Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2013 - Page 28
com valor do ferro sérico normal
ou ligeiramente inferior. Pode haver
ferritina normal ou elevada e haver
carência de ferro, dado que a ferritina se comporta como proteína de
fase aguda, aumentando nos estados
inflamatórios, na patologia hepática
e em algumas neoplasias13.
A gamaglutamil-transpeptidase
(g-GT) não está diretamente relacionada com o exercício físico, mas é
importante na avaliação da função
hepática, como a metabolização
de xenobióticos, ou seja, o álcool e
medicamentos. Tem como função
transferir o grupo glutatião para
aceitadores peptídicos16.
Bioquímica
ou na deficiência de ferro. O seu
aumento pode sugerir carência de
vitamina B12 ou de ácido fólico.
O doseamento dos reticulócitos,
como fator de reatividade medular,
interessa no contexto da dopagem e
de algumas anemias.
Em relação aos leucócitos importa
referir as leucopenias, com ou sem
linfocitose, associadas a desportos
com forte componente anaeróbio,
enquanto as leucocitoses com neutrofilia podem ocorrer nos esforços
de longa duração por migração dos
leucócitos marginais e também
pelo aumento das hormonas de
stress (catecolaminas e citocinas).
As alterações leucocitárias podem
corresponder a situação patológica,
a infeção ou a inflamação. A eosinofilia pode sugerir um estado de
reatividade alérgica ou à existência
de uma parasitose11.
As plaquetas aumentam em
número após o exercício físico de
média e longa duração. No caso da
trombocitopenia, além do eventual desequilíbrio entre a produção
medular e a libertação de citocinas
inflamatórias, deve ser considerada a
patologia infeciosa ou imunológica.
Metabolismo do ferro
O estudo deste metabolismo é feito
através do doseamento do ferro, da
ferritina, da proteína de armazenamento, da transferrina (proteína de
transporte) e, em casos especiais,
através do doseamento dos recetores celulares da transferrina12. A
ferritina continua a ser o melhor
parâmetro de avaliação do metabolismo deste metal, uma vez que dá
indicação sobre as reservas, as quais
podem estar já muito diminuídas
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Enzimas
Os enzimas ALT (GPT) e a AST (GOT)
são responsáveis pela transaminação, ou seja, pela troca da função
amina do a-aminoácido com a função cetona de um a-cetoácido, sendo
libertadas para o plasma em caso de
citólise. São uma medida de lesão
hepática, uma vez que existem em
grande quantidade nos hepatócitos.
Nos atletas os valores sobem duas a
três vezes o limiar de normalidade
após uma sessão de treino intenso,
sendo uma medida de lesão muscular. A AST, que aumenta mais com
a lise muscular do que a ALT, pode
apresentar aumentos relativos em
relação á ALT decorrentes do treino
e não de patologia hepática. O valor
destas enzimas, em conjunto com o
CK (creatinaquinase), apresentam-se se elevadas acima dos valores
superiores da normalidade após o
exercício físico intenso.
A creatinaquinase (CK) é uma
enzima muito abundante no músculo-esquelético, cardíaco e tecido
cerebral. Tem duas subunidades (M e
B) que se encontram associadas em
isoenzimas: MM, músculo-esquelético, MB músculo cardíaco, BB tecido
cerebral. Catalisa de forma reversível a transformação de creatina
em fosfocreatina a partir do ATP. Os
valores desta enzima superiores a
1000 U/L são resultantes de rabdomiólise e o ideal seria ter o perfil dos
atletas com determinações de CK
em várias ocasiões para poder valoriz