Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | Page 10
O Dr. Raul Maia Silva
falou da entorse
mediotársica ou
transversa do tarso
(também conhecida
por articulação de
Chopard). Chamou a atenção para o
facto de apesar de na literatura as
entorses isoladas desta articulação
serem consideradas relativamente
raras, elas são frequentes a acompanhar as entorses da tibiotársica só
que frequentemente são mal ou não
diagnosticadas. Iniciou com descrição da anatomia, referindo os ossos e
ligamentos envolvidos, e os eixos dos
movimentos rotacionais. O mecanismo da lesão é habitualmente o
da inversão (supinação, adução e
flexão plantar), mecanismo semelhante ao da maioria das entorses
externas do tornozelo (EET), o que
poderá levar a que não seja diagnosticada. A articulação calcaneocuboideia é mais atingida que a talonavicular. Acontece aquando do salto, na
corrida ou no desporto de contacto.
Pode ser benigna, em que é possível
continuar a marcha e apenas dias
depois a dor é intensa, não necessitando de tratamento especial, ou
grave, resultante de acidente
violento, com sinais semelhantes aos
da EET, mas de localização mais
distal no pé. A marcha poderá ser
possível com pequenos passos, com
canadianas ou ser impossível. No
exame objetivo testa-se a articulação imobilizando o retro pé e depois
fazendo movimentos de pronosupinação e adução/abdução, sendo
sugestivo do seu atingimento o
desencadear de dores na entrelinha
articular. São exames complementares a radiografia, que pode identificar pequenos arrancamentos, a TAC
para esclarecer informações ou
dúvidas do Rx e a RMN sobretudo
para diagnósticos diferenciais que o
justifiquem. O tratamento passa pela
imobilização gessada (4-6 semanas)
na presença de arrancamentos
ósseos e regresso desportivo nunca
antes de 2 meses. Este tipo de
tratamento é discutível na ausência
de lesão óssea, pois aumenta o risco
de algodistrofia. Será melhor fazer
descarga do membro, colocar
compressão elástica, realizar apoio
progressivo com ortótese e eventualmente usar palmilhas para apoio do
arco interno do pé. A cirurgia é muito
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rara. As complicações mais frequentes são as dores residuais para as
quais pode estar indicado o recurso a
uma infiltração com corticoides.
O Dr. Paulo Amado
abordou o tema
Papel da artroscopia
no tratamento de
patologias desportivas do tornozelo,
demonstrando o largo espectro de
situações em que a artroscopia do
tornozelo é eficaz, com menor
morbilidade, maior eficácia e menor
tempo de recuperação. Sendo a
artroscopia uma técnica desde
sempre intimamente ligada ao
fenómeno desportivo, este autor descreveu muitos exemplos da sua
larga experiência onde a artroscopia
do tornozelo é essencial: síndromes
exostantes do tornozelo, com
impingment ósseos e de tecidos
moles, anteriores e posteriores, e
respetivas abordagens cirúrgicas;
síndromes raros presentes em
atletas, como o pseudo-halux rígido,
por impingment posterior do flexor
longo do halux; síndrome do “quebra
nóz” e outros. Foi dada atenção
especial ao tema das lesões osteocondrais do astrágalo, referindo-se o
ponto da situação atual e mostrando-se as mais modernas técnicas de atuação, com exemplificação
de casos clínicos de atletas tratados
sob variadas formas (microfraturas,
enxertos homólogos e heterólogos,
condroindutores, MACI (revisões de 6
anos). Foi também abordado o
tratamento das instabilidades
externas do tornozelo com as
técnicas artroscópicas, uma delas
descrita pelo Dr. Nuno Corte Real e
publicada na revista Foot and Ankle