Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 13
problema. Um estudo de revisão,
publicado em 2018, evidenciou que
amostras de bebidas vegetais de soja
apenas continham 31% do conteúdo
de cálcio mencionado no rótulo
quando não devidamente agitadas. 10
Osteoporose e ingestão de proteína
Apesar da ingestão proteica aumentada
estar associada a maior excreção
urinária de cálcio, a ingestão
aumentada de proteína >0,8g/kg/
dia (de origem animal ou vegetal),
parece não contribuir para o desenvolvimento
da osteoporose ou risco
de fratura óssea. As evidências
mais recentes demonstram que não
existem efeitos adversos do consumo
elevado de proteína desde que
exista ingestão adequada de cálcio
(>800mg/dia). No entanto, serão
necessários estudos mais robustos
e a longo prazo para que se possa
clarificar o papel exato da proteína
na saúde óssea. 11,12
Recomendações alimentares para
a boa saúde óssea:
• Incluir diariamente alimentos
ricos em cálcio na alimentação ao
longo de toda a vida
• Consumir diariamente 2 a 3
porções de leite magro ou produtos
lácteos magros (sempre que
compatível com as preferências
alimentares. Em alternativa optar
por bebidas vegetais enriquecidas
com cálcio)
• Consumir diariamente 5 porções
de frutas e hortícolas
• Garantir adequada ingestão de
vitamina D (salmão, sardinhas,
atum, ovos, fígado, exposição
solar)
• Garantir adequada ingestão de
vitamina C (fruta) e vitamina K
(legumes de folha verde, fígado e
peixe)
• Limitar a ingestão de sal (máximo
de 5g por dia, i.e., 2gr de sódio)
• Moderar ou abster-se do consumo
de bebidas alcoólicas
• Suplementação em cálcio, vitamina
D e outros nutrientes, caso
seja necessário e com supervisão
médica.
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A prescrição de estatinas é bastante
generalizada em Portugal e
noutros países. Sabe-se que um
em cada três americanos estão
a tomar estatinas, ao passo que
na Dinamarca estão prescritas a
mais de 10% da população. A sua
capacidade em baixar o colesterol
no sangue faz com sejam benéficas
na redução da mortalidade
e da morbilidade cardiovascular.
Contudo, o risco aumentado de
dor muscular está reportado,
o que poderá interferir no rendimento
desportivo. Os autores
deste estudo quiseram saber se as
pessoas medicadas com estatina
e com dor muscular tinham diminuição
do rendimento desportivo.
Houve três grupos: Estatina sem
dor (n=25; 61±1 anos de idade),
estatina com dor (n=39; 63±1
anos) e grupo de controlo (n=20;
60± 2). Das 6 mil pessoas do
estudo, 19% referiam dores musculares.
Os participantes realizaram
provas de esforço e calorimetria
indireta para avaliar a
endurance e a oxidação máxima
de gordura, assim como a avaliação
isocinética para calcular a
potência do aparelho extensor da
perna. Os autores não encontraram
diferenças entre os grupos
no que se refere à capacidade
aeróbia, à oxidação das gorduras
ou à força do quadricípite. Com as
reservas habituais, parece que o
incómodo das dores musculares
não compromete o rendimento
e, por esta razão, não faz sentido
deixar de tomar as estatinas e
comprometer a saúde cardiovascular
neste grupo etário. BR
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