Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 17

Fig . 2 – Artromotor ( cortesia SORISA ®)
em cicloergómetro ( agora sem necessidade de selim elevado ) ou em elíptica , com resistência e duração progressivas , já que o uso do treadmill nesta fase não é habitualmente recomendado pelo grau de impacto articular implicado . Mantêm-se os exercícios de estabilização pélvica e o treino de marcha . Progride-se no treino propriocetivo , evoluindo gradualmente do apoio bipodal estável para apoio monopodal instável .
Fase 3
A terceira fase ( S6-S8 ) inicia-se quando as AA e o padrão de marcha estiverem normalizados e a força muscular dos flexores da anca operada for superior a 60 % do lado contralateral . Devem-se manter os exercícios prévios de FM , introduzindo-se agora exercícios pliométricos , visando a melhoria da força potência , e treino de agilidade . Continua-se o treino propriocetivo e o treino aeróbio , podendo recorrer- -se agora ao treadmill . O objetivo é a recuperação total da força muscular e a otimização da resistência cardiovascular , do controlo neuromuscular , do equilíbrio e da proprioceção .
Fase 4
A partir de S8 e até S16 desenrola- -se a quarta fase do programa de reabilitação , que visa o retorno à atividade desportiva , pelo que deverá incluir exercícios específicos da respetiva modalidade . As recomendações quanto aos timings de retorno à atividade desportiva são altamente variáveis e dependentes dum considerável número de fatores ligados ao indivíduo , ao tratamento e à modalidade pretendida . Contudo , raramente está recomendado o retorno à atividade desportiva antes das 12 semanas , sendo que os desportos de contacto estão recomendados só a partir dos 6 meses pós-operatório .
A hidrocinesiterapia
A reabilitação em meio aquático constitui um recurso de enorme utilidade na reabilitação desta entidade , podendo ser utilizada desde as fases mais precoces , logo que restabelecidas as condições de cicatrização cutânea . O meio aquático constitui um meio seguro para o treino , associando o efeito analgésico , a descarga sobre o membro afetado e o reforço sensitivo da água com melhoria da proprioceção . Assim sendo , numa primeira fase os exercícios podem ser efetuados num nível de imersão superior , em cadeia cinética fechada e assistidos pela impulsão hidrostática . Ao diminuir- -se progressivamente o nível de imersão e aumentar-se a velocidade do movimento associa-se o treino de força e resistência musculares e o recondicionamento aeróbio . A hidrocinesiterapia mostra-se útil em todas as fases do programa , permitindo iniciar uma série de exercícios de forma mais precoce ( ex : treino de corrida ) quando estes não são tolerados em “ meio seco ”.
Situações específicas
Existem algumas especificidades a considerar consoante os procedimentos cirúrgicos efetuados . Quando é efetuada a reparação do labrum , a abdução deve ser limitada a 25 º e as rotações e a extensão devem ser “ suaves ” durante 3 semanas , iniciando-se o retorno à atividade desportiva na nona semana . Quando é efetuada a reparação capsular deve impedir-se as rotações durante 3 semanas , retomando-se a atividade desportiva à décima terceira semana . Quando são efetuadas microfraturas deve ser feita descarga durante pelo menos 5 semanas , sendo possível o regresso à atividade dezassete semanas após a cirurgia .
Deve salientar-se que os procedimentos descritos ( e seus timings de aplicação ) não são estanques , dependendo em larga medida do procedimento cirúrgico efetuado e do desempenho do doente ao longo das diferentes fases do programa , tornando fundamental a comunicação entre as diferentes equipas profissionais envolvidas .
Conclusão
O CFA é uma patologia responsável por uma percentagem não quantificada de processos de dor e osteoartrose precoce da anca até agora considerados na sua maioria como idiopáticos . Assim sendo , é necessária uma crescente sensibilização para o problema para que seja possível o diagnóstico precoce , uma orientação eficaz dos doentes e a instituição de um plano terapêutico de reabilitação adequado . O plano descrito constitui um esquema geral de reabilitação que , como todos , deve ser adaptado às especificidades de cada doente .
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