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riscos, lesões prévias, limitações funcionais, perfil psicológico, envolvimento social e profissional, etc. É preciso conhecer todas estas variáveis de modo a otimizar a programação da carga e não provocar muita inflamação. O objetivo é desenhar um plano à medida do executante, de maneira a que possa usufruir de todo o conhecimento médico-desportivo para o seu progresso e melhoraria da performance, quer isso represente correr ou saltar mais alto na perspetiva competitiva ou, simplesmente, represente melhorar a sua capacidade para caminhar ou subir degraus. Quer no caso dos atletas que queiram melhorar a performance, quer no caso do cidadão comum que queira fazer exercício em segurança, o planeamento de treino deverá incluir a avaliação inicial da performance física. Pode ser realizada através de uma prova de esforço cárdio-pulmonar onde se avalia a resposta cardíaca, a resposta pulmonar e a resposta periférica muscular. Deste modo, os componentes do esforço são estudados, detetando-se qual dos três responde pior, com limitação da performance. É possível saber o consumo máximo de oxigénio (VO2max), o pulso máximo de oxigénio (VO2max/FC), a resposta cronotrópica ao esforço, a carga máxima, o limiar de anaerobiose e o coeficiente ventilatório, que são parâmetros utilizados durante anos exclusivamente ao serviço do rendimento físico, mas que são agora cada vez mais utilizados no prognóstico do enfarte agudo do miocárdio ou da insuficiência cardíaca. Os valores obtidos são ideais para programar o treino, quer em termos de frequência cardíaca, quer em termos de carga. Esta avaliação física deverá ser complementada por uma avaliação bioquímica extensa, para estudo dos níveis hormonais, de vitaminas e de nutrientes. No final será possível fazer “um desenho individualizado” para cada praticante no que respeita a três grandes áreas de intervenção: o recondicionamento físico ou treino terapêutico, a nutrição e a suplementação. 2.º Convívio Científico: Fraturas de stress no desporto – 5 Nov 2010 Dr. Paulo Amado As fraturas de stress também são conhecidas também como fraturas de fadiga, fraturas de marcha ou pseudofraturas. Descritas pela primeira vez em 1855 por um médico militar alemão Breithaupt e posteriormente por Stechow em 1897, desde o início se descreveram como lesões típicas em pacientes que tinham sido sujeitos a esforços longos, prolongados e repetitivos. É devido ao ultrapassar do limiar de esforço de resistência óssea que estas fraturas se produzem, sendo típicas nos militares em campos de treino, com calçado inadequado, mas principalmente em atletas de competição. Os erros de treino, as superfícies desportivas e o uso de calçado inadequado são fatores importantes na génese destas fraturas. São fraturas com aumento de incidência de acordo com o aumento de freqüência de desportistas. Na maioria dos casos as fraturas de stress acontecem em indivíduos sem alterações metabólicas ou outras, mas também são típicas em diabéticos por perda de sinal de alarme de defesa orgânica, que é a dor. A maioria dos atletas com este tipo de fraturas tem menos de 30 anos, são atletas de atletismo, raça caucasiana e os pés são os locais com cerca de 95% deste tipo de fraturas. As alterações na configuração plantar ou as alterações ósseas aumentam a possibilidade deste tipo de fraturas. No atletismo são freqüentes nos pés, na tíbia ou no perónio, já no basquetebol é típica a fratura do escafóide társico, no ballet são os sesamoides e metatarsianos, nos militares o calcâneo é o mais atingido, e no futebol a fractura ocorre com mais frequência na base do 5º metatarsiano. A dor inicia-se após cerca de 2 a 3 semanas do início da patologia, sendo o diagnostico tardio, pela 12-16ª semana. A desredução da fratura é rara (8%). O diagnóstico por RX, é tardio e em 10% das vezes nunca será positivo. A ressonância magnética é o exame de eleição, demonstrando o edema periósseo que antecede a lesão. O diagnóstico diferencial deve ser feito com: síndromes compartimentais, tendinopatias, neuropatias, doenças vasculares, osteomas osteoides, etc. O tratamento inicial deve ser conservador e só deve retomar a atividade desportiva após 2 semanas de ausência de sintomas. O tratamento cirúrgico tem raras indicações e deve sempre ser encarado como tratamento de fraturas de má consolidação, logo com necessidade de enxerto ósseo. 3.º Convívio Científico: Osteoporose – uma visão alargada – 3 Dez 2010 Prof. Doutor Carlos Vaz A osteoporose é uma doença esquelética em que existe compromisso da robustez óssea, com o consequente aumento do risco de fraturas. Estas ocorrem em situações de traumatismo de baixa intensidade, o qual não seria suficiente para causar uma fratura num indivíduo sem osteoporose. A osteoporose é Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 33