Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 36

Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 11(2):34-35. https://doi.org/10.23911/SPMD_2020_3 Dra. Rita Tomás Médica, Especialista em Medicina Desportiva Clínica CUF Alvalade Unidade de Saúde e Performance, Federação Portuguesa da Futebol No dia 16 de Abril a Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva (SPMD) dinamizou um webinar aberto à comunidade sobre um tema muito atual, os desafios que a pandemia de COVID-19 trouxe à Medicina Desportiva. A Dra. Rita Tomás moderou os quatro convidados de diferentes áreas da Medicina, que deram a sua visão sobre a situação presente: o Dr. Ricardo Mexia (Saúde Pública), a Dra. Diana Ferreira (Medicina Desportiva), o Dr. Vítor Fonseca (Pneumologia) e o Prof. Dr. Hélder Dores (Cardiologia). O webinar iniciou-se com uma pequena intervenção de cada palestrante, enquadrando a COVID-19 nas suas áreas de especialização, seguindo-se algumas perguntas feitas pela moderadora. Apesar de existirem mais questões e dúvidas do que respostas ou certezas, a discussão foi muito interessante e enriquecida pelas perguntas que foram chegando durante o webinar. Cerca 170 participantes seguiram em direto o webinar no Zoom e no Facebook da SPMD. O vídeo do webinar já foi visualizado mais de 1700 vezes no Facebook. Dr. Ricardo Mexia Especialidade em Saúde Pública Instituto Nacional de Saúde Doutor. Presidente, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública A Pandemia de COVID-19 tem representado um enorme desafio à escala global, rodeado da incerteza de uma doença que conhecemos há menos de quatro meses, com um impacto bastante heterogéneo em diferentes países. A perspectiva é de que, em Portugal, conseguimos evitar o crescimento exponencial que se verificou em outros países, mas não permite que a redução das medidas de restrição da transmissão seja tomada sem medidas compensatórias. Terá que haver assim um novo normal com a adoção de um conjunto de medidas mais ou menos permanentes, pelo menos até que seja possível ter uma de três soluções: imunidade de grupo, vacina segura e efetiva ou opção terapêutica eficaz. No que toca à atividade física, houve desde logo uma preocupação de que pudessem ser encontradas opções para que as pessoas mantivessem um nível de atividade física, quer para os cidadãos em geral, mas também para os atletas. Numa lógica de retoma de um conjunto de atividades seguramente que essa preocupação será também atendida. Dra. Diana Ferreira Médica, Especialidade em Medicina Desportiva Human Performance Department, Sport Lisboa e Benfica; Aluna de Doutoramento em Medicina, NOVA Medical School Um dos grandes desafios que a COVID-19 nos lançou prende-se com a prevenção dos fatores de risco das doenças crónicas. A maior permanência da população em casa pode levar a maior inatividade física, bem como a hábitos nutricionais e de sono inadequados. É importante conseguirmos motivar a população para a manutenção de um estilo de vida saudável, assegurando sempre a sua segurança. Os indivíduos, previamente saudáveis, que tenham contraído a COVID-19 deverão consultar o seu médico assistente antes de retomar a prática de atividade física. Apenas após ser excluída a infeção ativa por SARS-CoV-2 ou a existência de sequelas da mesma poderá ser seguro reiniciar a prática de atividade física ou exercício. Todos os indivíduos previamente saudáveis que se tenham mantido assintomáticos deverão realizar atividade física conforme a tolerância individual. O exercício deverá ser o adequado à manutenção da condição física atual e contemplar os componentes aeróbio, resistência muscular, flexibilidade e neuromotor. Sempre que possível, o treino deverá ser supervisionado por um profissional de saúde ou um profissional das Ciências do Desporto, de forma remota, com vista à correta execução técnica dos exercícios e prevenção de lesões, e deve ser adaptado em função do equipamento disponível em casa de cada um. A suspensão e cancelamento dos campeonatos e competições de várias modalidades obriga igualmente à manutenção dos adequados níveis de treino dos atletas profissionais, que têm adaptado o seu treino às limitações inerentes ao Estado de Emergência, em particular o encerramento de instalações desportivas e de ginásios. A monitorização dos treinos destes atletas é complexa, mas tem beneficiado muito da criatividade e qualidade das equipas e dos treinadores que os acompanham. Devemos salientar igualmente o papel das redes sociais no contexto do Desporto e da Medicina 34 maio 2020 www.revdesportiva.pt