Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 37

de decisão . Decidirem colocar na sua “ agenda de preocupações ” a gestão do seu peso . E isso , em meu entender , passa mais pela intervenção comportamental do que pela simples prescrição de dietas , mais ou menos restritivas , e planos de exercício , mais ou menos agradáveis ou motivantes . A estratégia deverá ser muito mais de “ treino ” de atitudes e comportamentos , com tudo o que o termo “ treino ” encerra , e , deste modo , muito mais centrada no cérebro do que no estômago , nos músculos ou no paladar .
6 .º Convívio Científico : Síncope – sintoma alarme para morte súbita ? – 4 Mar 2011
Prof . Doutor João Freitas
Síncope é das causas mais frequentes nos departamentos de emergência na Europa e nos Estados Unidos da América , correspondendo a cerca de 5 % dessas visitas e 2 % dos internamentos . Apesar da grande maioria das síncopes serem benignas , os episódios sincopais provocam preocupação acrescida nos doentes e familiares , especialmente nos indivíduos assintomáticos e reconhecidos como saudáveis . Além disso a síncope é reconhecidamente um sintoma premonitório de morte súbita na comunidade médica ou mesmo na população leiga . A importância da história cuidadosa e do exame físico , bem como o recurso criterioso aos exames subsidiários , inicialmente
o ECG , que deve ser feito universalmente numa abordagem inicial , e os restantes exames mais sofisticados por pistas que a história , o exame físico e o ECG nos orientem , foram detalhadamente descritos . Foi também discutida a implicação da síncope , nomeadamente como o principal sintoma de alarme para o despiste de cardiopatia com risco de morte súbita neste grupo populacional específico , de jovens atletas ou que praticam desporto de recreio , que eram supostamente saudáveis , e a sua relação com a morte súbita cardíaca .
7 .º Convívio Científico : Psicologia no desporto – 1 Abr 2011
Prof . Doutor Jorge Silvério
Gostaria de começar por definir aquilo que entendo como Psicologia do Desporto e para o fazer vou recorrer a uma definição dos meus amigos norte-americanos Bob Weinberg e Dan Gould ( 2011 ): “ Psicologia do Desporto e da Atividade Física consiste no estudo científico do comportamento das pessoas envolvidas no desporto e no exercício ou atividade física ”. É minha firme convicção que , apesar de hoje em dia todos os intervenientes no futebol luso ( atletas , treinadores , dirigentes , árbitros , etc .) recorrerem a aspetos psicológicos quase até à exaustão , quer para justificarem os sucessos , quer os insucessos ( basta lermos os jornais desportivos ou ouvirmos as declarações televisivas ), a psicologia enquanto ciência e os psicólogos ainda não foram totalmente aceites no mundo do futebol . Se para praticar a medicina desportiva se foram buscar os médicos , se quando se começou a falar em cuidados diferenciados com a alimentação se foram buscar nutricionistas , se quando há lesões se recorre a médicos , fisioterapeutas e massagistas , por que razão falando-se tanto em Psicologia e reconhecendo a sua importância não se recorre aos psicólogos e , dentro destes , a uma área que começa a desenvolver-se em Portugal que é a Psicologia do desporto ?
Assim , a Psicologia do Desporto permite fazer a ligação entre o corpo e a mente proporcionando técnicas para aumentar o rendimento desportivo . Outra tarefa secundária em relação a esta é uma intervenção de caráter mais clínico ajudando os atletas com problemas do foro psicológico .
Gostaria de deixar bem claro que perspetivo a intervenção do psicólogo como mais um membro da equipa técnica ao dispor do treinador no mesmo plano do fisioterapeuta ou do nutricionista . Os objetivos gerais da intervenção psicológica são a otimização do rendimento desportivo do atleta e , consequentemente , os reflexos positivos que esta terá na própria equipa e na melhoria do bem-estar geral do atleta , que também tem reflexos no seu próprio rendimento .
Existem muitas áreas onde a Psicologia do Desporto pode ser útil : diminuição da ansiedade , aumento da auto-confiança , atenção e concentração , motivação , liderança , relação treinador-atleta , coesão ( espírito de equipa ), esgotamento ( burnout ), sobre-treino , recuperação de lesões , jet-lag ( que surge após a travessia rápida de fusos horários ), imaginação e visualização mental , controlo da dor e apoio na transição de carreira . Os grupos alvo da Psicologia do Desporto e da Atividade Física são : atletas , treinadores , árbitros , dirigentes , familiares e “ outros significativos ” ( namoradas , amigos , etc .), clubes , federações e outras organizações desportivas .
Poderemos definir , assim , dois tipos de estratégias a utilizar para a
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