Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Page 17

Pedro F. Saint-Maurice, PhD et al. Association of Leisure-Time Physical Activity Across the Adult Life Course With All-Cause and Cause-Specific Mortality. JAMA Netw Open. 2019 março;2(3):e190355. Victor W. Zhong, et al. Associations of Dietary Cholesterol or Egg Consumption With Incident Cardiovascular Disease and Mortality. JAMA. 2019;321(11):1081- 1095. doi:10.1001/jama.2019.1572. São cada vez mais os estudos que demonstram os benefícios da prática do exercício físico regular para a saúde e bem-estar individual. Há também os estudos que a associam com longevi- dade. Foi este aspeto que os autores do National Cancer Institute, Rockville, EUA, quiseram responder com a questão: “Existe associação entre os padrões de atividade física de lazer (AFL) durante a adolescência (15 aos 18 anos), durante os períodos 19-29 anos, 35-39 anos ou mais idosos (40-61 anos de idade) e mortalidade por todas ou por causas específicas?” Este estudo prospetivo de cohort utilizou infor- mação do National Institutes of Health – AARP Diet and Health Study que incluiu 315059 pessoas (58.2% homens) que na altura tinham entre 50 e 71 anos de idade. A AFL foi auto-reportada, em horas por semana, e foi categorizada como mantendo, aumentando ou diminuindo ao longo do tempo. Houve 71377 mortes por todas as causas (MTC), 22219 por doença cardiovascu- lar e 16388 por cancro. Fazendo a com- paração com os sujeitos “que foram consistentemente inativos durante a adolescência, os sujeitos que tinham o maior valor de AFL em cada período etário tiveram o risco maior baixo de MTC”. Mas, há mais boas notícias: “os adultos que foram menos ativos durante a maior parte da vida adulta, mas que aumentaram a AFL mais tarde (40-61 anos de idade) tiveram também risco inferior de MTC”. Con- clusão: “A meia-idade não é demasiado tarde para se iniciar a AFL”. O colesterol é um tema atual, per- manente e que todos perguntam e discutem. Por outro lado, o ovo é um excelente alimento e consumido de modo frequente. Mas será saudável comer muitos ovos devido ao seu teor em colesterol, sendo um dos principais fornecedores de colesterol? A gema de um ovo grande (± 50gr) tem cerca de 186mg de colesterol. Este estudo pretendeu averiguar “as associações entre o colesterol da dieta e o consumo de ovos e a incidência com a doença cardiovascular (DCV) e a mortalidade por todas as causas (MTC)”. O estudo envolveu 29615 sujeitos, 51.6±13.5 anos de idade, 44,9% eram homens e 31,1% de raça negra. No período de seguimento médio de 17,5 anos (máximo = 31,3 anos) houve 5400 eventos de DCV e 6132 MTC. Os auto- res constataram que cada consumo adicional de 300mg de colesterol na dieta por dia esteve significativamente associado a risco superior de evento de DCV (HR ajustado – 1,17) e de MTC (HR ajustado – 1,18). Também o consumo por dia adicional de cada meio ovo revelou a mesma tendência signifi- cativa (HR ajustado de 1,06 e 1,08, respetivamente para DCV e MTC). Nas conclusões, os autores referem que “entre os cidadãos americanos, o con- sumo superior de colesterol da dieta ou de ovos esteve significativamente associado a risco superior de DCV e a MTC numa relação dose-resposta. Estes resultados devem ser considera- dos na elaboração de novas diretrizes e atualizações”. Lin Yang et al. Trends in Sedentary Behavior Among the US Population, 2001-2016. Abril 2019; 321(16):1587-1597. mulheres) e verificou-se que a preva- lência de ver televisão/vídeos mais de 2 h/dia, em 2015-16 variou entre 59 e 65%, e entre 2001 e 2016 diminuiu nas crianças ao longo do tempo, estabi- lizou nos adolescentes e adultos (20 aos 64 anos de idade), e aumentou nos idosos (+ de 65 anos). A utilização do computador fora da escola, mais que 1h/dia, também aumentou neste período em todas as faixas etárias (29 para 50% nos adultos). A grande Neste estudo pretendeu-se estudar os níveis e as alterações no compor- tamento sedentário na população americana, entre 2001 e 2016. O estudo transversal incluiu 51896 pessoas (média de idades = 37,2±0,19; 10359 crianças e 9639 adolescentes; 50% Andrea Z. LaCroix et al. Association of Light Physical Activity Measured by Accelerometry and Incidence of Coronary Heart Disease and Cardiovascular Disease in Older Women. JAMA Netw Open. 2019;2(3):e190419. doi:10.1001/ jamanetworkopen.2019.0419 A prática de exercício físico, mesmo de baixa intensidade, é aconselhada a toda a população pelos benefícios que aporta para o bem-estar e saúde individual. Mas valerá a pena aconselhar a mulher idosa a fazer exercício físico? Neste estudo (OPACH study), que decorreu entre 2012 e 2014, os autores quiseram saber se atividade física ligeira (AFL) está associada à redução do risco de doença cardiovascular (DCV) na mulher idosa. Para determinar a AF as mulheres usaram acelerómetros (GT3X+; Acti- Graph, LLC), 24h/dia, colocados na anca direita e presos por um elástico, por um período de 7 dias. Num diário aponta- vam o tempo passado na e fora da cama. Estiveram envolvidas 5861 mulheres (78,5±6,7 anos de idade; 33,5% raça negra; 17,6% hispânicas) e regista- ram-se 143 eventos de doença coronária (DC) e 570 de DCV. O tempo médio diário de AFL variou ente 0,6 e 10,3 horas, onde as mulheres no quartil mais baixo tiveram menos de 3,9h/dia e as no quartil mais alto tiveram mais de 5.6h/ dia. O hazard-ratio para a DCV nos quartis mais elevado vs o menos elevado de AFL foi de 0,63 (p<0,001), ajustado para a idade e raça, e para a DC = 0,42. Com estes resultados os autores concluíram que “todo o movimento conta para a prevenção da DCV e da DC na mulher idosa”, havendo necessidade de “testar se aumentos adicionais de AFL nas mulheres idosas diminui ainda mais o risco de DCV”. Fica a faltar, agora, passarmos esta mensagem às nossas velhinhas. preocupação vem do tempo estimado sentado, entre 2007 e 2016: nos ado- lescentes de 7.0 para 8.2 h/d e de 5.5 para 6.4 h/d nos adultos. Estes dados são preocupantes, certamente repli- cáveis em Portugal, pois sabe-se que a permanência demorada na posi- ção de sentado, quase sempre a ver televisão, tem estado associada com risco aumentado de várias doenças e a mortalidade, por todas as causas e por doenças cardiovasculares. Revista de Medicina Desportiva informa maio 2019 · 15