta colocação do túnel femoral na fise, e concluíram que a percentagem de área afetada era de 3.7% a 6.5%, podendo neste caso aumentar o risco de crescimento anormal. Os autores concluíram, contudo, que embora esta técnica não seja apropriada em pacientes com elevado potencial de crescimento, poderia ser feita com segurança naqueles em que o crescimento esperado é limitado28. A alternativa nos jovens com grande potencial de crescimento seria um túnel tibial quase vertical, geralmente de 6 mm e uma técnica over-the-top padrão para o fixar no fémur. VO NO Tendo em atenção os estudos referenciados e a idade do paciente, a familiarização com a técnica cirúrgica, foi com segurança que se efetuou a reconstrução transfisária, “adult-like” no doente apresentado. Alguns cuidados especiais descritos na literatura foram observados, como o total preenchimento dos túneis por enxerto, a lavagem abundante do mesmo para diminuir a possibilidade de fragmentos ósseos nas fises e a não colocação de material de fixação a atravessá-la (neste caso com o parafuso de fixação tibial). Conclusão O tratamento da lesão do ligamento cruzado anterior é ainda alvo de controvérsia entre a comunidade ortopédica. Está instituído que a terapia conservadora conduz por norma a maus resultados, com perpetuação da instabilidade e progressão das lesões intra-articulares. A técnica de eleição para o tratamento cirúrgico deve ser escolhida conforme o estádio de desenvolvimento do paciente. Após a revisão bibliográfica efectuada pelos autores, podemos concluir que a técnica tranfi