Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 11

Revisão da literatura

Rev . Medicina Desportiva informa , 2012 , 3 ( 2 ), pp . 9 – 10

Current analysis of women athletes with pelvic pain

( Resumo )
Meyers , W . C . et al . Med Sci Sports Exerc , vol 43 , n º 8 , pp . 1387-1393 , 2011
Resumo do artigo : Dr . Basil Ribeiro . Medicina Desportiva . CHVN Gaia – Espinho , EPE . Comentário : Prof . Doutor J . Páscoa Pinheiro . Medicina Física e Reabilitação , Medicina Desportiva . Coimbra
RESUMO ABSTRACT
A pubalgia consiste na presença de dor em torno da púbis e é um sintoma que pode corresponder a algumas dezenas de patologias . A hérnia do desportista já é um diagnóstico , o qual , de modo muito insidioso , tem vindo a entrar no vocabulário médico . Mas a patologia da anca também ser considerada . Os doentes portadores de pubalgia são doentes crónicos , com vários meses de sofrimento , sujeitos a muitos tratamentos e programas de reabilitação , inicialmente prejudicados pela incapacidade parcial , que apenas lhes diminui o rendimento e atrasa o tratamento . O tratamento cirúrgico constitui quase sempre a chave do sucesso terapêutico e o retorno mais precoce à competição .
Pubalgia refers to the pain located around the pubis and it is a symptom that can be related to several pathologies . The sports hernia is already a diagnosis , which slowly it is getting in the medical vocabulary . But the hip pathology must be considered as well . Patients suffering of pubalgia are chronic patients , suffering for several months , that had underwent a lot of treatments and rehabilitation programs , and on the beginning they only had a partial handicap that prevented a good performance and delayed the diagnosis . The surgical treatment most of the times is the key for the terapeutic success and for an earlier return to the sports competition .
PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
Pubalgia , hérnia do desportista , dor crónica da pélvis , dor crónica da anca Pubalgia , sports hernia , chronic pelvic pain , chronic hip pain
Os autores desde estudo “ investigaram todas as mulheres observadas na clínica , portadoras de dor pélvica relacionada com o esforço ”, com mais de 3 meses de duração , durante o período de 2 anos . Na análise que fizeram consideraram três grupos de diagnóstico : a ) com problemas benignos músculo- -esqueléticos ( pubalgia ) – grupo A ; b ) problemas na articulação da anca – grupo B ; c ) outros problemas não relacionados com lesão ( gastrointestinais , ginecológicos , urinários , etc .) – Grupo C . Encontraram ainda atletas portadoras simultaneamente de pubalgia e de problemas na anca – grupo AB . Os diagnósticos foram elaborados a partir da história clínica e do exame físico , apoiados pela ressonância magnética , a qual foi realizada a todas com pubalgia ou patologia articular . O follow-up foi feito 3 e 6 meses após a cirurgia ou após 1 ano nos casos não operados . Os resultados foram graduados em 4 tipos : 1 – pior após a cirurgia ;
2 – sem alteração ; 3 – melhorado , mas não no nível máximo desejado e 4 – retorno ao rendimento total desejado , pelo que só neste caso foi considerado sucesso total .
A pubalgia foi definida como um conjunto de “ lesões dos tecidos moles da pélvis fora da articulação da anca e localizadas simetricamente à volta e incluindo a sínfise púbica , mas sem inclusão do sacro e da coluna ”. As lesões da anca incluíram o acetábulo , o ligamento redondo , as cartilagens articular e do labrum , a cabeça e o colo do fémur e a sinovial . As mulheres foram ainda divididas em atletas de competição e de recreação .
No Grupo A houve 47 doentes ( 28,7 ± 2,0 anos de idade ), das quais 51 % eram de recreação , e o atletismo foi o desporto que mais doentes forneceu . Todas tinham alterações nas inserções sobre a sínfise púbica e 63,8 % tinham envolvimento das estruturas mais laterais . Foram sujeitas a cirurgia 37 ( 79 %). No Grupo B houve 40 doentes ( 32,7 ± 2,4 anos ), em que 48 % eram de recreação . As principais patologias foram a rotura do labrum e o conflito femoro-acetabular . Foram sujeitas a cirurgia 16 mulheres ( 40 %). No Grupo AB houve 14 mulheres ( 28,6 ± 2,9 anos ), sendo 8 ( 57 %) de recreação . Todas tinham rotura do labrum e 13 tinham também conflito ( B ), e todas tinham patologia insercional na sínfise púbica e todas menos uma tinham patologia nas estruturas laterais ( A ). Nove foram sujeitas a cirurgia e todas a 2 cirurgias , para a anca e para a pubalgia . No Grupo C foram incluídas 39 atletas , sendo a distrofia simpática reflexa a mais frequente , seguida da doença de Crohn , da endometriose e de outras . Foram incluídos dois tumores malignos , um sarcoma e um teratoma , que foram depois curados com sucesso .
O folow-up ao longo de um ano permitiu encontrar informação importante .
· 44 mulheres dos Grupos A e B foram operadas ( 29 não foram ), tendo havido 2 complicações : infeção da ferida cirúrgica e um possível encarceramento nervoso , que não se confirmou na cirurgia posterior .
· 23 destas 44 tentaram evitar a cirurgia coma realização prévia de 3 meses de fisioterapia , o que revela a dificuldade em aceitar a cirurgia numa patologia que não é totalmente incapacitante ;
· 25 ( 89,1 %) das 28 mulheres do Grupo A referiram sucesso após um ano , ao passo que tal apenas
Quadro : Distribuição de acordo com o desporto praticado
Atletismo
Futebol
Hóquei gelo
Basquete
Dança
Outros
Desconhecido
Grupo A
13
7
4
4
3
14
2
Grupo B
12
4
3
3
2
13
3
Grupo AB
5
2
3
3
1
2
0
Competição
11
6
3
3
3
12
0
Recreação
9
3
1
0
0
14
8
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