Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2018 | Page 26

a inflamação da apofisíte tende a ter um percurso mais indolente . Uma avaliação por meios complementares de diagnóstico ( dirigido e comparativo contralateral ) poderá ser necessário . 3 A maioria destas patologias pode ser diagnosticada com estudo radiográfico , que deverá ser usado como rotina em casos de suspeição de avulsão ou dor prolongada no membro após lesão aguda . O estudo ecográfico apresenta também elevado interesse diagnóstico . O papel da TC e da ressonância magnética não está tão bem definido em lesões agudas , no entanto alguns pacientes podem ser submetidos a este estudo como avaliação do episódio de trauma . 4 Por último , não esquecer a cintigrafia , que apresenta uma elevada sensibilidade na deteção de lesões ósseas e possibilidade de realizar estudos do corpo inteiro . Resumidamente , diremos que o tratamento pode ser conservador ( opção mais frequente ) ou cirúrgico ( afastamento superior a 2cm ou falência de tratamento conservador ). 5 Numa fase inicial deverá ser feito o controlo sintomático , com repouso desportivo e descarga axial , seguido de uma fase de reabilitação e reeducação muscular e , por último , a fase de retoma desportiva , com introdução do gesto desportivo progressivamente . O tempo aconselhado de retoma à atividade em casos de avulsão é de 6 meses , devendo ser mantida uma vigilância radiológica regular durante dois anos .
Bibliografia
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Prof . Doutor João Espregueira-Mendes . Ortopedia , Porto .
A rotura do LCA em crianças . Quando operar ?
O tratamento das lesões do ligamento cruzado anterior continua sendo um desafio ao cirurgião ortopédico , uma vez que , independentemente do sucesso do procedimento cirúrgico , os resultados finais continuam sendo considerados insatisfatórios . Uma incidência de 15 % de re-rotura é observada , podendo este valor chegar a 22 % em pacientes jovens ( abaixo de 25 anos ). Além disso , a ligamentoplastia do cruzado anterior ainda resulta num joelho com cinemática anormal e a osteoartrose ainda é um desfecho frequentemente encontrado . Nos últimos anos ( 2007-2011 ), foi observado um aumento significativo das lesões traumáticas do ligamento cruzado anterior (+ 19 %), assim como no número de reconstruções cirúrgicas deste ligamento (+ 28 %) em indivíduos esqueleticamente imaturos . A causa para o aumento da incidência de roturas deste ligamento é multifatorial , sendo principalmente o maior número de crianças participantes em desportos de alto rendimento e em faixas etárias cada vez menores . Os fatores de risco devem sempre ser analisados e levados em consideração durante a avaliação de um atleta esqueleticamente imaturo . As indicações e as técnicas cirúrgicas utilizadas neste grupo de pacientes devem ser individualizadas , uma vez que estes pacientes possuem características anatómicas particulares , não apenas no que diz respeito ao ligamento cruzado anterior em si , como também em relação a placa fisária e ao potencial de crescimento . A decisão quanto as indicações do tratamento conservador ou cirúrgico ainda são controversas . Observa-se na literatura uma tendência ao tratamento cirúrgico , uma vez que resultados relativos ao tratamento conservador demonstram 33,7 vezes mais instabilidade clínica e 12 vezes mais incidência de lesão do menisco interno . Na decisão do tipo de tratamento a
ser instituído , o diagnóstico correto é o primeiro desafio a ser ultrapassado e não é sempre tão facilmente realizado . O exame físico muitas vezes é suficiente para o diagnóstico , porém a laxidão ligamentar existente em pacientes nesta faixa etária pode trazer-nos confusão . A bilateralidade no exame físico deve sempre ser testada e dispositivos auxiliares , como o Porto Knee Testing Device ( PKTD ) podem ser preciosos no diagnóstico preciso da lesão . As técnicas cirúrgicas são variadas e a decisão deve levar em consideração o potencial de crescimento da criança , observado pela idade do paciente e classificação de Tanner . Os pacientes esqueleticamente mais imaturos , técnicas com fixação epifisárias e extra-fisárias são preferíveis . Pacientes com pouco potencial de crescimento podem ser tratados cirurgicamente como adultos , porém singularidades quanto à técnica devem ser respeitadas , como a utilização de enxertos de tendões flexores ( grácil e semitendinoso ) e túneis realizados de forma mais perpendicular possível à placa fisária . Porém , independentemente das técnicas cirúrgicas utilizadas , discrepância de crescimento dos membros e desvios no eixo axial ( varo ou valgo ) podem ser observados e a sua causa ainda não está bem compreendida . Devido à alta incidência de falha com re-rotura do enxerto , o reforço com tenodese extra-articular deve ser considerado . Após os 13 anos de idade , quanto mais jovem o paciente , maior o risco de rotura . Paciente e familiares devem sempre ter em mente que o objetivo principal do tratamento é a preservação articular a longo prazo e não o regresso ao desporto . Este fator deve ser considerado secundário e as expetativas devem ser realistas quanto aos resultados funcionais .
Dr . Henrique Jones . Ortopedia , Setúbal
Lesão meniscal . Que fazer ?
O menisco é responsável pela transmissão de cargas , absorção de choques , redução do stress articular , estabilização e lubrificação
24 maio 2018 www . revdesportiva . pt