Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 | Page 6

· Hospital Saint Marys na Cidade Wurbury , EUA – Dr . Angelo , Dr . Kiggert , Dr . Mazda
· Hospital Italiano de Buenos Aires – Prof . Carlos Orttolenhgi
· Hospital Middlesex , Londres , Inglaterra
· Hospital Sacré Coeur , em Roma
Qual foi o momento mais feliz que viveu ao serviço da seleção nacional ?
Entre várias situações desse género , recordo o golo magistral , do “ meio rua ”, como se costuma dizer , do Carlos Manuel em Estugarda , a entrar pelo cantinho direito da baliza , que nos deu o passaporte para o Mundial do México e desencadeou um enfarte de miocárdio a um jornalista do Diário de Notícias ( Almeida Santos ), o qual foi de imediato transportado para a enfermaria . Foi necessário um desfibrilhador , que tivemos o cuidado de levar e que não havia nesse campo . Assim , foi tratado de emergência e depois levado para o Hospital , tendo tido Alta no dia seguinte e entregue aos cuidados do Dr . Telles Martins à chegada ao aeroporto .
… e o mais desagradável ?
Infelizmente o drama no México , que envolveu um escândalo e que abalou o Mundo do Futebol .
Refira-nos três situações clínicas com envolvência urgente .
Entre vários casos , que demonstram as situações emergentes a que o médico desportivo está sujeito , pondo à prova os conhecimentos da propedêutica e dos sinais clínicos , refiro os seguintes :
1 . Ortotraumatologia O Rui Rodrigues , após uma queda numa cova na relva , no jogo contra a Polónia , ficou em choque traumático .
Retirei-o e já na cabine batia com o pé no solo – “ Dr ! Não é preciso nenhum exame . Estou bem ”, dizia ele . “ Não Rui , estiveste em choque ”, respondi . Levei-o no meu carro à Urgência do Hospital S . José , onde eu exercia também funções . – RX p / p – negativos , obliquos e tangenciais – fratura completa vertical dum cuneiforme .
2 . Apêndicite aguda Num Hotel em Barcelona , na véspera do jogo de futebol com o Barcelona , jogo da Intertoto . À noite , após o jantar , o Gonzalez tinha uma dor na barriga . Palpar um ventre agudo aparentemente fácil tem a sua ciência . Disse-lhe : “ Tens uma apendicite aguda ou o diabo por ela ”. Fomos a um belissimo Hospital dos Serviços Médico-sociais e os meus colegas , após a observação e uma análise ao sangue , levaram-no ao Bloco Operatório e lá estava o apêndice prestes a desencadear uma peritonite .
3 . A Morte Súbita do Jaló O Jaló , jogador dos juniores do Belenenses , acabava os treinos com fadiga , deitado na relva e ofegante . Estava dado como apto , mas fiquei alarmado e levei-o ao Hospital de Sta . Marta . Entreguei-o aos cuidados dos Drs . Maldonado Simões e Telles Martins . À noite telefonaram-me : “ O Jaló não pode praticar qualquer desporto , tem risco de morte súbita por ter uma patologia grave cardíaca ”. Deixou de jogar , mas acabou por morrer : ia jogar à noite a um clube de bairro sem ninguém saber .
O que aconselha aos jovens médicos que se dedicam à medicina desportiva ?
Penso , em 1 .º lugar , que esta ciência da MD , que é aliciante sem dúvida , deverá ser encarada como uma profissão que exige , como toda a Medicina , vocação e a seguir de estudo através da vastíssima literatura que ela tem lançado no Mundo inteiro .
O médico desportivo , além da sua arte , terá de ser um companheiro amigo de todos os participantes e dos seus jogadores , atuando dentro dos seus conhecimentos como orientador competente e bom conselheiro . Fora disso , deverá colocar- -se no seu lugar e participar em tudo que esteja ligado aos afazeres duma equipa , incluindo na ajuda da metodologia do treino , e solicitar tudo que entenda para a completa preparação dum campeão .
Chamo a atenção de que se torna indispensável que , além da vocação e interesse por esta ciência , a MD exige que os seus colaboradores procurem a sua experência nos serviços hospitalares e nas urgências , para adquirirem o mínimo necessário para enfrentarem as situações de risco que surgem a qualquer momento . Assim , o médico desportivo tem sempre o recurso do Hospital , mas a sua experiência indicará a melhor atitude pela qualidade da sua observação e diagnóstico provisório correto , mercê do resumo dos sinais clínicos do seu exame . Finalmente , o médico desportivo deverá apoiar-se num grupo de trabalho que envolva o ortopedista traumatologista , o cardiologista e o fisiologista se possível . Com esse apoio à sua prestação , ficarão asseguradas todas as eventualidades .
Eu constituí o meu grupo de trabalho quando assumi com a seleção nacional a responsabilidade do Campeonato Europeu de França .
O grupo era constituido pelos seguintes elementos :
· Prof . Carlos Silveira , Professor Catedrático da Faculdade de Farmácia de Lisboa e Diretor do Instituto Toxicológico da Marinha ;
· Prof . Carlos Rendas , Médico Doutorado em Fisiologia do Esforço ;
· Dr . Maldonado Simões e Prof . Dr . Telles Martins , ambos diretores do Hospital da Marinha e da Cardiologia de Sta . Marta ;
· Joseph Wilsom , professor de Educação Física , primo do Mário Wilson .
Finalizo com o meu conselho : estudo e boa avaliação dum jogador são indispensáveis , atitudes que eu considero emergentes . A experiência e a formação são indispensáveis .
4 · Março 2013 www . revdesportiva . pt