Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2018 | Page 21
compatíveis com fratura (figura 2).
Para confirmação do diagnóstico
e exclusão de complicações asso-
ciadas, realizou tomografia com-
putorizada (TC), com reconstrução
3D da grade costal esquerda, que
confirmou fratura da sétima carti-
lagem costal, sem lesão de órgãos
intratorácicos ou intra-abdominais
(figura 3).
Como tratamento, fez controlo
sintomático com repouso e medi-
cação analgésica durante quatro
dias. Ao quinto dia após lesão
iniciou plano de exercício aeróbio,
incluindo bicicleta e corrida de baixa
intensidade. Nesta fase, iniciou
também exercícios de expansibili-
dade torácica e abertura dos arcos
costais, reeducação motora, cor-
reção do ritmo escapulotorácico e
fortalecimento muscular. O plano
de exercício foi progressivo, com
aumento na intensidade e comple-
xidade do treino aeróbio, de força e
de agilidade. Ao 10.º dia após a lesão
integrou, de forma condicionada,
o treino com a equipa, evitando
exercícios de contacto. Ao 17º dia
integrou o treino sem limitações,
com tapping de proteção no local da
lesão. O retorno à competição acon-
teceu 22 dias após a lesão inicial, ao
mesmo nível competitivo. A progres-
são no plano de reabilitação ocor-
reu sem agravamento das queixas
álgicas e sem complicações.
Caso Clínico 2
Atleta do sexo masculino, 21 anos
de idade, 1,68m de altura e 68kg de
peso, jogador profissional de futebol
(médio centro). Sem antecedentes
patológicos de relevo. Teve episódio
de traumatismo direto na região
torácica anterior esquerda por
impacto do cotovelo de um colega,
em disputa de bola aérea durante
treino de futebol. Na avaliação ini-
cial, no campo de treino, apresentava
dor localizada na região do trauma-
tismo, com agravamento à palpação,
compressão torácica, inspiração
profunda e tosse. Por apresentar
incapacidade funcional, foi retirado
do treino para posterior avaliação.
Não apresentava sinais de difi-
culdade respiratória, a auscultação
pulmonar não detetou alterações e a
saturação periférica de O 2 era igual a
99%. Pela suspeita de fratura de arco
costal foi transportado a clínica pri-
vada de imagiologia, onde realizou
radiografia da grade costal esquerda
(incidência de face e oblíqua), a
qual não mostrou lesões agudas na
análise por radiologista experiente
(figura 4). De forma complementar,
realizou ecografia musculosquelé-
tica (ecógrafo GE Healthcare LOGIQ
E7 com sonda linear multifrequência
6-15MHz – ML6-15), que mostrou
descontinuidade e desvio da cortical
da segunda costela, com hematoma
associado, em relação com a zona
álgica, achados compatíveis com
fratura (figuras 5 e 6). A avaliação
ecográfica complementada com
estudo Doppler colorido, permitiu
ainda excluir complicações do feixe
vascular subclávio.
O plano de tratamento foi seme-
lhante ao caso anterior, com retorno
à competição no mesmo nível com-
petitivo em 32 dias.
Discussão
Figura 5 – Ecografia
segunda costela
Figura 4 – Radiografia
grade costal esquerda
Figura 6 – Ecografia
segunda costela
As fraturas de costelas são as
lesões mais frequentemente
encontradas (25%) 8-10 como
consequência de traumatismo
torácico e são, também, o tipo
de lesão mais comum nas
costelas (67%). 8 Estas lesões
podem acontecer na parte
óssea ou na parte cartilagínea
(junção costocondral, junção
costoesternal ou no corpo
da cartilagem) do arco cos-
tal. 4,5 Estas lesões são pouco
frequentes no futebol. 6,11 No
UEFA Elite Club Injury Study
Report 2016/17, as lesões da
região dorsal, esterno e costelas
correspondem apenas a 1,2% do
total. 11 Neste desporto, os traumas
torácicos diretos podem ocorrer
de diversas formas, como é exem-
plo o traumatismo com o cotovelo
na abordagem a uma bola aérea 6
– mecanismo de lesão nos casos
descritos. Estas lesões causam
frequentemente dor forte no local
do impacto, com necessidade de
assistência médica e retirada do
campo de jogo, pelo menos tempo-
rariamente. 6 Na abordagem clí-
nica é importante avaliar a dor e a
incapacidade do atleta, na tentativa
de controlar as queixas e excluir
complicações possíveis. 6,8 Clini-
camente, as fraturas de costelas
manifestam-se com dor no local do
traumatismo, agravada pela inspi-
ração, tosse e palpação, 6 como nos
casos descritos.
Na suspeita de lesão de costelas,
tradicionalmente o primeiro exame
complementar de diagnóstico reali-
zado é a radiografia da grade costal
afetada. 4,5,8,12,13 No entanto, este meio
de diagnóstico não está tradicional-
mente disponível no departamento
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