Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Page 22

alongados, os quais podem estar contraturados (e doridos) devido ás posições, viciosas ou não, que ocor- rem na posição de sentado na secretária, em frente ao computador ou do tablet. A própria utilização correta dos bastões e o movimento adequado dos braços promovem a postura corporal correta. Por exemplo, o bastão é empurrado ao máximo para trás e o braço fica em extensão total, o que origina alongamento muscular, com eventual efeito descontraturante. O aspeto caído, enrolado dos ombros, quase como que um corcunda, acaba por ser aliviado. É um exercício físico prati- cado de modo suave, com entusiasmo e prazer, onde se associa o alívio da tensão muscular cervical e dos ombros ao fortalecimento dos músculos da parte superior do tronco. Qualquer pessoa, independente- mente da idade ou da condição física, é candidata a este tipo de exercício. Aliás, no plano da preven- ção de quedas, é um tipo de exercí- cio que pode ser praticado pela generalidade das pessoas com debilidade física e menor capacidade de evitarem a queda, pois o apoio dos braços nos bastões é uma ajuda adicional para a estabilidade em qualquer superfície do terreno. As pessoas que deixaram de caminhar por eventuais razões ortopédicas encontram nesta modalidade uma boa oportunidade para se reinicia- rem na marcha, agora não necessa- riamente acelerada. Basta iniciar a prática de acordo as limitações e condicionalismos de aptidão física. Rachid Dahnoun/Aurora/Getty Images Em abril de 2018 foi publicado online uma revisão sistemática e meta-análise para resumir os efeitos da MN na aptidão física, composição corporal e qualidade de vida de idosos (60 a 92 anos de idade), tendo 20 maio 2019 www.revdesportiva.pt sido incluídos 15 estudos. Compa- rando com os sedentários, os que praticavam MN melhoraram o equilíbrio dinâmico (0.30), o equilí- brio funcional (0.62), a força da parte superior do tronco (0.66) e dos membros inferiores (0.43), a capaci- dade aeróbia (0.92), os outcomes cardiovasculares (0.23), a composi- ção corporal (0.30) e o perfil lipídico (0.67), apenas tendo tido efeito negativo no equilíbrio estático (-0.72). Na comparação com a marcha tradicional, a MN melhorou o equilíbrio dinâmico (0.30), a flexibilidade dos membros inferiores (0.47) e a qualidade de vida (0.53). Em relação ao treino de força, a MN também revelou evoluções mais favoráveis. Os autores concluíram que a MN “pode ser considerada uma forma segura e acessível de exercício aeróbio para a população idosa, capaz de melhorar os outcomes cardiovasculares, a força, o equilí- brio e a qualidade de vida. Contudo, um estudo publicado já este ano, realizado com 33 idosos não treina- dos, concluiu que após 8 semanas o treino de MN não resultou em maiores melhorias em relação à marcha tradicional nas avaliações de equilíbrio estático, estabilidade dinâmica e nos componentes psicológicos e sociais da qualidade de vida. Os bastões não são colocados à frente do corpo, mas sim com as pontas orientadas diagonalmente para trás, a exemplo do que acon- tece no esqui de fundo, e permitem a projeção adicional para a frente, com os ombros relaxados e descaí- dos. A técnica correta obriga a ombros relaxados e os bastões sempre atrás do corpo. A colocação anterior dos bastões, com flexão acentuada dos cotovelos, define uma técnica errada. Os bastões ficam junto ao corpo e as mãos não devem estar cerradas, não servem para os segurarem, já que tal função é executada pelas tiras (alças) que circundam os punhos. Deste modo, os bastões podem balancear para a frente. Os especialistas referem que a técnica é simples, mas existem pormenores que só através do ensino e da execução orientada podem ser assimilados, pelo que recomendam a ajuda de pessoa mais experiente. Entretanto, desaconselham a utilização de pesos nos braços com o objetivo de aumentarem a carga sobre os membros superiores, pois tal promoverá um stress não natural adicional sobre as articulações. Scott Markewitz/Photographer’s Choice RF/Getty Os bastões da MN são de caracte- rísticas várias. Podem ser feitos de alumínio ou de fibra de carbono, o que condiciona diferentes capacida- des de absorção do impacto, assim como a durabilidade e o peso. Poderão ter comprimento fixo ou ajustável, telescópico, o que é importante, pois a técnica correta só se consegue com o comprimento adequado. Para uso em superfícies planas o bastão de comprimento fixo é adequado, sendo deste modo o mais leve. Se houver partilha do bastão ou necessidade de mais fácil arrumo, então a opção telescópica, com bom sistema de bloqueio, é a opção de escolha. Integrado no bastão, na zona mão, existe uma alça (ou meia luva) que permite o balanceio anterior do bastão no seu movimento anterior. Esta alça permite libertar o bastão após o impulso posterior e encaixá-lo depois na mão. As pontas dos bastões dependem do tipo de piso, sendo de borracha quando se caminha no passeio ou na estrada e pontiagudos para os terrenos naturais. Importa distingui-los dos bastões de cami- nhada, que são utilizados para se obter estabilidade adicional e não para consumo adicional de energia. Poderão ter ou não a alça e, neste caso, serve apenas para impedir que o bastão escorregue da mão. São habitualmente mais largos e anato- micamente desenhados, ao passo que os bastões da MN são mais finos e com design mínimo. O custo de um par de bastões é acessível, depende