Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2012 | Page 33

colunas anterior e posterior da pelve , respetivamente , anel obturador , bordos acetabulares anterior e posterior , parede acetabular medial e lágrima radiográfica ( estrutura radiográfica que resulta de uma sobreposição de sombras da parede medial do acetábulo ) 6 , 7 , bem como avaliar o padrão trabecular ósseo e a integridade da cortical 7 . Na avaliação da trabeculação óssea é importante ter em conta a existência de algumas zonas mais lucentes sem significado patológico ( uma área triangular acima do acetábulo , as porções medial e lateral da cabeça femoral e a porção intertrocantérica do colo femoral ) e , de seguida , observar a trabeculação na pesquisa de processos infiltrativos e fraturas ocultas 6 .
A radiografia AP da bacia não é a mais adequada para a avaliação sagrada , mas posteriormente à asa do sacro devemos avaliar a porção medial da crista ilíaca 6 . Avaliação da articulação da anca Na avaliação da parede medial do acetábulo é importante averiguar a sua relação com a linha ilioisquiática : se a tocar mas não a ultrapassar denomina-se coxa profunda , se se estender medialmente o doente apresenta protrusão do acetábulo 4 – 6 . Um pequeno aumento da distância da lágrima radiográfica a outra estrutura ( cabeça do fémur , por exemplo ) orienta-nos , em comparação bilateral , para um possível derrame articular 6 .
Para avaliar a inclinação acetabular podemos usar o ângulo de Tönnis ( formado por duas linhas partindo da extremidade inferior do bordo esclerótico acetabular , uma no eixo horizontal da pelve – linha que une os bordos inferiores das lágrimas radiográficas – e outra em direção à extremidade lateral do referido bordo ). Ângulos aumentados (> 10 º) são associados a instabilidade estrutural e ângulos diminuídos (< 0 º) a risco de impingement femoroacetabular do tipo Pincer 4 .
Outro indicador quantitativo de instabilidade é o ângulo center-edge lateral ( formado por duas linhas com origem ao nível do centro da cabeça do fémur , uma perpendicular ao eixo horizontal da pelve e outra em direcção ao bordo esclerótico acetabular lateral ) que avalia a cobertura acetabular da cabeça do fémur 4 – 6 : entre 25 – 40 º é normal ; entre 20 – 25 º há displasia borderline ; se < 20 º estamos perante o acetábulo displásico ; e acima de 40 º há sobrecobertura acetabular e risco de inpingement do tipo Pincer 5 . Devemos ainda verificar se o acetábulo está normalmente antevertido ( bordo anterior do acetábulo projetado medialmente em relação ao posterior e este último projetado próximo do centro da cabeça femoral ). Na presença de retroversão acetabular , os dois bordos cruzam (“ cross-over sign ” – Fig . 3 ) 4 , 5 .
Fig . 3 – Setas : bordo acetabular anterior ; cabeças de seta : bordo acetabular posterior
Devemos também determinar a esfericidade da cabeça do fémur e a congruência desta com o acetábulo . Se a cabeça femoral se estender mais de 2 mm além de um círculo de referência , há perda de esfericidade 4 , podendo o contacto da porção protuberante femoral com o acetábulo originar inpingement tipo CAM 10 . Paralelamente , cada anca pode ser considerada congruente , se a cabeça do fémur e o acetábulo apresentam curva semelhante , ou incongruente , se não forem paralelos4 .
Conclusão
A radiografia da bacia é um exame de primeira linha na presença de sintomatologia a este nível , devendo , para além de uma visualização geral na pesquisa de alterações grosseiras , ser efectuada uma análise sistemática para maximizar a informação obtida . Esta avaliação pode não só orientar a pesquisa de fraturas e o despiste de osteoartrose , mas também auxiliar na avaliação da pubalgia e pesquisa de sinais de conflito femoroacetabular .
Bibliografia
1 . Vande Berg BC et al . Imagerie de la hanche : quel examen choisir ? J Radiol . 2001 Mar ; 82 ( 3 Pt 2 ): 373-84 ; quiz 385-6 .
2 . Taljanovic M et al , Expert Panel on Musculoskeletal Imaging . ACR Appropriateness Criteria ® chronic hip pain . [ online publication ]. Reston ( VA ): American College of Radiology ( ACR ); 2011 . 9 p . [ 89 references ]
3 . Geusens E , Van Breuseghem I , Pans S , Brys P . Imaging in trauma of the pelvis and hip region . JBR-BTR . 2004 Jul- -Aug ; 87 ( 4 ): 190-202 .
4 . Clohisy JC et al . A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip . J Bone Joint Surg Am . 2008 Nov ; 90 Suppl 4:47-66 .
5 . Nunes RB , Amaral DT , Oliveira VS . Propedêutica radiológica do impacto femoroacetabular em tempos de tomografia computadorizadae ressonância magnética : o que o radiologista precisa saber . Radiol Bras . 2011 Jul / Ago ; 44 ( 4 ): 249 – 255 .
6 . Manaster BJ . From the RSNA Refresher Courses . Radiological Society of North America . Adult chronic hip pain : radiographic evaluation . Radiographics . 2000 Oct ; 20 Spec No : S3-S25 .
7 . Bencardino JT , Palmer WE . Imaging of hip disorders in athletes . Radiol Clin North Am . 2002 Mar ; 40 ( 2 ): 267-87 , vi-vii .
8 . http :// www . kinemovecenter . it / ita / 285 / voce / 66 / athletes-pubalgia-a-systematic- -review . htm . Bisciotti GN . Athlete ’ s Pubalgia A Systematic Review ( último acesso 18 / 12 / 2011 )
9 . Hochberg MC . Quantitative radiography in osteoarthritis : analysis . Baillieres Clin Rheumatol . 1996 Aug ; 10 ( 3 ): 421-8 .
10 . Tannast M , Siebenrock KA , Anderson SE . Femoroacetabular impingement : radiographic diagnosis-what the radiologist should know . AJR Am J Roentgenol . 2007 Jun ; 188 ( 6 ): 1540-52 .
Avançando para o seu bem estar !
Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 31