Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 41

ao meio ambiente , à nutrição , aos hábitos adquiridos , que funcionam como causas fundamentais do desenvolvimento de doenças degenerativas . Múltiplos micronutrientes e as suas interações com o herdado ou adquirido , conseguem potenciar esses danos e criar instabilidade no genoma . O desafio clínico é identificar para cada individuo a combinação dos micronutrientes e suas doses de modo a otimizar a estabilidade do genoma e capacidade de reparação .
Igualmente importante é o acompanhamento das perdas hormonais com o envelhecimento , nomeadamente da testosterona associada ao hipogonadismo , desempenhando um papel fundamental , uma vez que a sua quebra acarreta uma série de compromissos , nomeadamente : diminuição da função sexual , da líbido e da força ( mental e física ), sarcopenia , osteoporose , anemia , fadiga , depressão , irritabilidade , envelhecimento cárdio-circulatório , disfunção cognitiva , síndroma metabólico , levando ao evoluir da doença .
No final tivemos o prazer de escutar o Prof . Doutor Júlio Machado Vaz a dar o enfoque psiquiátrico à temática do envelhecimento e da sexualidade ao longo da vida .
12 .º Convívio Científico : Exercício e saúde . A perspetiva do profissional do desporto – 4 de Nov 2011
Prof . Doutor Rui Garganta
A relação entre Exercício e Saúde perde-se no tempo , pois já Hipócrates 4 séculos AC fazia a sua apologia . Atualmente o Dr . Rober Sallis , Ex-presidente do Colégio Americano de Medicina Desportiva , diz o seguinte : “ Se houvesse um medicamento com os benefícios do EXERCÍCIO FÍSICO , todos faríamos os possíveis para fazer chegar essa maravilhosa droga a toda a gente ”. Apesar de tudo é fundamental ter cuidado com as generalizações e é fundamental diferenciar o que se entende por Atividade física , que traduz todo o movimento corporal que aumente o metabolismo de repouso , do Exercício físico , que se diferencia por ter de ser regular e estruturado , com o objetivo de melhorar a aptidão física . Também foi explícita a ideia de que o Exercício físico deve ser complementado com Atividade fisica ou vice-versa . Foram apresentados os aspetos essenciais que nos permitam aceder a uma boa Saúde e qualidade de vida ( Alimentação racional , Exercício regular e Gestão de stresse ), bem como os comportamentos descritos como os mais nocivos ( apanhar Sol em excesso , comer e beber em excesso e fumar ). Curiosamente , ou talvez não , temos mais apetência para os comportamentos nocivos do que para os saudáveis . Basta referir que em Portugal há cerca de 8 % de praticantes de exercício físico e 36 % de fumadores ! De facto , não temos uma “ cultura de prevenção ”.
Por fim , e na sequência da palestra proferida pelo Dr . Jaime Milheiro , foi aprofundada a temática da SARCOPENIA ou perda de massa muscular , que apesar de ser uma doença , cada vez mais atual , é praticamente desconhecida , mesmo pelos profissionais de Saúde . Um dos motivos da sua não apresentação e / ou divulgação prende-se com o facto de não haver medicamentos para a atenuar e / ou reverter , e que a única estratégia que se conhece para a compensar é o treino de força muscular !
13 .º Convívio Científico : Lesões desportivas no tornozelo e pé – 2 Dez 2011
Dr . Paulo Amado
As fraturas do tornozelo e do pé são muito freqüentes no desporto , principalmente em modalidades de alta competição e de contacto . São relacionadas com a atividade desportiva as fraturas dos metatarsianos em futebolistas e no atletismo , as fraturas da apófise lateral do astrágalo no snowbord e as fraturas do trigno em bailarinas , entre outras . Nas crianças as fraturas têm relevo particular devido às consequ ências que têm no desenvolvimento ósseo . Epifisites , tendinoses e lesões osteocondrais são lesões também típicas na atividade desportiva de crianças . A patologia de Sever ( calcâneo ) e de Kohler ( escafoide társico ) são também freqüentes . O tendão de
Aquiles tem uma importância destacada nas lesões desportivas , não só nas tendinites ou tendinoses , como também nas roturas . As fraturas de stress , roturas tendinosas , fasciítes plantares , síndromes de encarceramento , impingments ósseos e ligamentares , sinovites , enfim , um inúmero tipo de patologias que decorrem do trauma desportivo , sendo o seu diagnóstico por vezes de difícil comprovação , pois só no estudo do gesto desportivo se poderá compreender a sua génese . O tratamento destas lesões no desporto pretende-se que seja eficaz , rápido e seguro . O tratamento com fatores de crescimento tem vindo a ter crescente interesse , com importantes resultados , mas ainda carecendo , no entanto , de comprovação cientifica . Quando o tratamento cirúrgico se torna necessário , deve ser mini invasivo , seguro e pouco agressivo . As técnicas artroscópicas nasceram com o desporto , pois foi nos jogos Olímpicos de Tóquio que colegas Janoneses descreveram pela primeira vez a possibilidade de fazer meniscectomias sem artrotomia do joelho , ou seja , sem incisões cirúrgicas , por vezes de grandes dimensões . Além destas técnicas cirúrgicas implicarem muito menor tempo de recuperação , possibilitavam melhores tratamentos , menor tempo de hospitalização e retorno desportivo precoce . Hoje em dia é considerada má prática cirúrgica o tratamento cirúrgico de uma lesão do menisco por cirurgia aberta . Outras articulações começaram a ser tratadas pelo mesmo método , como o ombro , o cotovelo , o punho , o tornozelo e mesmo a anca . Na artroscopia do tornozelo grupos nacionais desenvolveram técnicas de reparação artroscopica com ligamentoplastias para tratamento de entorses do tornozelo com roturas de ligamentos . O tratamento das lesões da cartilagem do astrágalo tiveram um desenvolvimento idêntico . A investigação cientifica tem sido muito fértil no aparecimento de novas técnicas cirúrgicas , com a finalidade de potenciar as qualidades das técnicas cada vez menos agressivas , de melhor estética e com o objetivo imprescindível de manter a função e o retorno a atividade desportiva .
Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 39