Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 22

Os anti-histamínicos atuam através do bloqueio dos recetores H1 . Permitem a redução dos sintomas de prurido oral e nasal , rinorreia e esternutos . São recomendados os de segunda-geração , pois têm menos efeitos laterais , nomeadamente os efeitos anti-colinérgicos sedativos , alteração cognitiva , secura da mucosa e alteração da regulação da temperatura 2 , 6 , 12 . A via de administração mais frequente é oral , podendo ser também aplicados por via intra-nasal . O seu uso está indicado nos sintomas intermitentes e nos sintomas ligeiros , podendo ser utilizados isoladamente ou associados a outras opções terapêuticas , principalmente quando os sintomas são persistentes ou moderados , como corticoterapia nasal , descongestionantes ou mesmo com antagonistas dos leucotrienos 1 . Há autores que aconselham evitar o uso de anti-histamínicos durante o período de competição 6 .
Os corticoides tópicos correspondem à terapêutica mais eficaz no tratamento da rinite no atleta . Permitem a redução de todos os sintomas nasais , bem como dos sintomas oculares 1 . De facto , a medicina baseada na evidência comprova esta eficácia , demonstrando a superioridade em relação às outras armas terapêuticas , como anti-histamínicos orais e tópicos 12 . Podem ser usados de forma crónica e durante o período de competição e estão indicados nos atletas quando os sintomas são persistentes ou intermitentes e de gravidade moderada , havendo quem considere o seu uso nos intermitentes ligeiros , mas esta última opção não está representada nos principais guias de referência da medicina baseada na evidência de 2008 e 2010 da Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma ( ARIA ) 1 . O seu uso tópico é permitido pela Agência Antidoping Mundial ( WADA 11 ), sendo o tratamento pela via oral , retal , intramuscular e intravenoso sujeito a restrições e , quando necessários , é fundamental a comprovação da sua necessidade terapêutica 11 .
Os descongestionantes nasais , como a fenilefrina ou a efedrina , atuam nos recetores adrenérgicos permitindo reduzir a obstrução nasal . São usados principalmente de forma tópica por curtos períodos , em geral até 5 dias , devido ao efeito lateral de induzirem , quando em uso prolongado , rinite medicamentosa . Estão indicados no tratamento em associação 13 com outros fármacos . A administração por via oral deverá ser evitada nos atletas de alta competição , pois a presença de concentrações acima de 150 µ g / ml de efedrina e pseudoefedrina são proibidas 11 .
Os antagonistas dos recetores dos leucotrienos são fármacos que permitem inibir a atividade inflamatória dos leucotrienos e parecem ser uma opção válida principalmente nos adultos com sintomas de predomínio sazonal . Outras opções terapêuticas menos utilizadas , mas que podem ser necessárias em casos refratários , são o cromoglicato disódio ou o nedocromil , utilizados por via intranasal ou ocular . Apesar de terem um excelente perfil de segurança exigem administrações frequentes , o que dificulta a adesão ao tratamento 2 , 9 .
O brometo de ipatrópio intranasal , pelo seu efeito inibidor da estimulação do sistema nervoso parassimpático , permite diminuir a escorrência nasal . Apesar de não reduzir os outros sintomas , poderá ser particularmente útil no caso do esquiador de forma a contrariar os efeitos da exposição ao ar frio 14 .
A lavagem nasal , usando uma
Sintomas Intermitentes
Rinite Alérgica
Anti – H1 oral não sedativo oral ou intranasal e / ou
Descongestionantes ou ARLT ou CCT intranasal Sem prioridade estabelecida
Rever em 2-4 semanas se rinite persistente solução de cloreto de sódio , parece ser de facto eficaz nos casos de rinosinusite crónica , principalmente quando em associação com corticoide inalado .
Nos casos de rinite alérgica um algoritmo específico de abordagem foi estabelecido pelo grupo ARIA ( Figura 2 ).
No caso da rinite alérgica a indução de tolerância pode ser possível através da imunoterapia específica ou chamadas vacinas de alergénios . Este tratamento permite de facto modificar a doença . Encontra-se indicado nos doentes que têm evidência , através de testes cutâneos e de IgE específicas , de sensibilização a esse alergénio , cujos sintomas não estão controlados com a terapêutica farmacológica e quando não é possível evitar o contacto com o agente despoletador . Este quadro clínico coloca-se frequentemente no atleta alérgico aos pólens que treina e tem competições no exterior e cujos sintomas mesmo após tratamento farmacológico afetam o desempenho da sua atividade física 1 . A imunoterapia pode ser administrada via subcutânea ou sublingual e pode ser efetuada para alergénios das árvores , gramíneas , mas também para ácaros do pó da casa 1 , 10 , 13 . Este tratamento tem duração de pelo menos 3 anos e exige a ida mínima
Excluir a presença de Asma
Sintomas Persistentes
Ligeiros Moderados – Graves Ligeiros Moderados – Graves
Anti – H1 não sedativo oral ou intranasal e / ou Descongestionantes ou ARLT Sem prioridade estabelecida
Melhora Manter mais 1 mês
Falha Aumentar a dose
Melhora Reduzir a dose e continuar mais 1 mês
1 .º CCT intranasal 2 .º Anti – H1 oral ou ARLT
Rever em 2 – 4 semanas
Não responde Rever diagnóstico e adesão ao tratamento
• Aumentar ou adicionar corticoide inalado
• Se rinorreia associar brometo de ipatrópio
• Se congestão nasal associar descongestionante ou CCT oral
Anti – H1 anti histamínico H1 ; ARLT antagonista dos receptores dos leucotrienos ; CCT corticosteróide .
Figura 2 . Abordagem terapêutica da rinite alérgica ( adaptado de Bousquet , J ., et al ., Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma ( ARIA ) 2008 update )
20 · Março 2012 www . revdesportiva . pt