Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 35
riscos, lesões prévias, limitações
funcionais, perfil psicológico, envolvimento social e profissional, etc. É
preciso conhecer todas estas variáveis de modo a otimizar a programação da carga e não provocar muita
inflamação. O objetivo é desenhar
um plano à medida do executante,
de maneira a que possa usufruir
de todo o conhecimento médico-desportivo para o seu progresso e
melhoraria da performance, quer
isso represente correr ou saltar mais
alto na perspetiva competitiva ou,
simplesmente, represente melhorar
a sua capacidade para caminhar ou
subir degraus.
Quer no caso dos atletas que
queiram melhorar a performance,
quer no caso do cidadão comum que
queira fazer exercício em segurança,
o planeamento de treino deverá
incluir a avaliação inicial da performance física. Pode ser realizada através de uma prova de esforço cárdio-pulmonar onde se avalia a resposta
cardíaca, a resposta pulmonar e a
resposta periférica muscular. Deste
modo, os componentes do esforço
são estudados, detetando-se qual dos
três responde pior, com limitação da
performance. É possível saber o consumo máximo de oxigénio (VO2max), o
pulso máximo de oxigénio (VO2max/FC),
a resposta cronotrópica ao esforço,
a carga máxima, o limiar de anaerobiose e o coeficiente ventilatório, que
são parâmetros utilizados durante
anos exclusivamente ao serviço
do rendimento físico, mas que são
agora cada vez mais utilizados no
prognóstico do enfarte agudo do
miocárdio ou da insuficiência cardíaca. Os valores obtidos são ideais
para programar o treino, quer em
termos de frequência cardíaca, quer
em termos de carga. Esta avaliação
física deverá ser complementada por
uma avaliação bioquímica extensa,
para estudo dos níveis hormonais, de
vitaminas e de nutrientes. No final
será possível fazer “um desenho individualizado” para cada praticante no
que respeita a três grandes áreas de
intervenção: o recondicionamento
físico ou treino terapêutico, a nutrição e a suplementação.
2.º Convívio Científico: Fraturas de
stress no desporto – 5 Nov 2010
Dr. Paulo Amado
As fraturas de stress também são
conhecidas também como fraturas de fadiga, fraturas de marcha
ou pseudofraturas. Descritas pela
primeira vez em 1855 por um
médico militar alemão Breithaupt
e posteriormente por Stechow em
1897, desde o início se descreveram
como lesões típicas em pacientes
que tinham sido sujeitos a esforços
longos, prolongados e repetitivos.
É devido ao ultrapassar do limiar
de esforço de resistência óssea que
estas fraturas se produzem, sendo
típicas nos militares em campos de
treino, com calçado inadequado,
mas principalmente em atletas de
competição. Os erros de treino, as
superfícies desportivas e o uso de
calçado inadequado são fatores
importantes na génese destas fraturas. São fraturas com aumento de
incidência de acordo com o aumento
de freqüência de desportistas. Na
maioria dos casos as fraturas de
stress acontecem em indivíduos sem
alterações metabólicas ou outras,
mas também são típicas em diabéticos por perda de sinal de alarme
de defesa orgânica, que é a dor. A
maioria dos atletas com este tipo de
fraturas tem menos de 30 anos, são
atletas de atletismo, raça caucasiana
e os pés são os locais com cerca
de 95% deste tipo de fraturas. As
alterações na configuração plantar
ou as alterações ósseas aumentam
a possibilidade deste tipo de fraturas. No atletismo são freqüentes
nos pés, na tíbia ou no perónio, já
no basquetebol é típica a fratura
do escafóide társico, no ballet são
os sesamoides e metatarsianos,
nos militares o calcâneo é o mais
atingido, e no futebol a fractura
ocorre com mais frequência na base
do 5º metatarsiano. A dor inicia-se após cerca de 2 a 3 semanas do
início da patologia, sendo o diagnostico tardio, pela 12-16ª semana.
A desredução da fratura é rara (8%).
O diagnóstico por RX, é tardio e em
10% das vezes nunca será positivo.
A ressonância magnética é o exame
de eleição, demonstrando o edema
periósseo que antecede a lesão. O
diagnóstico diferencial deve ser feito
com: síndromes compartimentais,
tendinopatias, neuropatias, doenças vasculares, osteomas osteoides,
etc. O tratamento inicial deve ser
conservador e só deve retomar a
atividade desportiva após 2 semanas
de ausência de sintomas. O tratamento cirúrgico tem raras indicações e deve sempre ser encarado
como tratamento de fraturas de má
consolidação, logo com necessidade
de enxerto ósseo.
3.º Convívio Científico:
Osteoporose – uma visão alargada
– 3 Dez 2010
Prof. Doutor Carlos Vaz
A osteoporose é uma doença esquelética em que existe compromisso
da robustez óssea, com o consequente aumento do risco de fraturas. Estas ocorrem em situações de
traumatismo de baixa intensidade,
o qual não seria suficiente para
causar uma fratura num indivíduo
sem osteoporose. A osteoporose é
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