Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 15
bilateral permite a comparação das
duas ancas. A realização posterior
da radiografia da bacia na incidência de Dunn bilateral, em decúbito
dorsal, ao nosso ex-atleta permitiu
identificar a diminuição da normal
concavidade na junção cabeça-colo
anterior do fémur (setas vermelhas),
ausente à esquerda e diminuída à
direita (Fig. 7).
A TAC e a RM são usadas para
identificação de casos subtis de CFA
e de outras causas de dor. Para diagnóstico de lesões condrais e labrais
preferimos a ArtroRM.
Tratamento
Se o paciente for portador de fatores
de conflito, mas não tiver queixas, nada deverá ser feito. Se, pelo
contrário, apresentar queixas com a
atividade desportiva que o paciente
pretende manter, a solução é naturalmente cirúrgica.
diagnósticos incorretos, com tratamentos inadequados e até prejudiciais e, sobretudo, a perda de tempo.
A fisioterapia, numa tentativa de
ganho de mobilidade, agrava o
problema e está, por isso, contraindicada.
Existem fundamentalmente três
técnicas para a correção cirúrgica do
conflito:
A artroscopia apresenta-se como
a técnica menos invasiva, mas exige
muita experiência e destreza técnica
e, mesmo assim, não é fácil dada a
as particularidades anatómicas da
articulação da anca8.
A luxação cirúrgica, a técnica
original de correção do conflito, é a
mais agressiva, mas é a única capaz
de corrigir adequadamente alguns
tipos de conflito7.
A técnica mini-invasiva anterior
(Fig. 8 e 9), associada a intensificador de imagem e a artroscopia, tem
invasibilidade e reabilitação muito
semelhantes à artroscopia e permite
a correção da maioria dos CFA9,10,11.
O nosso paciente foi tratado por
técnica anterior mini-invasiva, assistida por artroscopia (Fig. 8). Precedeu-se a osteoplastia femoral (Fig. 9),
desbridamento da lesão cartilagínea
e re-inserção do labum.
Conclusão
Fig. 8 – Técnica mini-invasiva, assistida
por artroscopia
Fig. 9 – Técnica mini-invasiva, incisão
de 6 cm, exposição de cabeça femoral e
acetábulo por via anterior
Sendo o problema um conflito
mecânico, a solução é cirúrgica e
passa pela restituição da anatomia
(correção do fatores de conflito)
e tratamento das lesões condrais
e labrais associadas. Esta correção deve ser feita sem demora em
indivíduos sintomáticos, antes que
se estabeleçam lesões cartilagíneas
irreversíveis. A não identificação
do conflito leva muitas vezes a
Há um número significativo de indivíduos que apresentam fatores de
conflito, são, no entanto, sedentários
e, por isso, não apresentam sintomas: são tidos como portadores de
conflito. Para nós, a maior dificuldade na área do CFA não está na sua
identificação, nem sequer na sua
correção, mas sim em relacioná-la
com as queixas, isto é, em atribuir
as queixas clínicas aos fatores de
conflito. Isto exige um bom exame
clínico e imagiológico, com exclusão
de outras causas para a dor. Na realidade, tratando-se de uma patologia
muito específica, o tratamento do
doente com CFA deve ser efetuado
por profissionais com vasta experiência nesta área. A correção cirúrgica dos fatores de conflito numa
fase precoce permite a retoma da
atividade desportiva, muitas vezes
com melhores resultados.
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