Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2018 | Page 30

Tendo em conta o que já foi referido sobre as alterações biome- cânicas, em lesões de alta energia é de capital importância fazer um despiste da ocorrência de lesão neurovascular e pesquisar lesões de outros estabilizadores que quando negligenciadas condenam o sucesso do tratamento. Semiologia na resposta a estímulos e no con- trolo propriocetivo. Biomecânica É o estabilizador primário da trans- lação posterior da tíbia e a evidência em modelos biomecânicos sugere que a magnitude da instabilidade está correlacionada com a magni- tude da lesão. 6,7,20 Tem também um papel secundário no controlo da rotação entre os 0-120° de flexão e na resistência às forças em varo ou valgo, embora os principais estabilizadores sejam as estrutu- ras do canto póstero-lateral (CPL) e póstero-medial (CPM). 21,22 No caso de lesão das estruturas estabiliza- doras laterais e mediais, o LCA e LCP tornam-se os principais estabi- lizadores rotacionais, o que conduz a uma carga excessiva sobre estas estruturas. Por outro lado, lesões crónicas não tratadas do LCP ou do LCA podem provocar atenuação dos restantes estabilizadores do joelho. 28 maio 2018 www.revdesportiva.pt Desta forma, há que ter presente que a normal biomecânica do joelho resulta de uma sinergia entre as estruturas estabilizadores estáticas e dinâmicas e que a rutura do LCP terá reflexo na cinemática do joelho, provocando subluxação posterior da tíbia com aumento das forças de contacto no compartimento medial e patelofemoral, e ativação de mecanismos compensatórios na marcha. 5,6,22 Epidemiologia e patogénese A rutura ocorre em 5-20% de todas as lesões ligamentares do joelho e raramente ocorre de forma isolada, estando associada em 79% a lesões do CPL. 5-7 Surge por: • trauma desportivo: mais comum com a queda com joelho em flexão e pé apoiado ou em movimento de hiperextensão; • acidentes de viação (