Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2018 | Page 18
conclusão da revisão foi que os
tratamentos intra-articulares apre-
sentavam benefício em relação aos
orais, e que destes o HA apresentava
melhores resultados que o CS. 17
3. Plasma rico em plaquetas
Uma das principais limitações habi-
tualmente referidas nos tratamen-
tos anteriores é de que são apenas
sintomáticos, de “controlo de danos”,
com controlo da dor e da inflamação
num período determinado de tempo,
não havendo modulação sobre o
curso da doença, nem potencial para
condicionar e reverter o processo
patofisiológico que se encontra sub-
jacente. Com base nesta premissa,
nos últimos anos foram desenvolvi-
das novas intervenções com o obje-
tivo de abordar a OA do joelho sob
uma perspetiva regenerativa mais
que apenas de controlo sintomático.
O plasma rico em plaquetas (PRP)
é um produto biológico com inte-
resse na medicina regenerativa. O
PRP não é mais que plasma autólogo
com uma concentração significati-
vamente mais elevada de plaquetas
e fatores de crescimento associados,
em relação ao plasma fisiológico. A
concentração de plaquetas numa
solução de PRP habitualmente
corresponde a 4 a 6 vezes a concen-
tração base do sangue periférico do
indivíduo, sendo que alguns autores
defendem que concentrações infe-
riores ou superiores a este inter-
valo são pouco efetivas ou mesmo
deletérias, inibindo o processo de
regeneração. 18 Classicamente o PRP
é classificado em quatro categorias
de acordo com o seu conteúdo em
leucócitos e fibrina, nomeadamente
PRP puro ou pobre em leucócitos,
PRP rico em leucócitos, PRP puro
com fibrina e PRP rico em leucócitos
e fibrina. 19
Os fatores de crescimento habi-
tualmente presentes numa solução
de PRP incluem IGD-1, PDGF e TGF-b,
entre outras moléculas de interesse
anabólico e anti-inflamatório 23. Estes
fatores atuam a nível dos condróci-
tos, promovendo a síntese da matriz
extracelular da cartilagem, aumen-
tando o crescimento e migração
celular nas áreas de lesão e facili-
tando a transcrição de proteínas.
Para além deste efeito, a nível do
metabolismo articular, o PRP tam-
bém tem demonstrado eficácia no
16 maio 2018 www.revdesportiva.pt
controlo de citocinas inflamatórias,
nomeadamente NFk-B e IL-6. 20
Neste sentido, o propósito racional
para o seu uso na OA do joelho é
justificado pela libertação supra-
-fisiológica destes fatores de cresci-
mento plaquetários na cartilagem
articular com lesão, estimulando e
acelerando dessa forma a natural
cascata inflamatória e os processos
de proliferação e regeneração teci-
dulares, mediando ao mesmo tempo
a resposta anti-inflamatória. 21
A literatura publicada até à data
no que concerne à eficácia do PRP
no tratamento da OA do joelho apre-
senta uma grande variabilidade de
resultados. Alguns estudos recentes,
bem conduzidos e com bom poder
estatístico, compararam dois tipos
de intervenção na OA ligeira a mode-
rada do joelho, nomeadamente inje-
ção intra-articular de HA vs injeção
intra-articular de PRP, verificando
melhores outcomes clínicos com o
uso da terapêutica biológica. 22,23
Várias meta-análises comparando a
eficácia de injeções intra-articulares
de PRP vs placebo ou outro tipo de
terapêuticas para a OA do joelho
demonstrar