Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 10
Rev. Medicina Desportiva informa, 2020; 11(3):8-11. https://doi.org/10.23911/APO_25anos_2020_05
As Palestras
Feira da Maratona
Alfandega do Porto – 1 e 2 nov 2019
Dr. Elton Gonçalves
Nutricionista. Rio Ave FC
Alimentação e nutrição na saúde
óssea
A alimentação saudável e a nutrição
adequada representam uma
importante estratégia para alcançar
e manter a massa óssea em níveis
adequados, contribuindo para a
prevenção de doenças debilitantes
como a osteoporose. O chamado
“pico de massa óssea” é atingido
por volta dos 30 anos e resulta da
interferência de fatores genéticos
e ambientais, nomeadamente a
adequação nutricional e o exercício
físico. 1 A área de conhecimento é
mais extensa em relação importância
do cálcio e da vitamina D, mas na
verdade os benefícios nutricionais
poderão ir além destes dois nutrientes.
De facto, a ingestão adequada
de vitaminas e minerais, através
de escolhas e padrões alimentares
corretos, desempenha um papel
importante na saúde óssea. Com o
aumento da população mundial e da
esperança média de vida, a osteoporose
representa um problema
de saúde global, com implicações
enormes para a qualidade de vida
das pessoas e prejuízos significativos
a nível sócio económico. 2 Importa,
por isso, reforçar as principais estratégias
nutricionais para melhorar
a ingestão e absorção de cálcio ao
longo da vida.
Sobre o cálcio
O cálcio é o mineral mais abundante
na dieta. Cerca de 1% do cálcio do
nosso organismo é utilizado para
suportar funções metabólicas,
incluindo a contração muscular. Os
restantes 99% encontram-se nos
ossos e dentes e tem um impacto
significativo nos processos de formação
e reabsorção da massa óssea.
O osso é um tecido dinâmico, em
constante autorregulação, de modo
a suprir as necessidades fisiológicas.
O balanço dos fenómenos de eliminação
e reabsorção, determinam
se existe aumento da massa óssea
(na infância e adolescência), equilíbrio
do pico ósseo na idade adulta
ou perda de massa óssea na idade
sénior (especialmente na mulher
pós-menopausa), potenciando neste
caso o risco de osteopenia e de
osteoporose e, consequentemente,
a maior probabilidade de fraturas
ósseas.
Gráfico 1 – Evolução da massa óssea ao longo da vida 4
A taxa de absorção do cálcio sofre
variações ao longo da vida. É mais
elevada nos períodos de rápido
crescimento (infância/adolescência
e gravidez) e mais reduzida na idade
adulta e sénior. Num adulto saudável,
a absorção de cálcio será aproximadamente
25% da sua ingestão.
Esta percentagem é mais reduzida
nas mulheres após menopausa e nos
homens com mais de 60 anos.
O cálcio não absorvido é eliminado
maioritariamente através das fezes,
mas também pela urina, pele e
transpiração. 3
A absorção de cálcio pode ser
condicionada por fatores alimentares
(Tabela 1). Além desses fatores,
o consumo de frutas e vegetais, pelo
seu elevado teor em potássio, magnésio,
polifenois, vitamina C, silício
e vitamina K correlacionam-se positivamente
com a saúde da massa
óssea, bem como a correta ingestão
de proteína (1,0-1,2g/kg/dia).
Consumo alimentar dos
portugueses vs. recomendações
Conhecendo as melhores condições
para aumentar a ingestão e
absorção de cálcio, e analisando o
consumo alimentar dos portugueses,
tem-se uma noção da realidade
em relação às recomendações.
Segundo os resultados do Inquérito
Alimentar Nacional e Atividade
Física (2015‐2016) verifica-se que a
ingestão de cálcio dos portugueses é
insuficiente, tem consumo elevado
de bebidas alcoólicas e consumo
excessivo de sal. 5
8 maio 2020 www.revdesportiva.pt